O maior mérito da Netflix, tem sido para que eu conferisse longas de países e de estilos que certamente nem viriam para o interior, afinal mesmo alguns longas com nomes famosos acabam caindo nas mãos de distribuidoras que lançam em meia dúzia de cinemas nas capitais, e esquecem que no interior também tem cinema. Sendo assim hoje peguei bem no aleatório e resolvi ver uma comédia que parecia deveras estranha, mas como já vimos tantas homenagens ao cantor/ator Pedro Infante (inclusive a última bem trabalhada na animação "Viva - A Vida é Uma Festa", que não cita seu nome, mas deixa bem claro a indicação!), resolvi dar chance ao longa "Caído do Céu", que posso dizer que foi algo satisfatório, com uma pegada até leve demais que trabalhou bem a tentativa de redenção em cima de um estilo mais machista e sedutor que a fama lhe deu para poder ir para o céu conseguindo a redenção de um outro homem na Terra. Claro que esse tema já foi visto inúmeras vezes no cinema, mas aqui souberam trabalhar diretamente com um personagem tecnicamente conhecido, e usando de artifícios as canções conhecidas do cantor (aliás poderiam ter legendado elas, pois com meu espanhol fraco até entendi que algumas davam conexão com a trama, mas fazer o que!). Ou seja, é um filme simples se pararmos para analisar a fundo, mas que passa uma boa mensagem do mundo atual, e que funciona dentro do que se propões, só faltando um pouco mais de humor para rirmos mais.
O longa nos mostra que a alma de Pedro Infante voltou à Terra, só que desta vez ele ocupa o corpo de seu imitador, Pedro Guadalupe. Agora, o ídolo terá de suportar as duras tentações da vida para ficar ao lado de sua amada Raquel se quiser ir para o Céu.
É notável que a ideia do diretor e roteirista José Pepe Bojórquez foi bem amarrada, pois usando de base as canções de Pedro Infante para se inspirar, e criando uma boa relação do jovem com todas as belas mulheres mexicanas, e ousando com ideias de oposição ao tradicionalista machismo que envolveu tanto o cantor, conseguindo trabalhar suas sacadas de uma forma sutil e bem colocada, claro que abusando do atual modus operandi que tanto domina o ar feminista, mas sabendo dosar suas cenas e fazer com que o personagem caricato funcionasse, divertisse e passasse bem pela sua redenção, e para aqueles que já forem esperando um final bem tradicional, não vá com tanta sede ao pote, pois o diretor soube criar a regra, dar ela para a trama, e fechar com a mesma regra, ou seja, sem que fosse o final mais tradicional comum, e assim até acabou me agradando mais por saber fazer isso de uma forma bonita também, ou seja, quem conferir verá, e alguns irão odiar.
Quanto das atuações, o estilo que Omar Chaparro encontrou para viver o mulherengo Pedro Guadalupe e por consequência Pedro Infante é de uma desventura imensa, que cheio de olhares sedutores, jogadas bem rápidas e muita dinâmica nos trejeitos e na forma de dialogar com os demais personagens acaba saindo sempre pela tangente e agradando bastante nas cenas, de forma que o resultado acaba sendo bem interessante pelo que faz, mostrando ser um ator bem versátil de construções. Ana Claudia Talancón entregou uma Raquel meio insegura de atos, de modo que pode até parecer que a personagem esteja com um pé atrás quanto o marido, mas não foi só essa impressão estranha que acabou passando, o que parece ser mais uma falha dela do que da própria personagem em si. Stephanie Cayo entregou uma Samantha bem sensual, cheia de desenvolturas, mas fazendo o papel da tradicional desesperada por um homem, o que não combina bem com o que a trama tenta ir contrário, então poderiam ter melhorado um pouco mais isso. E quanto aos demais atores, só vale destacar mesmo a jovem Yare Santana que entrega uma Jenny bem simples, mas que consegue funcionar dentro do elo avô/neta/amiga, em uma simbologia bem colocada que talvez algum detalhe a mais chamaria mais atenção.
Visualmente o filme não tem muito o que chamar atenção, pois trabalhou elos fáceis como uma casa familiar, um restaurante, uma casa/salão, e uma feira, aonde poucos elementos cênicos tiveram algum destaque, somente pontuando claro os figurinos no melhor estilo de mariachi possível, para dar o tom do personagem, e assim, o longa funcionou.
Enfim, está longe de ser uma grande obra, faltou um pouco mais de comicidade para ser uma comédia realmente, mas teve boas sacadas, e com isso o longa ao menos não cansa, e dá para conferir numa boa. Sendo assim, até recomendo ele como algo para passar um tempo na Netflix, afinal essa semana esqueceram de estrear novos longas originais por lá, só trazendo uma tonelada de filmes que já passaram nos cinemas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...