Um bom filme de suspense precisa se manter intrigante até o final, pois do contrário se entrega muita coisa antes o resultado pode não funcionar como deveria, e até falhar totalmente. Iniciei o texto do longa da Netflix, "O Silêncio da Cidade Branca", dessa forma pois a ideia do filme é bem interessante, nos faz lembrar de grandes clássicos do estilo, porém é revelado muito cedo quem é o assassino, e mesmo que isso influencie para vermos aonde vai dar, quando é chegado o grande momento do filme já sabemos que estavam indo por um caminho errado. Ou seja, a trama prende bem, cria situações, envolve, mas certamente poderia ser ainda mais pesada, o que não chega a atrapalhar tanto, mas o filme iria para um rumo mais consistente e com certeza no final todos ficariam chocados com quem seria o assassino. Diria que é um bom exemplar de suspense espanhol, que vem acertando bastante no estilo, e com isso vamos procurar mais exemplares.
O longa nos conta que há vinte anos um homem cumpre pena por uma série de homicídios duplos que o deixou conhecido como o Assassino Do Sono. Agora ele está prestes á sair da cadeia, mas um novo crime abala a cidade: o Assassino Do Sono voltou! Mas ele não está preso? Enquanto investigam um possível imitador, a polícia se depara com novos corpos e rituais que envolvem religiosidade, história e uma série de detalhes que só a mente dos detetives consegue ligar, ou um telespectador bem atento.
O longa que é baseado no primeiro livro de uma trilogia da escritora Eva García Sáenz de Urturi talvez até tenha as continuações filmadas, mas já conseguiu seu feitio de trabalhar bem toda a situação, apresentar bem os personagens e criar a tensão num filme só, porém o diretor Daniel Calparsoro quis ir rápido demais ao ponto, entregando de cara quem era o assassino e desenvolvendo ele como um personagem além da trama, o que até poderia ter sido feito de alguma forma que não revelasse seu rosto, ficasse bem subliminar e tudo mais para que o público fosse ficando intrigado com quem será, fazendo suas apostas. Ou seja, não digo que tenha sido algo ruim de ver, pois até funciona essa forma feita, porém daria muito mais tensão e dinâmica para a trama se pensassem um pouco mais na ocultação do assassino, mas ainda assim vale o resultado final, e agora é esperar ver se vão lançar as continuações, afinal agora com essa pandemia nem dá para medir as bilheterias mundo afora, e nem saber o que farão os estúdios.
Sobre as interpretações diria que todos se doaram bastante para a trama, conseguindo convencer com olhares e estilos bem diferentes, de modo que vemos a personalidade funcionar e incorporar como deveria. Para começar temos Javier Rey entregando um Unai misterioso, cheio de envolvimento, com uma dinâmica investigativa bem colocada, e fazendo bem seus olhares para criar dúvidas, ou seja, foi muito bem em tudo, e o resultado é único: o de ficarmos observando muito os seus atos até os momentos finais. Belén Rueda também deu uma personificação bem forte para sua Alba, que por alguns momentos até ficamos em dúvida dela, de forma que a atriz conseguiu ser misteriosa e agradar bem em seus atos. Aura Garrido entregou uma agitação meio que fora do normal para sua Esti, de modo que talvez para entender melhor ela tivéssemos de ler o livro, pois sua personagem acabou meio que jogada na trama, mas a atriz ao menos se entregou bem, e o resultado acabou interessante de ver. Manolo Solo também foi bem com seu Mario, de modo que temos algumas cenas suas forçadas demais, mas no geral seu fechamento foi bem colocado e interessante de ver. E para fechar, Alex Brendemühl foi bem coeso fazendo dois personagens, cada um com uma característica diferente, mas funcionando bem tanto seu Tasio quanto seu Ignácio.
No conceito visual da trama, tivemos todas as características de um bom suspense, com cenas escuras, figurinos escuros, mas principalmente como o longa brinca com história, religião e símbolos, a trama a todo momento vinha com os corpos cobertos com flores, todas as mortes foram bem simbólicas, tivemos uma explicação interessantíssima num estilo de capela sobre Adão e Eva, cheia de pinturas bem rústicas e fortes, tivemos uma delegacia meio simples, mas efetiva, e claro bons elos montados por onde os personagens passavam, inclusive com uma perseguição muito boa no telhado de uma igreja, ou seja, a equipe de arte brincou e muito com todos os elementos possíveis, e o resultado funcionou bastante, criando tensão e até um certo arrepio com as abelhas!
Enfim, é um bom exemplar do estilo, mas que pecou um pouco por apresentar rápido demais o assassino, pois aí precisaram ficar inventando histórias secundárias e resoluções desnecessárias, que se contadas no clima de desconhecimento seriam incríveis de ver, e claro brincaria bem mais com o público que ficaria atirando no escuro para descobrir quem era, pois todos eram e tinham jeito de suspeitos. Mas ainda assim recomendo o filme para todos que gostem desse estilo investigativo, e fico por aqui por enquanto, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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