Um filme intenso, que tem força motora pelo estilo escolhido e pelas ótimas atuações dentro de uma fotografia única bem trabalhada. Quem ler essa primeira definição que digo caber completamente dentro do filme "O Farol" até vai achar que adorei o filme, mas aí vamos aos problemas, é muita loucura para um filme só, é abstração em cima de abstração, a ilha aonde fica o farol praticamente seria quase que um purgatório puxado para o inferno aonde os personagens estão lá vivos para sofrerem um perrengue atrás do outro, além de uma lentidão tão forte que só os fortes mesmo conseguirão ver o longa inteiro sem dar uma "pescada" de olhos. Ou seja, é um filme interessantíssimo, que poderá abrir diversos vértices para discussão, mas que exageraram demais em tudo. Claro que o formato em si vai impressionar, as atuações acabam fluindo e sendo as melhores das carreiras de ambos os atores, mas passa longe de tudo o que muito se andou falando sobre ele, e diria que pouquíssimos irão se apaixonar pelo longa.
O longa nos situa no início do século XX. Thomas Wake, responsável pelo farol de uma ilha isolada, contrata o jovem Ephraim Winslow para substituir o ajudante anterior e colaborar nas tarefas diárias. No entanto, o acesso ao farol é mantido fechado ao novato, que se torna cada vez mais curioso com este espaço privado. Enquanto os dois homens se conhecem e se provocam, Ephraim fica obcecado em descobrir o que acontece naquele espaço fechado, ao mesmo tempo em que fenômenos estranhos começam a acontecer ao seu redor.
Posso felizmente falar que (ao menos na opinião desse que vos escreve!), o diretor Robert Eggers teve uma grandiosa evolução, pois ainda não consigo enxergar nada de útil no filme "A Bruxa" que muitos amaram, mas pra mim foi apenas ok, e agora a trama tem uma consistência interessante, causa uma certa tensão por não saber o que pode acontecer ali com a loucura dos dois homens completamente isolados, que ninguém vem buscar eles e tudo mais, dá para referenciar muitas ideias de mitologias marítimas, dá para brincar com a ideia de morte e pecados, dá para fluir ideias de serviços ruins, e tudo mais, que o diretor conseguiu abrir seu leque e da mesma forma que costuma não entregar sua opinião, deixar aqui algumas possibilidades mais fechadas dela, e assim o resultado embora não seja fenomenal, consegue criar um clima, e principalmente pela excelência na estética e na direção de atores, transformar seu filme em algo que nos envolve e passa algo a mais, porém, ele ainda tem a mesma falha que seu primeiro longa, a falta de uma dinâmica mais trabalhada para mudar o eixo de seu filme de exageradamente artístico para algo mais comercial (que alguns até acham ruim, mas como costumo dizer, se não vender vira cult e morre!), e aqui o filme poderia ter os dois elos facilmente.
Sobre as atuações é fácil dizer que o filme só não é pior por culpa exclusiva dos protagonistas, pois seus trejeitos, seus diálogos e tudo o que fazem em cena certamente prova que ambos tiveram aqui os seus melhores momentos da carreira, pois temos um Willem Dafoe genial de clima, completamente insano, cheio de desenvolvimentos, e principalmente levantando a bola para que Pattinson cortasse na medida, pois geralmente em filmes desse estilo, os grandes nomes não costumam dar abertura para os mais jovens, e aqui seu Thomas é perfeitamente bem colocado em cada ato, e o envolvimento que acabamos tendo pelo filme se deve completamente a ele. Robert Pattinson é um ator que já cresceu, abandonou completamente seus trejeitos ridículos que tinha no começo da carreira, e aqui parece ter muito mais idade pela maquiagem feita, e claro pela personalidade que desenvolveu para seu Ephraim, de modo que se ele fizer só metade desse estilo no seu novo "Batman" já iremos ficar bem felizes com o estilo mais sério, pois aqui deu show também.
Outro ponto positivo da trama ficou a cargo da locação e do visual criado pela equipe de arte, pois o longa possui tantos elementos cênicos importantes com significados muito maiores do que apenas são realmente que acaba sendo daqueles filmes que uma discussão cênica daria para mais de hora, pois desde o bonequinho de sereia, a lâmpada do farol, a bebida, o cesto de pegar lagosta, os penicos, a torneira, e por aí vai, de modo que tudo é muito importante reparar, e cada momento pode ser diferente para cada um dependendo de como interpretar. Sobre a fotografia em preto e branco em um quadro de 1:19:1 ou o famoso 3:4 como muitos chamam é daquelas para sentir, e certamente se o filme fosse feito de outra forma não daria o mesmo impacto, então parabéns pela escolha, e claro com isso estão sendo indicados em todos os prêmios pelo que foi feito.
Enfim, é um filme completamente diferente do que já vimos, que muitos vão odiar, outros irão amar, e por incrível que pareça dá para ficar em cima do muro, pois assim como o Coelho que vos digita aqui, gostei de muitas coisas, mas o ritmo da trama raspou a trave de me fazer dormir, e como costumo dizer se o filme não pegar pra valer, a chance dele desandar e começarmos a ver defeitos até nas plantas cenográficas é altíssimo, e aqui foi o que acabou acontecendo, pois como muitos classificaram, é certeza do longa virar um grande clássico do cinema mais para frente, mas cansa e muito com o formato extremamente abstrato. E sendo assim, recomendo ele para bem poucas pessoas, pois muitos não irão entender nada, outros irão filosofar aos montes, e assim é o cinema de arte. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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