Se você sabe só um pouquinho da história da Arlequina sabe que insanidade é seu nome do meio, e com isso um filme dela (pois dando um tremendo spoiler, o grupo Aves de Rapina só vira grupo mesmo na última cena!) não tinha como ser menos maluco do que a protagonista. Ou seja, "Aves de Rapina - Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa" basicamente nos conta com uma edição maluca de idas e voltas para todos os lados possíveis da história, como foi a vida da maluquinha após se separar do Coringa, ao se meter com um maluco ainda mais insano, e como acabou no meio de uma briga insana junto com outras mulheres bem cheias de personalidade. Claro que o filme é bem louco, tem muita ação para ninguém reclamar, mas demora um pouco para acontecer, pois como é um filme de início de franquia, e a maioria do público não conhece nada das personagens, quem são, como viraram heroínas do dia pra noite, precisaram trabalhar muitas apresentações, e com isso o filme ficou um pouco narrado demais, e quase não atinge um ápice, mas quando chega nos finalmente vemos de tudo um pouco, e o resultado colorido, cheio de referências a outros filmes e personagens, com muitas interações acaba valendo a pena e diverte na medida, e agora é torcer para a bilheteria ser boa e a DC/Warner conseguir finalmente uma sequência de atos decente, pois encaixar todos os seus filmes numa linha está cada dia mais difícil.
O longa é um conto distorcido narrado por Harley, como só ela poderia contar. Quando o mais terrível e narcisista vilão de Gotham, Roman Sionis, e seu braço direito, Zsasz, começam a cassar uma jovem chamada Cass, a cidade é virada de cabeça para baixo em busca da garota. Os caminhos de Arlequina, Caçadora, Canário Negro e Renee Montoya se encontram e o quarteto improvável não tem escolha a não ser se unir para derrubar Roman.
Diria que o risco de um filme do porte desse ter caído nas mãos de uma diretora praticamente iniciante em longas foi altíssimo, pois até temos um filme muito bem feito, com uma montagem insana de cenas indo em caminhos completamente diferentes no início, para explicar um pouco cada momento sem ir numa linha mais direta, mas como é um projeto digamos novo, apesar de nas HQs já ser algo consolidado, a diretora Cathy Yan foi digamos ousada, pois pegou o roteiro de Christina Hodson e brincou bastante com as personalidades das protagonistas, colocou força visual nas lutas, não se limitou a deixar o filme bonitinho e jogou sangue para todos os lados, e com isso o filme ficou forte e bem feito. Porém, acredito que nas mãos de uma diretora (já que a produtora Margot Robbie queria um filme praticamente todo feito somente por mulheres!) mais experiente o resultado seria ainda melhor, pois seria mostrado toda a história, teríamos todas as insanidades, poderíamos até ter toda a bagunça temporal, mas o filme teria uma concisão maior, uma abertura melhor para as demais personagens, e principalmente não precisaria ter tanta narração (o que já disse ser uma fraqueza para diretores que não sabem resolver tudo na tela!), mas felizmente o resultado final flui, então vamos dizer que Yan foi bem no que fez, e quem sabe possa melhorar ainda mais numa continuação.
Falar do elenco é algo bem interessante, pois as jovens garotas souberam dominar bem a tela, mas algumas faltas são notáveis, como aonde está o Batman no meio de toda essa confusão rolando em Gotham? Ok, Arlequina se separou do Coringa, mas certamente ele também estaria disposto a conseguir o tal diamante com informações impactantes, ou seja, a trama quis focar tanto nas atrizes que esqueceu alguns panos abertos da cidade fictícia. Dito isso, Margot Robbie tem carisma para dar e vender, todo filme que entra a atriz sabe estampar sua imagem e encontrar formatos para chamar a atenção, e aqui sua Harley é ainda mais maluca que a que vimos em tantos outros longas da DC, sejam eles de atores ou animações, de modo que queremos muito ver mais dela, ver ela batendo no Batman, vendo ela destruindo tudo com o Esquadrão Suicida, e principalmente o que ela vai aprontar após o final desse filme, pois mais do que uma ótima atriz, ela conseguiu fazer seu personagem ficar ainda mais icônico do que já era. Outra que fez bem seu papel e merecia uma participação mais forte foi Jurnee Smolett-Bell que nunca tinha visto em outros filmes e fez sua Canário Negro com personalidade, cheia de marra, e que pode chamar mais atenção num filme seu, ou mais pra frente sem precisarem tanto de apresentações, pois ela foi coerente em tudo, até ter o seu grande momento em cena, que aí arrepiou de ver. Mary Elizabeth Winstead é quase daqueles personagens que surgem do nada, fazem o que tem de fazer, e depois acabam parecendo importantes com sua Caçadora, ou Assassina da Besta, pois conhecemos bem sua história pelo filme em diversos atos repetidos, e a jovem atriz foi bem de caras e bocas, mas sem nada muito a fundo. Rosie Perez entregou sua Montoya de uma forma meio que jogada demais, pois é quase uma policial renegada, que não se joga de cara, mas que talvez até tenha uma grande participação mais para frente, o que foi uma pena, pois a atriz é boa. A jovem Ella Jay Basco fez bem sua Cassandra Cain, brincando muito com estilos, roubando muito em cena, e fazendo caras e bocas para cada momento, de modo que seu resultado final não é dos melhores, mas agrada bem. Agora quanto dos vilões, diria que tanto Ewan McGregor com seu Roman Sionis, quanto Chris Messina com seu Zsasz exageraram demais em trejeitos e floreios, de modo que não os vemos impactantes, mas sim como daqueles que até tentam chamar a atenção com suas maldades, mas ficam sem muito o que mostrar de onde vieram, e assim o resultado deles ficam mornos demais para um filme forte.
Quanto do conceito visual da produção, é praticamente um daqueles filmes que quem gostar de caçar referências, easter-eggs, símbolos e tudo mais de outras produções vai ter um prato cheio, pois com uma produção colorida, uma Gotham bem bagunçada e dominada por máfias, muitas perseguições, e claro todo o acervo de armas e loucuras de Harley, o resultado acaba sendo uma festa completa com figurinos brilhantes, explosões de purpurina, gases coloridos e tudo mais para algo diferente e bacana de ver, mostrando que a equipe de arte teve um bom trabalho de pesquisa nas HQs, e que junto do roteiro acabaram enfeitando tudo para que cada momento fosse marcante. No caso da hiena poderiam ter usado mais ela, mas acredito que a computação que ficou estranha em poucas cenas, acabaria mais atrapalhando do que ajudando.
Enfim, volto a frisar que é um filme bem maluco, que conseguirá agradar quem for ao cinema disposto a ver exatamente isso: uma história de origem, cheia de apresentações, e que vai entregar muita ação e cores, então se você for querendo ver isso sairá satisfeito, mas se for esperando qualquer outra coisa a decepção pode vir direta no peito. Claro que recomendo o longa, e até esperava um pouco mais de ligações com outros filmes, mas como estamos acostumados já com os longas da DC/Warner quase sem conexões, o jeito é ir vendo e costurando sozinhos depois, pois eles não vão fazer isso por nós. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, agradecendo claro o pessoal da Difusora FM por ter conseguido trazer a pré para o interior, e volto em breve com mais textos.
PS: O longa tem uma pequena fala pós-crédito, mas é tão útil quanto o famoso "paciência" de "Homem-Aranha: De Volta ao Lar" e quem ficar na sala com certeza irá ficar bravo.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...