Sabe aqueles filmes que você fica tão incomodado durante a exibição que não sabe se quer terminar logo para saber o final ou se vai desistir de ir até o final? Certamente muitos irão colocar o longa da Netflix "Joias Brutas" nessa lista, pois o filme irritante, com uma musiquinha tocando meio que sem nexo do começo ao fim, com burradas em cima de burradas por parte do protagonista, com loucuras em cima de loucuras acontecendo, e com situações tão incômodas que vamos surtando com tudo o que ocorre, e quando achamos que vai rolar realmente algo bom, pá, o filme acaba da forma mais absurda possível, que até era de se esperar por todo o andamento, mas meuuuuuuu ninguém queria daquela forma! Ou seja, é um filme com uma ideia maluca, aonde a Adam Sandler está incrível (acho que nem ele sabia que atuava de uma maneira tão icônica!), mas que certamente poderia ter ido muito além, principalmente sem cansar e irritar tanto durante toda a execução, e sendo assim, ainda estou em dúvida se gostei ou odiei o filme.
O longa nos situa em Nova York, na primavera de 2012. Howard Ratner (Adam Sandler) é o dono de uma loja de joias, que está repleto de dívidas. Sua grande chance em quitar a situação é através da venda de uma pedra não lapidada enviada diretamente da Etiópia, cheia de minerais preciosos. Inicialmente Howard a oferece ao astro da NBA Kevin Garnett, um de seus clientes assíduos, mas depois resolve que conseguirá faturar mais caso ela vá a leilão. Para tanto, precisa driblar seus cobradores e a própria confusão que cria a partir de suas constantes mudanças.
Diria que o estilo insano da proposta é bem a cara dos diretores Benny e Josh Safdie, pois isso já foi visto em outros longas seus, mas aqui tudo parece tão desesperador, e o protagonista tem tanta energia em seu desespero que acaba contagiando o público, de modo que vemos a câmera desesperada também, o ambiente cheio de situações e tudo mais num âmbito tão maluco que nada parece dar certo para o pobre protagonista salafrário, de forma que sua cena forte aonde praticamente chora para falar que tudo vai mal é daquelas que certamente mereceriam aparecer no telão de uma premiação. Ou seja, o longa é uma composição insana dos diretores, em cima de um texto bizarro para não dizer outra palavra, que encontrou um ator preciso para o momento certo, resultando em um filme que não vai ter aquele que ficará em cima do muro, pois ou as pessoas irão ver até o fim esperando algo a mais e irão se irritar (ou amar o final!), ou irão parar o filme bem antes do final desistindo de tudo. Sendo assim, o resultado da trama é intrigante e muito bem feito, mas que poderia ser feito de inúmeras formas, e escolheram a mais louca de todas.
Sinceramente nem sei se o filme tem outros atores, pois é quase impossível tirar os olhos de Adam Sandler com seu Howard fazendo todas as maluquices possíveis para conseguir dinheiro, desde vender coisas falsas até repassar mercadorias de um agenciador para o outro a juros, além claro das diversas apostas ambiciosíssimas e malucas, de modo que o ator conseguiu passar toda essa insanidade com olhares amplos, com virtudes incríveis nos trejeitos, e tendo algumas cenas chaves para marcar ele acabou entregando algo a mais que muitos nem acreditavam que ele poderia fazer, ou seja, trabalhou a dramaticidade com impacto, sem deixar seu ar cômico de lado através dos trejeitos de trambiqueiro de primeira linha, dando um show em cena. Quanto aos demais, a maioria nem merece destaque, mas temos de pontuar alguns momentos bem malucos dos cobradores do protagonista com seu Arno vivido por Eric Bogosian cheio de estilo, e a insanidade vivida por Keith William Richards com seu Phil, além claro das duas participações icônicas da lenda do basquete Kevin Garnett, e do músico The Weeknd. Quanto das mulheres da trama, nem Idina Menzel cantou "Let It Go" suficiente para sua Dinah ser interessante, nem Julia Fox foi sensual suficiente para parecer uma amante ideal, e assim ficaram bem em segundo plano.
O conceito visual da trama assim como todo o filme é bem insano e cheio de espaços icônicos, como a loja do protagonista com uma porta que não funciona direito, mas que com aquele tradicional jeitinho funciona, temos uma mansão com uma família harmônica de fachada, temos o apartamento requintado para a amante, e claro temos leilões, jogos de basquete, cassinos e tudo mais que um filme desse porte envolvendo jogos necessita, além de uma reunião da família judia com suas tradições, ou seja, a equipe de arte precisou trabalhar bastante para mostrar tudo o que os diretores desejavam, e o resultado funciona, além claro da pedra brilhante cheia de misticismo, que no começo já entrega problemas para quem tenta pegar ela, e mostra que a última ponta sofre bastante com o que ganha.
Enfim é um filme bem interessante e inteligente, que irrita bastante com a trilha sonora extremamente cansativa de fundo (que nem quis gastar um parágrafo para falar dela!), e que deixará você certamente desesperado com os momentos finais, além do miolo também ser bem insano, ou seja, é um filme que vale a recomendação de conferida, mas vá preparado para xingar muito, e até para pensar em fugir no miolo meio que estranho demais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com o texto de uma pré bem esperada desse ano, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...