Chega a ser chato o quanto o pessoal acaba odiando filmes envolvendo competições e longas baseados em fatos reais competitivos, pois se você sair olhando a maioria das críticas desses filmes, quase todas procuram achar mais erros do que se emocionar com a história e o feitio delas, dito isso, posso voltar a dizer o mesmo que falei do longa de ontem, que adoro ver longas franceses, e geralmente eles mais acertam do que erram, e quando acertam, a emoção vem com tudo. O que vemos em "A Chance de Fahim" é daqueles casos que mostram as diferenças de línguas, o conflito da imigração ilegal, a grande xenofobia que muitos possuem, mas também a chance de fazer o melhor por alguém, e dessa forma o longa entrega com muita simplicidade novamente um jovem enxadrista promissor tentando fugir de uma guerra física em seu país, mas tendo de enfrentar outra psicológica em outro, e com uma boa dose de envolvimento, souberam trabalhar as situações, criar os problemas, e fazer com que o filme saísse da caixinha, mesmo que com um final esperado, com algo meio de cartas marcadas, mas que vale se emocionar e ver a trama funcionar. Dito isso, posso voltar a colocar minha cabeça no travesseiro, pois como costumo falar, se vem um filme francês ruim, em seguida vem pelo menos dois bons, e um deles já surgiu.
O longa nos mostra que forçado a fugir de Bangladesh, sua terra natal, o jovem Fahim e seu pai deixam o resto da família e partem para Paris. Após a sua chegada à França, eles começam uma verdadeira maratona de obstáculos para obter asilo político. Graças ao seu talento com xadrez, Fahim conhece Sylvain, um dos melhores treinadores da França. Quando o campeonato francês começa, a ameaça de deportação pressiona Fahim e seu pai. O jovem enxadrista tem apenas uma opção para continuar no país: ser campeão.
Diria que o diretor e roteirista Pierre-François Martin-Laval não colocou o seu máximo na produção, pois embora a trama seja emocionante e bem trabalhada, ela poderia fazer o público se lavar em lágrimas, mas ainda assim ele soube dosar as cenas do jovem com seu pai, ousando mostrar bem um lado da França que muitos não veem de imigrantes jogados pelas ruas, outros sendo enganados por tradutores picaretas, e claro o coração mole de crianças que ajudam outras crianças. Ou seja, dizer que o diretor foi preciso, criando muito em cima do longa é um exagero, pois seu filme não é uma obra daquelas memoráveis, mas colocaria o filme no mesmo patamar que "Rainha de Katwe" pelo estilo, e claro pelo xadrez, e assim como aconteceu no filme da Disney, aqui a trama simples consegue emocionar também quem gostar do estilo, mostrando que o diretor ao menos foi coerente com tudo para ficar bem dosado.
Sobre as atuações, chega a ser até estranho ver Gérard Depardieu gordo, sem um ar galanteador ou com facetas estranhas na cara, de modo que seu Sylvain é duro consigo mesmo e passa esse ar fechado para todos os demais, mas de uma forma coesa ele faz como um bom professor a missão de tentar que seus alunos sejam melhores que ele, e isso fica bem bonito de imaginar ao final quando vemos que o longa foi dedicado ao professor/treinador real de Fahim, ou seja, o ator fez bem seus momentos. O jovem Assad Ahmed estreou muito bem nas telonas com seu Fahim, trabalhando de uma forma envolvente bem dosada, tendo personalidade, e principalmente mantendo olhares firmes, coisas que geralmente os novatos falham muito na tela, e dessa forma o garoto foi bem empolgante em todos seus atos. Isabelle Nanty apareceu um pouco menos com sua Mathilde, mas entregando um papel doce e pontual de ajuda, acabou se saindo bem nos momentos finais, e talvez até pudesse ter sido melhor usada na trama toda, o que não desabona em nada. E para finalizar os protagonistas, temos também o estreante Mizanur Rahaman com seu Nura, que entregou semblantes sérios e desesperados, mas que diferente do garotinho que se abriu mais para as câmeras, ele já foi menos dinâmico, e chega até incomodar seu estilo em alguns atos, mas felizmente o filme não focou tanto nele, e assim ficamos mais com suas cenas fortes funcionais. Quanto aos demais, a maioria fez participações rápidas bem colocadas que nada envolveram, mas temos de dizer que todas as crianças foram muito bem dirigidas, e acabaram chamando bem a atenção.
Visualmente o longa trabalhou bem muitos lugares diferentes dos usuais dos filmes que envolvem Paris, mostrando mais a periferia, os redutos de imigrantes seja em "hotéis" ou nas ruas, mostrou bem as competições de xadrez com toda a tensão característica, e até brincou com o estilo de guerra tanto física quanto psicológica de um modo "bonito" de ver, de forma que o filme entrega uma arte simples e efetiva, e mesmo não tendo grandes detalhes, o resultado funciona bem, criando tanto a emoção do jogo em si, quanto da guerra que é o xadrez e o protagonista tanto fala.
Enfim, o longa passa bem longe de ser daqueles que vamos lembrar muito dele, mas fui novamente surpreso por chegar numa sessão sem ver nenhum trailer, nem ler nada a respeito da trama, e assim como aconteceu com o filme que fiz a comparação, a trama consegue nos levar para outras perspectivas de competições, de batalhas pelo reconhecimento, e até mesmo pela sobrevivência fora do país de origem, e assim com muita emoção passada acabo dizendo que vale sim a conferida, e que muitos irão gostar do resultado final, mesmo sabendo o rumo logo de cara. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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