Tem muita gente que ao ver escrito baseado em fatos reais num filme de terror já gela a espinha sem nem ver o filme inteiro, e da mesma forma tem aqueles que ao ver o mesmo escrito em um drama cômico romântico francês já coloca o lençol do lado, pois sabe que vai chorar muito. Dito isso já dá para imaginar o que vai rolar ao final do filme da Netflix, "A Escalada", que mostra a incrível história de um jovem do gueto de Paris que decidiu arranjar um patrocinador e ir escalar o Monte Evereste sem nunca ter feito nenhum esporte nem nada, apenas por uma conversa com uma paixão da infância afirmar que daria chances para ele se ele escalasse o monte, ou seja, uma loucura total que conseguiram fazer tudo soar emocionante, engraçado na medida certa pelo tom leve que trabalharam, além de mostrar que as grandes amizades estão nos corações e situações mais simples de ver, como o que ocorre entre o protagonista e seu xerpa na montanha. Diria que é um filme comovente, com ótimas mensagens, que consegue trabalhar cada ato com uma desenvoltura tão bem colocada que você acaba nem vendo o tempo passar, e como costumo falar, se tem um país que sabe acertar a mão em quase 99% dos dramas cômicos é a França, então veja e delicie-se.
O longa nos mostra a seguinte frase que algum maluco certamente já falou numa cantada amorosa: "Por você, eu escalaria o Monte Everest!". Teria sido melhor se Samy tivesse ficado quieto naquele dia ... Especialmente porque Nadia realmente não acredita em sua conversa nobre. E ainda ... Por causa de seu amor por ela, Samy deixa os projetos onde vive e decide escalar os míticos 8848 metros que fazem do Everest o teto do mundo. Sua partida excita seus amigos, depois todo o bairro, e em pouco tempo toda a França, que se envolve na emoção gerada pelos feitos desse jovem rapaz comum que está apaixonado. Sua aventura é uma mensagem de esperança: cada um de nós pode inventar nosso futuro, porque tudo é possível.
Em sua estreia na direção, Ludovic Bernard, que já foi diretor de segunda unidade e assistente de direção de diversas obras famosas, conseguiu ser singelo, trabalhar na medida certa o humor e a dramaticidade, e até o romance sem pesar a mão em nenhum dos pontos, fazendo com que seu filme envolvesse a todos de uma maneira tão certeira que os 103 minutos literalmente voam, e quando vemos a trama já acabou e estamos todos emocionados e felizes com o que vimos. Ou seja, a trama poderia ser feita de inúmeras maneiras, pesando mais a dificuldade da escalada, as diversas mortes que ocorrem por ali, poderia virar uma comédia pastelão besta com um maluco querendo subir uma montanha, mas não, ele optou por mostrar a beleza de uma amizade inusitada entre um senegalês radicado na França e um xerpa, em mostrar que por amor muitos fazem loucuras, e claro ver como o povo gosta de apoiar pessoas simples em loucuras ou programas de TV/rádio, ou seja, o filme tinha tudo para dar certo, e deu, pois sem forçar a barra em momento algum, sendo simples de atitudes e de atos, sem correr com a trama nem enrolar com besteiras, podemos dizer que o diretor irá bem longe se seguir essa linha.
Sobre as atuações, é fácil notar o carisma de Ahmed Sylla, de modo que seu Samy acaba entregando cenas com olhares e trejeitos bem marcados, cheios de nuances gostosas de ver, e que mesmo nos momentos mais cansativos se doou completamente para o projeto (não sei se ele chegou a escalar realmente ou usaram um dublê, mas fez muito bem tudo como se estivesse lá mesmo), e com isso o seu resultado flui e encaixa da maneira mais coerente possível para o filme, e certamente iremos gostar de ver ele em outros filmes também. Alice Belaïdi foi bem colocada no papel de Nadia, aparecendo em cenas mais soltas, mas sabendo entregar olhares emotivos para as atitudes do rapaz, chamando atenção e acertando sem forçar. O jovem Umesh Tamang foi gigante com seu xerpa Johnny cheio de sorrisos, mostrando dinâmicas bem colocadas, e mesmo sendo sua estreia trabalhou com vivência cada ato, agradando bastante. Nicolas Wanczycki trabalhou todo o lado mais rancoroso com seu Jeff, mas ao final temos uma ótima cena sua que acaba agradando bastante, e mostrando personalidade. Os malucos da rádio Kévin Razy e Waly Dia também foram certeiros nos atos, embora bem largados com seus Ben e Max. Ou seja, todos se deram um pouco para mesmo nas cenas mais simples agradar.
Visualmente o longa é bem bonito, passa por diversas paisagens até chegar ao Monte Everest, de forma que foi filmado em uma época com bem menos neve que o usual para ter as nuances visuais melhores captadas, colocando bons momentos e elementos cênicos característicos das expedições, como mochilas enormes, apetrechos de escaladas, e tudo mais, além disso a rádio foi organizada na melhor maneira jovem possível de debates, e claro as casas dos pais e da amada foram feitos de forma bem simples para mostrar a origem deles, ou seja, um trabalho simples bem feito que acaba agradando bastante.
Enfim, é um filme que não tem nada surpreendente demais, que agrada pela simplicidade em si, e emociona ao mostrar todo o elo de superação do jovem, que sendo baseado em uma história real acaba sendo como ver uma loucura completa, afinal sabemos que para escalar esses montes gigantescos precisa de um verdadeiro treinamento de atleta, e o jovem aqui contou somente com um patrocinador e sua força de vontade, além de amigos que fez na montanha, e assim sendo o resultado acaba sendo algo bem bonito de ver, que quem gosta de filmes simples acabará bem feliz com o que verá na tela. Sendo assim, fica minha recomendação e volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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