Diria que a proposta do longa da Netflix, "De Quem é a Culpa?" é das mais honrosas e possíveis para a época que foi feito, e ainda é, embora as acusações do #MeToo tenham sumido da mídia uma vez que o coronavirus dominou a televisão, porém faltou atitude e ideias de desenvolvimento melhores para a diretora que acabou transformando a trama numa novelona imensa sem rumos, que ao final já nem sabíamos quem a garota estava pensando em defender. Claro que a trama toda foi bem gerenciada, mas faltou um pouco mais de síntese policial para a trama, e mostrar mais do que foi falado nos escritos finais, pois aí sim veríamos uma pontuação imponente em cima dos casos de abusos, e não toda a bagunça feita pelo longa. Longe de ser algo ruim, a falha maior foi ao final, mas o filme todo é possível de assistir e se intrigar com tudo.
O longa nos conta que quando um galã da faculdade é acusado de estupro por um estudante menos popular, sua namorada navega por várias versões da história em busca da verdade.
A diretora Ruchi Narain trabalhou com uma perspectiva direta em cima das várias acusações que rolaram na explosão da campanha #MeToo, e que na Índia a maioria dos casos foram ocultados, liberados e tudo mais, e isso é algo que precisa realmente ser discutido, merecia mais mídia e tudo mais em cima da ideia, porém ela quis mexer com concurso de bandas, composições musicais afetivas, política, e tudo mais em um único longa, de forma que até possa combinar, porém o longa fica preso na maioria dos momentos nos depoimentos, nas tentativas do advogado da defesa em descobrir os motivos, e tudo mais, que quando ocorre a grande reviravolta já é a cena final, ou seja, o filme enrolou por quase 110 minutos, para se resolver (ou melhor tentar resolver) nos 9 finais, e isso é uma falha gravíssima que não agrada de forma alguma.
Quanto das atuações, diria que tirando a protagonista e o advogado investigativo, todos os demais foram extremamente artificiais em suas atuações, o que pesou e muito no desenvolvimento do filme, pois ficou parecendo que contrataram uma bandinha qualquer com alguns garotos para beber e se drogar, os adultos pareciam sem rumo e nada sabiam sobre os casos, e por aí vai, então nem vou dar o trabalho de falar individual desses, inclusive do acusado que só teve o ar de galã, e nada de atitude do estilo. Agora falando de quem vale a pena, o advogado de defesa, que mais parecia de acusação vivido por Taher Shabbir foi bem colocado, cheio de olhares, com boas cenas em diversos momentos, o que acabou sendo um grato acerto para o filme. E Kiara Advani manteve a postura do começo ao fim com sua Nanki, brincando bem com olhares dispersos e mostrando um pouco de loucura que é explicada mais na cena final (sim, somente no fim!), de modo que até ficamos um pouco com dúvida das insinuações dela, de alguns atos e tudo mais, mas ao menos foi bem.
O visual da trama também não foi muito ousado, ficando preso praticamente num escritório de advocacia cheia de salas de vidro, alguns depoimentos gravados, algumas aulas numa faculdade, jovens em festas e nos seus dormitórios, alguns momentos de ensaios de bandas, e nada além disso que fosse imponente de detalhes, tendo o momento de busca por provas pela garota um algo a mais na trama, mas não foi desenvolvido como poderia, e o resultado soou estranho.
Enfim, é um filme simples demais para tudo o que desejavam mostrar, e dessa forma o resultado não foi bem colocado, servindo apenas para que o tema voltasse a ser discutido, mas sem muito o que acrescentar nele. Diria que poderiam ter ido por muitos outros rumos para impressionar, mas acabaram fazendo o básico demais, que não empolga nem funciona como deveria, e o resultado é simples demais para poder indicar o longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até lá.
1 comentários:
Ai mano do céu. Tenho que concordar com sua critica maravilhosa. Apesar de que amei o filme, mas concordo com a enrolacao e a demora pra ligar os pontos e sim a Kiara e o Taher são os melhores em cena, gostei tbm da mãe do Vijay melhore olhando sua critica eu ri, porque realmente eu parecia malhação com aquela banda, a faculdade a droga e as bebidas. O advogado como vc disse parecia de acusação, mas ele disse que olhava na perspectiva da defesa da meninamenina. E
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