Onze dias atrás acabei vendo na Netflix, "O Guardião Invisível" e como gostei bastante do que vi fui pesquisar um pouco e descobri que era parte de uma trilogia, e que felizmente a segunda parte iria ser lançada em breve na plataforma também, pois bem, hoje após conferir "O Legado dos Ossos" posso certamente comparar a franquia espanhola com grandes sucessos americanos como "O Código da Vinci" pelo estilo de sequências, mas como já tinha falado no primeiro longa, a trama se assemelha mais a "Seven" e "Zodíaco", e isso é um tremendo de um elogio, pois são grandes filmes de suspense investigativo. Dito isso, a segunda parte da trama felizmente seguiu o mesmo tom que o primeiro filme, a mesma formatação, tons e claro estilo, além claro de ter começo, meio e fim nessa parte (embora tenha deixado mais coisas abertas do que o primeiro filme!). Ou seja, muitos irão falar que é mais do mesmo, então eu digo: que bom, pois se o primeiro foi bom, esse também foi muito bom, deixando tenso da metade para frente novamente com a quantidade de chuva que fizeram na produção... sério preciso de um vídeo completo de bastidores dessas cenas finais, pois não é possível que gravaram com tanta chuva!
O longa nos mostra que um ano se passou desde que Amaia Salazar solucionou os crimes que aterrorizavam o vale de Baztan. Grávida e determinada a deixar para trás o que aconteceu em Elizondo, a vida da inspetora é novamente alterada por um evento inesperado: o suicídio de vários prisioneiros que deixam uma única palavra escrita na parede de suas celas, Tarttalo. Os perigos que Amaia acreditava ter deixado para trás retornam com mais força do que nunca e o inspetor terá que enfrentar esse novo caso em uma investigação vertiginosa ameaçada pela presença de sua própria mãe.
Novamente tenho que pontuar o excelente trabalho do diretor Fernando González Molina, que deu um tom tão preciso para a trama literária que o filme acabou ficando denso, cheio de personagens bem encaixados em diversos momentos, muitos elementos cênicos e principalmente um ambiente completo que ao juntar tudo sob uma perfeita maestria acabou resultando em um filme completo, que sim traz muitos elementos semelhantes ao primeiro filme, mas isso é o que deve acontecer em uma trilogia: a permanência dos mesmos elos. E dessa forma com tamanha produção, certamente ele será lembrado por ser quase que um louco, pois geralmente diretores não pegam trilogias literárias e as desenvolvem completamente para o cinema, e caso façam são grandes nomes, e aqui ele pegou e abraçou a causa dos livros de Dolores Redondo, que foi magicamente adaptada por Luiso Berdejo, e fez algo muito cheio de detalhes, e que mesmo com tantas cenas escuras, debaixo de muita chuva, com personagens ensopadíssimos, resultasse em um filme intenso e preciso, que certamente será lembrado mais para frente. Porém minha única raiva com ele, (e nem é tanto com ele, mas sim com filmes intermediários de trilogias) é que acabou ficando muitas pontas abertas e interessantes para serem desenvolvidas no capítulo final, e aguardar para o lançamento daqui há vários meses será bem tenso.
Sobre as atuações, Marta Etura ainda segura bem a onda como a protagonista Amaia Salazar, movimentando bem o filme e entregando cenas bem densas e fortes com sua personagem, porém aqui ela exagerou no ar materno, que sabemos bem que acontece com todas as mães de querer estar grudados ao filho, mas no filme isso chega a ficar chato de ver acontecer, mas acaba funcionando bem para o final da trama. Carlos Librado continua bem com seu Jonan, mas aqui suas deduções foram menos trabalhadas, e ele funcionou mais como elo de apoio da protagonista, de forma que poderiam ter usado melhor o personagem. Leonardo Sbaraglia trabalhou seu juiz Javier de uma maneira meio estranha, pois o personagem aparece praticamente no filme inteiro em diversas cenas, mas não vemos importância nele, e isso acaba soando meio estranho, que talvez até funcione para o terceiro filme, mas aqui não agradou muito. Imanol Arias entregou um Padre Salazar bem intenso, mas que poderiam ter aproveitado bem mais para cenas mais fortes, de modo que a briga entre a protagonista e ele pareceu meio jogada demais. Benn Northover entregou seu James da mesma forma que no primeiro filme, um elemento cênico romântico para as quebras do filme junto da protagonista, e se expressou tão bem quanto um abajur do cenário. Itziar Aizpuru trabalhou bem com sua Tia, fazendo caras e bocas, e chamando uma certa responsabilidade no filme, mas sem muita dinâmica acabou ficando de lado. Susi Sánchez trabalhou sua Rosaria de maneira forte, e se no primeiro filme apenas deu um susto na sua cena, aqui trabalhou bem mais a personagem, deixando o gran finale para o terceiro filme. E mais uma vez continuo sem entender o personagem de Colin McFarlane como o mentor da protagonista Aluisius Dupree, de modo que parece ter muito mais importância para quem leu os livros do que aqui no filme. Ou seja, todos tiveram bons momentos, mas aqui aparentemente no segundo livro cada personagem tem muito mais detalhes do que conseguiram passar para o filme, e o sentimento de falta é maior, o que mesmo a trama prendendo muito ficamos a cada momento esperando algo a mais de todos.
