Acho engraçado que alguns filmes da Netflix nos enganam direitinho pelos começos bem trabalhados, que acabam envolvendo e fazendo parecer uma história bem interessante de ver, e depois acabam mudando tanto o rumo que já nem sabemos mais o que queriam entregar, e isso aconteceu com uma força tão grande no longa canadense "O Declínio", que chega a dar nervoso. Não digo que a violência e toda a batalha final não seja algo legal de ver, mas inicialmente o filme parecia mostrar algo que estamos vendo acontecer, de pessoas se preparando para um momento pior, aonde a economia seria destruída, furtos, invasões de imigrantes e tudo mais, num conceito de armazenamento e preparação para uma fuga em família e tudo mais, daí então você se interessa pela trama, e logo em seguida o protagonista já está indo para um campo de treinamento... você vai falar beleza, é interessante também aprender a ter controle de armas e se preparar taticamente, mas eis que um erro de uma pessoa lá muda completamente o filme, e acaba virando uma perseguição por sobrevivência entre os próprios treinados e treinador, em algo sem rumo, sem muita lógica, que ficamos ao final até tensos com tudo o que ocorre, mas procurando aonde estava essa ideia toda na cabeça do roteirista. Ou seja, é um filme de dois vértices completamente diferentes, que até entrega uma violência imponente bem feita, mas que apenas jogaram na tela, sem rumo ou nexo algum, e com certeza você acabará o filme se perguntando o que viu mesmo.
A sinopse até nos diz mais ou menos o que esperar do filme, ao mostrar que um acidente fatal em um campo de treinamento de sobrevivência remota deixa os participantes em pânico - e prepara o terreno para um confronto arrepiante.
Pois bem, se antes não sabia o motivo da bagunça, agora posso atirar direto, afinal sendo o primeiro longa do diretor Patrice Laliberté e um roteiro escrito por três roteiristas é fácil demais acontecer esse estilo de problema, que acabamos vendo um filme que começa de um jeito e muda completamente o mote na metade para terminar ainda num terceiro e diferente estilo. Ou seja, não podemos de forma alguma dizer que o trabalho visual, os planos interessantes e as boas movimentações que o diretor entrega seja algo ruim, muito pelo contrário, se o jovem for realmente investir no estilo de longas violentos, certamente tem um bom futuro, pois conseguiu mostrar isso, porém faltou para ele conseguir pegar um roteiro bagunçado e fazer as certas mudanças para que seu filme ficasse com um rumo, tendo um começo, meio e fim coerente, e sendo assim até temos atos bem marcados na trama, mas é como se cada um fosse fazer um bolo, jogando o que tiver vontade no liquidificador, e entregasse para a pessoa o resultado disso, que não vai dar certo mesmo. Sendo assim, a verdade é única, pois temos um filme violento visualmente bem feito, mas sem rumo de história para funcionar, e assim sendo, o resultado não é um filme.
Sobre as atuações, vale dizer que é até difícil descobrir quem é o protagonista na trama, pois inicialmente temos Guillaume Laurin com o até jeitoso Antoine, que tem olhares meio que jogados, mas quando precisou atuar nas cenas de fuga até foi bem interessante, mas praticamente sumiu meio filme, e isso não é bom para um protagonista. Tivemos também Réal Bossé entregando um Alain cheio de mistérios, mas com uma notável psicopatia dentro de seu estilo, e o ator foi bem colocado ao menos, fazendo algumas cenas digamos boba, mas sempre direto ao ponto, e agradando bastante pelo menos. Marie-Evelyne Lessard trabalhou bem sua Rachel em alguns atos, foi praticamente omissa todo o começo do filme, mas ao final soltou todos os trejeitos e acabou entregando com força olhares para todos os lados e acertou em cheio no que fez. Agora quanto aos demais, é show de caras, bocas e atitudes bagunçadas para todos os lados, de modo que nem dá para destacar ninguém.
Visualmente ao menos o longa foi muito bem montado, com um acampamento no meio da neve, cheio de armadilhas, muitos ambientes para treinamento, preparações cênicas cheias de detalhes, e até efeitos visuais e maquiagens de primeira linha para dar o ar violento que a trama precisava, e nesse quesito ao menos podemos dizer que a equipe acertou bastante, pois funciona ao menos no que tentavam passar, e o filme flui.
Enfim, é um filme bagunçado demais, com atuações estranhas, reviravoltas mais perdidas que tudo, que é apenas bonito visualmente, então tiveram uma grande ideia, gastaram bem para fazer tudo, só que jogaram para o alto qualquer ideia de desenvolvimento, fazendo com que o longa ficasse mais perdido do que acertado. E sendo assim não tenho como recomendar ele para ninguém, pois o filme mais falha do que acerta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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