Filmes que envolvem escolas são sempre uma boa pegada para conhecer um pouco mais dos processos de outros países, e geralmente acabam trazendo boas lições de moral e virtudes bem encaixadas com a dramaticidade entregue, porém alguns não saem tão bem como o esperado, ou por termos visto alguns mais emocionantes do estilo acabamos esperando mais do que o comum, e quando isso ocorre o resultado não funciona tanto. Começo o texto do novo longa da Netflix, "Efeito Pigmaleão", dessa forma por talvez ter criado uma expectativa além em cima dele, mas o que posso dizer é que a trama mostra bem a vida escolar (sendo esse o nome original traduzido) na periferia, e isso entrega bem os costumes dos alunos, dos professores, e claro a tentativa da conselheira escolar em fazer com que os alunos melhorem, ou melhor, cria expectativas demais para alguns para melhorar também o seu trabalho, dando significado ao nome nacional da produção. Diria que é um longa honesto, com situações bem feitas, mas que falha por não ter nenhum momento de ápice, seguindo tudo bem linear durante um ano escolar, tendo leves momentos de oscilação, mas em geral tudo sem força suficiente para empolgar, o que resulta em uma trama bacana de ver, mas que vamos esquecer em breve.
A sinopse é bem simples e diz apenas que em uma das áreas mais pobres de Paris, uma conselheira escolar se dedica a alunos desfavorecidos e enfrenta seus próprios desafios.
Em seu segundo longa-metragem, os diretores Mehdi Idir e Grand Corps Malade trabalharam a simplicidade dos atos em si, mostrando o dia a dia de uma escola de periferia, com os diversos problemas que ocorrem, as brigas, as negociações, os desempenhos fracos e desanimados de alguns, as superações, os dramas de alguns professores que gostam do que fazem, outros não tanto, e tudo mais, de forma que eles não quiseram elaborar milagres, nem situações emocionais fora do comum, e isso é bom por um lado, porém para o lado ficcional e envolvente de uma trama, acabamos nos afeiçoando mais com o que ocorre fora das salas de aula do que com os envolvimentos ali dentro, e isso não é bom para o filme, nem para quem confere ele. Claro que alguns atos foram bem trabalhados e chamam a atenção, como o desenvolvimento do garoto principal com todos os seus problemas, o outro que acaba virando compositor e muda a aula de música, e até mesmo as dinâmicas entre os professores, porém falta atitude para que o filme marque algo a mais, e isso não é algo agradável de falar de uma produção.
Sobre as atuações, o jovem Liam Pierrom conseguiu até uma indicação ao César como jovem promissor pelo que fez com seu Yanis, e garanto que a principal determinação dos votantes foi em sua cena pós-acidente, pois ali o garoto se entregou com olhares, desespero e emoção, bem diferente das travessuras/brigas nas aulas, e assim até mostrou uma certa desenvoltura que agrade. Outra que foi determinante para que o filme funcionasse bem é Zita Hanrot, que consegue chamar bem a responsabilidade do filme funcionar para sua Samia, trabalhando cada hora com um tema mais forte que o outro, usando as dinâmicas das tramas para se envolver, e com olhares bem coerentes acabar colocando sua personagem como algo além na trama, que acaba agradando bastante, e mostra como a atriz é bem funcional. Quanto aos demais, tivemos alguns tentando puxar para o lado cômico, alguns usando um ar mais emocional para o lado estudantil, mas sem grandes destaques, e isso é algo até ruim de falar, pois num ambiente com vários estudantes e professores, só destacar os dois protagonistas é algo como falhar demais, pois não foram suficientes para segurar o longa, e assim sendo, o resultado desaba.
A equipe de arte arrumou uma boa locação, com um colégio que provavelmente foi filmado com aulas reais para ter um movimento bem dinâmico das outras salas, e de certa forma nas que colocaram alunos/atores o resultado foi até bem trabalhado, ou seja, não tivemos cenas com grandes produções, mas foram honestos com o ambiente, e criaram momentos marcantes para funcionar, deixando que a direção resolvesse tudo por ali.
Enfim, é um filme bem mediano, que até passa sua mensagem, mas que não atinge ápices suficientes para lembrarmos de ter visto ele daqui a alguns dias, o que é uma pena, pois longas dramáticos franceses costumam ser bem bons, o que não ocorreu aqui, e dessa forma acabo nem recomendando ele. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.
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