Se tem um gênero que não morre nunca e é um dos mais gostosos de conferir (ao menos para esse Coelho que vos digita sempre!) é o suspense investigativo, que desde bem mais novo já me atraia os olhos com "Seven", "Zodíaco", toda a saga "Jogos Mortais" e por aí afora apenas para citar os mais conhecidos, e felizmente a Netflix também gosta do estilo e tem investido bem em algumas produções do gênero de vários países, e nessa semana lançou um novo exemplar que aqui foi chamado de "Morte às Seis da Tarde", ou traduzindo o título ao pé da letra, "As Pragas da Breslávia", que conseguiu trabalhar bem cada um dos elementos investigativos da trama, ter mortes violentas, e ainda encontrar situações bem amarradas para ficarmos tentando pensar quem é o assassino e quais as motivações para os crimes, além de ao final termos uma grande reviravolta para impressionar tudo. Ou seja, é o clássico do gênero, que funciona bastante, mesmo com algumas atuações frouxas e situações desnecessárias, mas que acabam empolgando do começo ao fim numa dinâmica precisa e cheia de desenvoltura, que fazem valer muito a conferida.
Um misterioso assassinato na Breslávia dá início a uma investigação de uma policial polonesa pouco ortodoxa que leva a suspeita de um serial killer. E quando novas mortes se sucedem, conectando os crimes aos eventos ocorridos na cidade no século 18, a polícia precisa correr contra o tempo para descobrir o próximo passo do assassino.
O diretor Patryk Vega mostrou técnica e estilo, e mesmo quem não conhecia nada dele, se olhar a filmografia verá que quase todos seus longas possuem o mesmo estilo e quase o mesmo poster, ou seja, ele provavelmente adora filmes policiais, e aqui mostrou bem o domínio da linguagem, ousando em mostrar mortes fortes, intrigantes momentos investigativos, e até colocar marcas fortes em cada um dos mortos, que se comparei a trama à "Seven" que usava os pecados capitais para cada morte, aqui temos tipos de pessoas (degenerado, ladrão, corrupto, caluniador, opressor e mentiroso), ou seja, sem dar spoilers o filme brinca com algo bem interessante que funciona bastante do começo ao fim. Claro que a trama tem muitas cenas com atuações fracas, e bem rapidamente percebemos quem é o assassino, mas ir a fundo para saber suas intenções acaba valendo a sequência, mostrando que mesmo errando o diretor acaba acertando.
Já que falei sobre as atuações serem fracas em muitos momentos, vamos aos culpados, ou melhor, aos problemáticos, pois todos na polícia parecem bobos demais para estar investigando algo, com vozes calmas demais para as situações, e alguns atos até fazendo trejeitos bem jogados, o que ao final até é um pouco explicado. Dito isso, Malgorzata Kozuchowska trabalhou sua Helena com um certo ar de superioridade exagerado, que talvez poderia ser melhor desenvolvido, pois sua personagem sempre está cansada, tendo deduções diretas, e em alguns momentos até ficamos pensando em quais problemas ela teria, mas seu resultado ao menos é bem efetivo. Daria Widalska entregou bem sua Iwona de modo que seus primeiros atos soaram imponentes, seus trejeitos foram bem marcados, e já no segundo ato não apareceu tanto suas qualidades, mas sim algo mais desesperado em si, de modo que funciona, mas não vai muito além. Agora sem dúvida alguma o promotor vivido por Andrzej Grabowski foi completamente desnecessário no filme, fazendo somente caras e bocas ridículas, querendo realmente aparecer tanto o personagem, quanto o ator, e seria melhor ter eliminado ele em alguma cena. O parceiro da protagonista vivido por Tomasz Oswiecinski até teve atos bem divertidos no começo, mas depois passa o resto do filme no hospital, e isso não é legal, e até sua cena de acidente foi bem forte, mas poderiam ter usado melhor ele. Quanto aos demais, a jornalista é boba demais, os demais policiais enfeites cênicos, o primeiro ministro fraquíssimo, mas os mortos/vítimas foram bem colocados em cena ao menos, de modo que não fizeram nada além de serem bonecos talvez pelos pedaços, mas foram moldes bacanas de ver.
Já que falei dos bonecos que representaram os mortos, temos de falar do primor da equipe de arte para as concepções dos mortos, das autópsias, com muitos detalhes violentos e fortes que o estilo pede, além de cenas de ação bem colocadas com muitos carros, animais, objetos rolando (aliás tanto as cenas com os cavalos quanto com o barril foram ridículas com as pessoas correndo e caindo para todos os lados, era só desviar, mas não teria a mesma dramaticidade talvez!). Ou seja, uma direção de arte cheia de elementos, que chamaram a atenção pelo menos.
Enfim, é um filme bem feito, que empolga pelas mortes, que tem uma boa reviravolta final, mas que também não é uma grandiosa obra-prima, apenas funciona bem para o estilo de suspense investigativo, e tem um tom bem interessante para os fãs do estilo. Confesso que esse mesmo texto nas mãos de algum diretor americano ou argentino, o resultado seria muito melhor, mas ainda assim vale a conferida. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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