Chega a ser interessante pensar na ideologia dessas torcidas violentas de futebol, que vão para os estádios mais para brigar do que para torcer para o time em si, que se formam em grupos, tem suas vidas nesses grupos, quase como clãs próprios, e mostrar a tentativa de mudança de vida de um deles é algo que dá filme, assim como virou no longa "Ultras" da Netflix, porém fizeram algo que ficou muito em cima do muro, de mostrar a vida violenta dos grupos, e também a desenvoltura de um líder tentando ser outro homem, e com isso o filme não se decidiu bem qual rumo iria tomar oscilando demais para agradar como um todo, ou seja, é um filme bonito visualmente e interessante pela proposta, mas talvez uma decisão mais forte do que iriam mostrar agradaria bem mais.
O longa conta a história de Sandro, líder de um violento grupo de torcedores ultras, que vê sua vida mudar drasticamente ao ser banido dos estádios. As últimas semanas do campeonato italiano são para ele marcadas pela relação com Angelo, um jovem em busca de um mestre, e com a incrível e determinada Terry, que o ajudam em sua jornada para descobrir seu lugar no mundo.
Em seu primeiro longa Francesco Lettieri mostrou uma paixão gigantesca dos italianos que é o futebol, tanto que assim como ocorre em diversos países, muitos grupos acabam se conectando e virando uma família até maior entre os torcedores do que com as próprias famílias em si, e se ele se mantivesse nessa ideia, de criar mais o ambiente em cima das loucuras dos torcedores, mostrar sim os grupos doidos que mais brigam do que torcem e tudo mais até teríamos um longa mais promissor e interessante, mas ao tentar mostrar a mudança de vida de um grande líder de um dos grupos mais extremistas de torcidas foi algo digamos exagerado de ideia, que até soou interessante de ver, mas que funcionou em alguns momentos, e em outros pareceu estar sendo forçado demais para funcionar, o que acaba não agradando como poderia. Ou seja, vemos claramente na trama o erro de quase todo primeiro filme, que é ir colocando mais ideias dentro da trama, e se perder aonde desejava chegar, para depois finalizar de uma forma que não era coerente para nenhum dos lados, mas que vai emocionar. E sendo assim, pela boa formatação que ele acabou entregando até podemos dizer que o diretor pode ter futuro, mas vai precisar antes elaborar melhor as ideias no papel, antes de sair explodindo a tela.
Sobre as atuações, tivemos momentos interessantes de Aniello Arema com seu Sandro imponente, cheio de atitudes, e olhares bem colocados em ambos os momentos, seja como líder de torcida, seja como pessoa apaixonada ou tentando ser o mentor bom do garoto, de forma que vemos ele em muitos atos se extrapolando, mas sem errar no estilo, e dando bom tom nas cenas. Já o jovem Ciro Nacca que também pode ser considerado protagonista da trama, ficou muito sem jeito na maioria das cenas, de forma que seus trejeitos entregavam preocupação com a câmera e um certo despreparo de estilo com seu Angelo, mas não chegou a falhar tanto e no final até foi razoável. Antonia Truppo entrou meio que de relance, já foi direto pra cama com o protagonista, e teve um ou outro momento para desenvolver seus diálogos, de modo que mais se mostrou do que atuou mesmo, mas ao menos fez boas cenas quentes com sua Terry. Quanto aos outros do grupo, todos se mostraram fortões, cheios de marra, com trejeitos e visuais marcantes, e chamaram bem a responsabilidade de envolver como em uma guerra, claro que tendo destaque para Simone Borrelli com seu Pechegno, para Salvatore Pelliccia com seu Barabba e Daniele Vicorito com seu Gabbiano, pois foram imponentes e criaram bons personagens dentro de tudo o que a trama pedia.
O lado visual da trama foi bem moldado pela Napoli costeira, com locações marcantes cheias de grafites interessantes nas paredes, bares temáticos de futebol, muitas motos e figurinos imponentes, além claro de muita representatividade pelos elementos alegóricos como bombas, canos, correntes e tudo mais que costuma marcar brigas de torcedores com a polícia, além claro de retratar saunas em modo antigo, banhos de lama, praias em recifes e tudo mais que pudesse simbolizar tanto o local da trama, quanto a forma de vida dos personagens. Ou seja, a equipe de arte foi bem organizada, e entregou bem seus pontos de vistas.
Enfim, é um filme que poderia simbolizar até mais se quisessem, mas que ficou muito em cima do muro de que lado queria mostrar, se era dos brigões, da família envolvida, ou do homem querendo mudar de vida, e com isso a trama fica aberta demais, sem atitude, e falha mais do que acerta, valendo uma conferida como algo semi-documental, embora logo no começo já avisem que a trama não tem nada a ver com a verdadeira torcida Ultra do Napoli, então, ficamos sem muito o que falar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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