Se você assiste muitos filmes de suspense policial na Netflix, certamente o algoritmo da plataforma lhe irá sugerir o longa argentino "Desaparecida", e diria que o começo e o miolo da trama até entrega um filme bem interessante do tema, brincando com a possibilidade da moça ter morrido ou apenas sumido, porém ao resolverem fazer a quebra do clímax próximo ao final, ele acaba se tornando uma novela tão cheia de pontos bobos, com momentos que beiram a bizarrice, mas que ainda assim fazem lógica para a ideia completa. Ou seja, é um filme que tem uma pegada, uma proposta e até um ritmo bem interessante, mas que desandou no final, de modo que talvez o diretor até pensasse em algo maior como uma série ou uma sequência, mas que ao ver que não rolaria a ideia resolveu jogar tudo para o alto e o resultado falhou demais. Não digo que seja uma bomba tremenda, mas também passa bem longe de ser um filme que prenda na cadeira e ao final você esteja de queixo caído, como geralmente esperamos ficar em filmes do estilo.
A trama em si é bem simples e nos conta que uma policial, cuja amiga de infância desapareceu na Patagônia anos atrás, inicia uma nova busca para encontrar respostas e logo encontra sua própria vida em perigo.
O mais interessante de se pensar é que o diretor Alejandro Montiel sabia por onde devia pegar o público, porém ele quis ir além, e isso é uma grande sacada, porém ele abriu tanto o vértice de sua trama que acabou se perdendo um pouco em tudo, e algo que era mais tramado, quem sabe com uma investigação mais aprofundada, mais elementos acontecendo com a amiga investigando tudo ali, para daí somente ao final termos as revelações, sem precisar envolver um cartel imenso de tráfico e sacadas com personagens desnecessários, certamente resultaria em um filme tenso e bem moldado, algo que casualmente argentinos sabem fazer bem, porém aqui quase desandou para o lado das novelas mexicanas, e assim a garantia de um bom filme foi quase para o brejo, e acredito que poucos irão se envolver e gostar do resultado final, mesmo que bem amarradinho.
Dentro das atuações, posso dizer facilmente que Luisana Lopilato tem estilo, e consegue dominar bem como protagonista, de forma que sua Pipa se entrega tanto nos atos mais dialogados quanto nas cenas de ação, e embora seus olhares sejam bem dispersos, acaba agradando de certa forma. Poderiam ter usado um pouco mais Nicolás Furtado com seu Seretti, tanto que só no final ficamos sabendo seu nome mais a fundo, e o personagem poderia dar um tom mais dinâmico para a trama, mas deixaram ele bem de lado, e no final quase que quis virar par romântico, aí já ia ser apelar demais. Amaia Salamanca trabalhou bem sua Nadine/Sirena, de modo que soa misteriosa ao mesmo tempo que entrega uma mulher empoderada de estilo, mas suas cenas acabam sempre rápidas demais, não marcando tanta presença quanto poderia. Oriana Sabatini também teve alguns atos bem interessantes com sua Alina, mas acabou que a jovem sumiu tão rápido de cena, que nem pudemos explorar mais seus dotes, e certamente a investigação fluiria mais com ela. E quanto aos demais, melhor nem comentar, pois uns tentaram aparecer muito e soaram falsos, e outros ficaram sem dinâmica alguma para representar algo que valesse a pena.
A equipe de arte brincou bem com as duas épocas, trabalhando pouco o visual de 2003 com as garotas na Patagônia, e na época atual a dinâmica se concentrou na casa desorganizada da protagonista, no apartamento chique da antagonista, e em um cativeiro na volta da Patagônia, mostrando ainda o bailinho das garotas, e algumas cenas numa delegacia não muito casual, de forma que não vemos nada que seja realmente chamativo para a trama, e mesmo nos atos que destoaram como as cenas das mortes nas bananeiras, o filme sai do eixo e mostra que tentaram ir além, mas não conseguiram.
Enfim, é um filme de boa proposta, porém bagunçado demais para agradar, que até prende um pouco no começo, tem um miolo de fáceis descobertas, e um fechamento exagerado de vértices, daqueles prontinhos para abrir novos longas, mas isso tudo não funciona, e assim sendo, só quem realmente gostar de um estilo novelesco que vai acabar gostando do resultado final. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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