Sempre tem aqueles filmes policiais de investigação que acabam sendo leves demais para a proposta da trama, criando situações até que violentas, mas que por ter um ar mais solto dentro da ideia toda acaba não fluindo como deveria. Claro que isso é um estilo, e é sempre válido, pois tem quem gosta, e o novo longa da Netflix, "Troco em Dobro" usa boas sacadas, trabalha com a forma mais jogada de Mark Wahlberg, e o resultado até soa gostoso de ver, até dando nuances de que pensaram numa continuação com a cena final, porém com toda certeza poderiam ter ido muito além, poderiam ter trabalhado uma dinâmica mais envolvente, e até ter usado menos cenas clichês, pois tudo é amarrado quase que desenhado para crianças de 10 anos entenderem, e basicamente pela violência do filme a trama é para mais de 16 anos, ou seja, poderiam ser menos diretos que agradariam mais. Porém se olharmos mais a fundo conseguimos ver que a ideia era bem essa, de algo leve, como os longas policiais de antigamente, que tinham toda uma investigação, alguns tiros errados que nunca acertavam ninguém, algumas cenas de ação espalhadas, e aqui vemos exatamente essa cartilha, ou seja, quem gostava de ver esses filmes acabará se divertindo com o longa, e assim sendo vale como um bom passatempo.
O longa nos conta que o ex-policial Spenser retorna ao submundo do crime de Boston quando descobre a conspiração por trás de um assassinato midiático. Apesar das ameaças constantes, Spenser decide fazer justiça com as próprias mãos para provar que ninguém está acima da lei.
Vários diretores tem seus atores prediletos, e em quase todos os últimos filmes de Peter Berg tem Mark Wahlberg, e aqui a parceria é daquelas que vemos como um ator acaba sabendo exatamente o movimento que o diretor deseja ao ponto de nem notarmos movimentações de câmeras e de personificações, de modo que o filme flui muito bem, desenvolve cada um dos personagens, vemos as atitudes acontecerem, só ficando faltando um pouco mais de ação, de explosões, e claro de veracidade, pois praticamente temos um filme só com policiais e lutadores, e o que erram de tiro é algo incrível de ver, de forma que praticamente ninguém morre de tiro, preferindo cair por socos e facadas, ou seja, o diretor quis algo mais leve, mas ao mesmo tempo ousou em algumas loucuras cênicas, e por gastar tanto tempo desenvolvendo os personagens, ao final já vemos sua ideia de transformar o personagem em um detetive de série, e assim sendo, o resultado funciona e iremos aguardar o que virá pela frente na parceria.
Sobre as atuações é bem bacana ver toda a desenvoltura do protagonista e a química entre todos os personagens, pois vemos Mark Wahlberg cheio de olhares com seu Spenser, trabalhando toda a interação de seu personagem, para na sequência vermos com fluidez todas as dinâmicas de socos e lutas que faz de uma forma bem certeira, o que agrada, e até passa uma verdade cênica, ou seja, foi bem, mas fez muito do que é costumeiro ver ele fazendo, ou seja, praticamente vemos ele sem ser um personagem. Winston Duke trabalhou um pouco de lado com seu Falcão, mas sempre encaixado momentos marcantes para a trama, e olhares diretos ao ponto, o que acaba agradando bastante em todos os seus momentos. Alan Arkin é daqueles atores que tem estilo para tudo, e aqui seu Henry, um treinador de lutas é cheio de sacadas cômicas, com muitos trejeitos marcados, e o resultado para o filme é um luxo só de ver. Quanto aos demais, a maioria soou bem exagerada de trejeitos, fazendo personagens com ares estranhos, e forçando bastante a barra, de modo que alguns chegam até incomodar como o caso da namorada do protagonista vivida por Iliza Shlesinger, que felizmente até aparece pouco, senão o resultado poderia ser bem pior, e quanto dos antagonistas, todos soaram forçados demais para envolver, de modo que nem Bokeem Woodbine conseguiu ir além do que poderia fazer, e acabou soando estranho de ver.
No conceito cênico a trama teve cenas bem bonitas, com locações amplas, mostrando bares de policiais cheios de detalhes, trabalhando bem o apartamento simples do protagonista, a casa/hotel para cachorros da namorada, as diversas academias de luta cheias de aparelhos, e até restaurantes da máfia aonde tudo é resolvido no facão, até chegar no elo marcante que é a construção de um gigante cassino num clube aonde era feito corridas de cachorros chamado Wonderland, todo bem detalhado também, mas que contém alguns erros nas cenas de ação, afinal estava fechado há anos, e os pratos cênicos estão lá limpinhos, tudo bem arrumado, ou seja, poderiam ter sujado mais a cena.
Enfim, é um filme totalmente sessão da tarde, daqueles que você passa um tempo de boa vendo ele, que está bem longe de ser perfeito, mas que também não tem tantas falhas para reclamarmos, e assim sendo vale a dica de ver ele na Netflix durante esse tempo que não poderemos frequentar os cinemas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos de filmes do streaming, então abraços e até logo mais.
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