Em hipótese alguma podemos dizer que o longa da Netflix, "Notas de Rebeldia" é daqueles filmes memoráveis que vamos lembrar pela ótima história, pela direção primorosa, ou até mesmo por grandes atuações, muito pelo contrário, pois tem falhas em todos os elos, mas é um longa tão gostoso de conferir, com uma temática agradável e imponente sobre a dificuldade de se estudar vinhos para se tornar sommelier, ou pior master sommelier, que só de pensar em tudo que o jovem ator precisou estudar para interpretar o personagem já chega a arrepiar, porém poderiam ter focado o longa somente nisso, na dificuldade de conseguir ser um sommelier, trabalhar o ar de racismo em cima talvez fosse possível pelo fato do jovem ser negro, mas foram brincar com conversas paternas, envolver doença, trabalhar herança de trabalho com carnes, que o filme ficou um pouco deslocado demais, e assim só quem gostar muito do bate papo sobre vinhos é capaz de gostar mais do longa e se divertir com a proposta, pois do contrário é bem provável que vejam mais falhas do que pontos positivos.
A sinopse é bem simples, e nos conta que para realizar o sonho de se tornar sommelier, Elijah antes precisa lidar com as expectativas de seu pai, que espera que ele toque a churrascaria da família.
Em sua primeira experiência na cadeira de direção, Prentice Penny que já escreveu e produziu muitas séries de sucesso, até se mostrou bem seguro dos planos, conseguiu entregar boas dinâmicas e trabalhou bem seu texto para que o filme ficasse bem coerente, mostrasse bem algo que costuma acontecer muito de filhos não quererem seguir a carreira dos pais e isso gerar um conflito familiar imenso, mas o filme não será lembrado por esse motivo, pois sem dúvida o grande acerto da trama foi em trabalhar muito bem a dinâmica de vinhos, toda a carreira de estudos monstruosos que uma pessoa precisa ter para ser sommelier, tudo que precisa entender, características dos vinhos, geografia, sabores, e muito mais de uma amplitude tão forte que chega a ser quase um filme difícil de entender para quem não conhece um pouco sobre vinhos. Ou seja, é um filme interessante pela proposta, que tem o principal defeito tentar sair da área que poderia explorar melhora para ir em uma que não era tão necessária, e assim o filme ficou meio em cima do muro de aonde queriam chegar, não sendo algo ruim, mas tendo problemas demais para empolgar como deveria.
Sobre as atuações como já disse no começo tenho certeza que o protagonista Mamoudou Athie sofreu demais para decorar seu roteiro, ou possivelmente virou quase um especialista em vinhos após gravar o longa, pois são tantos nomes difíceis, tantos detalhes, tantas preparações para entender, e o jovem conseguiu entregar trejeitos bem colocados, fazer de seus momentos com um carisma incrível, e ainda assim acertar a mão nas nuances da trama, ou seja, foi muito bem, só pecando em um ou outro momento mais triste que pareceu falhar nas expressões, mas nada que estragasse tudo de bom que fez. Coutney B. Vance também foi muito bem com seu Louis, trabalhando olhares, demonstrando afeto e preocupação com o filho, mas sem sair dando pulos, e encaixando muitos olhares e destrezas com cada momento seu, fazendo com que o personagem fosse até maior do que aparentava no começo, valendo o detalhamento. Quanto aos demais, tivemos alguns bons momentos com os amigos do curso, outros bem colocados com a namorada vivida por Sasha Compere, e até a mãe vivida por Niecy Nash teve alguns atos bem interessantes, mas nada que surpreendesse ou chamasse muita atenção, valendo apenas pelas boas conexões.
A equipe de arte certamente pesquisou lojas gigantes de vinhos e escolas de sommelieres, pois criar tudo isso em um cenário seria algo do tipo impossível de custos, e ficaria falso demais, então posso dizer que as escolhas das locações foram bem primorosas e sábias para termos restaurantes bem paramentados, muitos vinhos famosos, e principalmente ótimas dinâmicas visuais, de modo que o filme em si convence por tudo que é mostrado na tela, então dessa forma dizemos que o resultado visual funcionou e foi muito bem detalhado pelos aparatos mostrados em cena.
Um ponto também bem satisfatório do longa, para quem gosta de black music ficou a cargo da trilha sonora colocada em diversos momentos, alguns até exagerados em que a trilha praticamente domina o ambiente e quase esquecemos dos diálogos ali, mas vale a conferida, e claro que deixo o link aqui para ouvirem depois.
Enfim, é um filme gostoso de conferir, que quem gosta de vinhos vai se surpreender muito com tudo o que um bom sommelier necessita saber para a profissão, mas que como filme faltou um pouco mais de atitude e de decisão por parte do diretor, pois ao quebrar a história nas partes com vinhos e nas partes familiares, o resultado acaba ficando meio superficial nas duas pontas, e sendo assim, muitos vão acabar nem gostando do resultado, enquanto outros certamente sairão da TV direto para comer uma costela e/ou beber um vinho, pois o longa é apetitoso nesse sentido. Sendo assim, fica a dica para uma sessão mais descontraída, sem esperar muito do longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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