Visualmente volto a frisar que a vila que arrumaram para as filmagens é incrivelmente cênica, de modo que se realmente existe foi um achado e certamente podem fazer milhares de filmes por ali, pois é simpática para determinado estilo de filme, é assustadora para outros, e aqui encontraram a densidade correta para que o filme ficasse tenso com a quantidade imensa de chuva ocorrendo, que nesse acabou virando uma tempestade monstruosa com direito a inundações e tudo mais, e que junto de muitos elementos cênicos como berços estranhos, investigações familiares com muitos elementos, ossos e outros casarões resultaram numa produção imensa e muito bem feita.
Enfim, não digo que é melhor que o primeiro longa, pois a história do primeiro filme foi melhor contada sem depender de tantas coisas como ocorre aqui, porém o nível de tensão desse é bem mais forte e pesado, afinal a história mexe com coisas mais macabras e intensas, ou seja, na soma dos dois pontos temos algo que compensa a outra parte, e sendo assim é mais um filmaço que vale a pena ver, e que provavelmente iremos aguardar muito a última parte da Trilogia Baztan, pois o filme prende bastante, e queremos saber o desfecho de tudo. Dessa forma recomendo ele com toda certeza para todos que gostam do estilo suspense investigativo, e fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.
3 comentários:
Fernando, primeiramente gostaria de começar te agradecendo, pois, se não fosse através das tuas críticas, provavelmente esses filmes iriam me passar batido e nem iria vê-los. Agora quanto à esse segundo filme especificamente, gostaria de dar minha opinião que achei ainda melhor que o primeiro, mais tenso, mais ágil, com coisas acontecendo a todo instante e provocando um ar de suspense ainda mais forte que o primeiro. Também achei o ponto de virada mais interessante que o primeiro, mas ambos, como você bem salientou, são ótimos filmes com uma grande direção, ambientação, atuações e, principalmente, ESTÓRIA, enredo. Imagino eu que os livros dessa trilogia devam ser excelentes. Sobre o juiz que aparece muito nesse segundo filme, mas aparentemente sem uma motivação real, me parece que de duas uma: ou no sistema Jurídico da Espanha a figura do juiz é bem diferente da do nosso, mais presente na investigação, ou, o que me parece mais provável pela forma da interpretação do ator, que ele tem uma obsessão pela Amaia que pode, no terceiro filme, vir a ser algo importante para a trama. Pelo menos foi o que me pareceu. Mais uma vez muito obrigado pelo seu trabalho que nos ajuda demais. Um grande abraço.
Opa valeu Heitor... que bom que tenho ajudado nas escolhas rsss... rapaz concordamos bastante nesse sentido de ser mais tenso, mais ágil... só me incomodou muito a quantidade de gente aparecendo meio sem motivos pra talvez ser usado no fechamento, ou também se fossem desenvolver iria virar uma série... quanto do juiz é algo pra se pensar nas duas possibilidades, uma se conhecer alguém da Espanha pra explicar melhor pra nós, ou aguardar o fim do ano rsss.... agora ainda não me conformo com o mentor negro dela aparecendo do nada, tem de ter algum tipo de prequel ou algo fora dos filmes para explicar melhor, não pode ser apenas alguém jogado assim!!! Vamos ver o que vai dar!! Abraços!
Com relação ao mentor concordo totalmente contigo. Fora q é algo meio misterioso tbm a forma como ele aparece, o q ele fala, o q a tia dela fala sobre ele no primeiro filme... Vamos ver se aparece alguma explicação no terceiro filme ou fica só jogado mesmo. Acho q no livro deve ter mais detalhes mesmo.
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