Crime! Essa é a palavra que define o que a Amazon fez em amarrar o filme "Os Aeronautas" na sua plataforma e não deixar que saísse numa gigantesca tela Imax, ou que fosse na menor sala do cinema, aquela no meio das grandes salas que quase ninguém gosta de ir, mas que ao menos traria uma bela imersão, mas não, cá tive de ver na minha pequena televisão essa maravilha de filme visual, pois a história por mais bela e interessante que possa ser, de mostrar como um dos primeiros meteorologistas conseguiu provar suas ideias sobre o clima fazendo a maior subida de balão que se tinha conhecimento, acaba simples perto de todo o maravilhoso visual que a trama consegue impressionar nas alturas, mostrando uma vastidão bela e de paz, com tudo o que costuma acontecer nas alturas (neve, hipóxia, loucura, e claro as histórias dos dois sendo contadas, afinal naquela época não havia joguinhos de celular para entreter numa viagem longa dessa!!). Ou seja, feito o desabafo do tamanho de tela, o que posso dizer é que o longa inspirado em uma história real é daqueles que nos prendem, que cativam, e que nas cenas finais fazem você perder o fôlego com tudo o que é entregue, em uma bela e maravilhosa obra de Tom Harper, com dois grandiosos atores que conseguem trazer a cena para eles, e assim o filme se faz valer a conferida.
O longa nos situa em Londres, no ano de 1862, aonde o cientista James Glaisher está prestes a realizar o grande sonho de sua vida, ao iniciar uma viagem de balão de forma a pesquisar formas de se prever a meteorologia. Sua companheira de viagem é Amelia Wren, veterana do balonismo que topou o desafio após um grande trauma em sua viagem anterior, quando seu marido faleceu. Juntos, eles enfrentam uma aventura rumo ao céus na tentativa de chegar a uma altitude inédita até então a qualquer ser humano.
O trabalho criativo que Tom Harper e Jack Thorne fizeram no roteiro é algo para se refletir e se envolver muito, pois temos cenas tão precisas de atitudes que certamente foram desenhadas para que os protagonistas entendessem o que deveriam fazer, e claro que com a ajuda do diretor não sairia nada, afinal não precisamos nem pensar duas vezes que praticamente o filme inteiro se passou dentro de uma sala verde minúscula com uma caixona não muito grande aonde os dois protagonistas andavam, e algumas cordas penduradas em cima, pois não saíram com ambos voando pelo maravilhoso céu, ou seja, quando se tem alguma base é mais fácil, mas aqui tiveram de sofrer praticamente tudo em estúdio, e ainda durante as gravações o protagonista conseguiu se machucar ficando pendurado em uma corda, ou seja, uma loucura completa. Dito isso, é fato entender que naquela época ninguém dava chance alguma para as mulheres, muito menos uma viúva balonista, aonde o marido morreu voando também, e muito menos para cientistas malucos que diziam querer prever o clima (coisa que hoje qualquer um que vai descer para a praia já consulta diversos sites de meteorologia para saber se não vai chover!), ou seja, tiveram todo o trabalho de pesquisa, e mais do que isso souberam dosar cada cena para que ela envolvesse e funcionasse, pois é quase que uma peça dialogada, com algumas memórias encenadas fora do balão, mas que acaba sendo maior ampliada dentro de tudo o que ocorre ali pela beleza cênica ao redor, e isso sem dúvida é de tirar o fôlego, e mostrou o empenho máximo dos protagonistas.
Sobre as atuações, a dupla já havia dado um show de química em "A Teoria do Tudo", e aqui voltaram a se entregar com bem mais do que olhares, trabalhando mais a personalidade e a sensibilidade para que cada um criasse suas dinâmicas e ainda auxiliasse o outro nas atitudes coerentes para que o filme fluísse, e com isso vemos ambos se doando, fazendo loucuras em cena, e até se machucando, afinal como bem sabemos cortas cortam, machucam, e dependendo do movimento torcem, como foi o caso que aconteceu com Eddie Redmayne, mas dessa forma deram um show, e acertaram em cheio. Eddie Redmayne tem um estilo bem fechado, e isso fica claro em todos os filmes que protagoniza, e aqui seu James caiu certinho na forma que costuma passar, de modo que acabamos vendo seus atos já praticamente sabendo o que vai fazer, e acabamos ficando preparados para cada movimento, mas ainda assim o jovem consegue surpreender e chamar a responsabilidade para si, e mesmo nas cenas fora do balão, ele soube ser doce e carismático, o que acaba agradando bastante também. Felicity Jones já é daquelas atiradas, que sabe pegar um papel e dar dinâmica para ele, de forma que aqui se a jovem não usou dublê (o que acho difícil), se mostrou forte e de uma coragem gigantesca para que seus atos fossem bem interpretados, e o resultado é uma Amelia imponente, cheia de atitude, e com uma precisão cênica incrível, ou seja, deu o sangue para acertar demais. Quanto aos demais, diria que chega a ser quase superficial o trabalho de todos, pois vemos uma cena aqui com Himesh Patel bem colocado, outra ali com Tom Courtenay bem envolvente e emocionado, mas nada que colocasse o olhar fora dos dois protagonistas, e assim sendo qualquer ator fazendo os demais papeis passaria tranquilamente.
Agora falar do visual é se deslumbrar com um céu maravilhoso, com borboletas voando, arco-íris em formatos lúdicos, neve, e claro todo o ambiente dentro da cesta do balão com os equipamentos do protagonista, com os figurinos arrumados, e claro cordas e mais cordas para dar a trama todo o nó que era preciso, ou seja, sabemos bem que a equipe digital teve um trabalho maravilhoso para desenvolver tudo e que foi filmado com um pano verde imenso, mas fizeram um trabalho tão bem feito que envolve demais, e o acerto é incrível de ver, mesmo que na telinha da TV (mas se fosse numa Imax certamente iríamos passar mal com a imersão!).
Enfim, é um filme muito bonito de ver, que transmite diversas sensações, que vale a conferida, mas que volto a frisar que a sensação de conferir ele em um cinema faria com que a nota fosse ainda maior, pois o ambiente conta, e a trama aqui necessitava desse fechamento mais recluso, que talvez alguns até consigam reproduzir com grandes telas e sons em suas casas (o que não foi meu caso), mas que vale ver para conhecer um pouco mais dessa formatação que acabaram entregando para um cientista. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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