Chega a ser absurdo pensar que o filme "Negação" foi baseado em algo que aconteceu realmente, pois uma pessoa precisar provar que algo que todos sabem aconteceu como foi o caso do Holocausto, é de parar e chorar, e o pior é que temos situações semelhantes em todo o mundo (não tão fortes quanto!) que alguns afirmam que nunca existiram, que ninguém morreu, que ninguém mandou matar, ou seja, abstrações doentias das mentes de algumas pessoas que chega a dar nojo realmente, e não bastando isso, a pessoa ainda processar quem falou que a outra era mentirosa. Ou seja, o filme que entrou em cartaz na Netflix por agora, mas que estreou em alguns lugares lá em 2017 é daqueles obrigatórios, que envolvem do começo ao fim, e que para quem gosta de um bom longa de julgamento certamente irá vibrar a cada ato emocionante da trama.
O longa nos conta que Deborah E. Lipstadt é uma conceituada pesquisadora que, em seu livro, ataca veementemente o historiador David Irving (Timothy Spall), que prega que o Holocausto não existiu e é uma invenção dos judeus para lucrar mais. Julgando-se prejudicado pelo que foi publicado, Irving entra com um processo por difamação contra Deborah. Só que, pelas leis britânicas, em casos do tipo é a ré quem precisa provar a veracidade da acusação. Logo ela se vê em uma disputa judicial que, mais do que envolver dois estudiosos da História, pode colocar em dúvida a morte de milhares de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Fui caçar que outros bons trabalhos o diretor Mick Jackson tinha feito, afinal antes desse ele fez uma tonelada de séries e eis que cheguei em "Volcano - A Fúria" e "O Guarda-Costas", ou seja, literalmente é daqueles diretores das antigas, e aqui ele mostrou bem esse estilo, pois conseguiu segurar toda a trama com bons argumentos, atores preparadíssimos para enfrentamentos, e dinâmicas simples, porém coerentes ao ponto de segurar o público, de modo que vemos a mão do diretor passando ao redor de toda a trama, mas deixando sempre aberto para que os atores se entregassem e mostrassem personalidades, afinal o embate foi real no tribunal, e certamente cada um ali precisou ser muito coeso tanto para brigar, quanto para aguentar as coisas que ouviram, pois até hoje Irving afirma que não houve o Holocausto, e já teve outros grandes enfrentamentos. Ou seja, o diretor foi simples nos atos, porém direto nas atitudes, e com isso foi certeiro no desenvolvimento da trama, que ampliou todo o ambiente, e não ficando apenas preso no tribunal em si, deu rumos mais de pesquisa, e assim o resultado foi incrível de ver.
Quanto das atuações, Rachel Weisz está completamente diferente do que já vimos em outros filmes, com uma segurança no papel de sua Deborah, com olhares fortes, dinâmicas emocionadas, e muita serenidade para que cada ato fosse perfeito de atitudes, de modo que em alguns momentos nem a pessoa mais segura de si conseguiria fazer e ela foi lá e pôs o semblante pra jogo de forma certeira e agradou demais, ou seja, perfeita para o papel. Se fosse uma novela, certamente Timothy Spall seria daqueles que apanharia na rua pelo papel de seu Irving, de modo que o ator fez muito bem o personagem, entregando segurança do começo ao fim, ao ponto de chegarmos a ficar com raiva dele pelo excesso de segurança em afirmar que não houve o Holocausto, ou seja, o ator comeu literalmente todos os vídeos do real Irving, e fez caras, bocas, trejeitos, e principalmente olhares, acertando demais no que fez. Outro que foi incrível em tudo como o advogado Richard foi Tom Wilkinson, que inicialmente parecia meio jogado, estranho em cena, mas quando soltou o verbo no tribunal, e até no apartamento da protagonista, deu um show completo, agradando em trejeitos, na forma de discursar, ou seja, em tudo. Andrew Scott fez o advogado de preparação do material Anthony Julius, e seu estilo sério demais, com pegadas até arrogantes demais acaba incomodando, mas fez isso tão bem que o incômodo acaba valendo, e assim sendo seu resultado acaba bem válido. Dentre os demais, todos apareceram ao menos um pouco para funcionar na trama, e fizeram isso de formas simples, mas muito bem colocada, o que acaba resultando em algo bacana de ver, não tendo ninguém se sobressaindo e deixando que os protagonistas dominassem as cenas, e dessa forma não vou destacar ninguém dos secundários.
No conceito visual da trama foram bem precisos nas cenas em Auschwitz com uma representação em meio de neve, frio, cenas intensas e muitas emoções tanto visuais quanto de interpretações no meio, de forma que tudo foi bem representativo. Souberam também dar um ótimo contraste entre EUA e Inglaterra com o clima chuvoso exagerado de Londres, mas também para dar uma pegada mais tensa para as cenas ali, e tudo foi muito bem montado, a cenografia do tribunal, os escritórios, toda a jogada de marketing dos jornalistas empoleirados para pegar cada momento, ou seja, a equipe de arte fez um trabalho perfeito de elementos.
Enfim, não posso dizer que é um filme perfeito por termos alguns exageros pontuais na trama, mas é um tremendo filme de julgamento, mostra realidades fortíssimas que muitos assumem algo como sendo verdade e acreditam nisso fielmente, mesmo que provem que eles estão errados, e ainda de quebra temos um longa histórico baseado em algo que aconteceu mesmo, e que vale demais a conferida, ou seja, se você gosta ou não do estilo veja o longa na Netflix, e aprenda um pouco a argumentar com provas sem maquiar os fatos ao seu favor. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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