Já vi países que gostam de longas de suspense, mas igual a Espanha tá pra aparecer igual, e lá o pessoal anda adaptando tantos bons livros que começo a esperar ver logo mais grandiosas produções ainda maiores, e melhores! Claro que tem surgido também algumas bombas nesse miolo, mas hoje felizmente o primeiro filme da Trilogia Baztán veio num momento que procurava uma boa trama envolvente na Netflix, e posso dizer que "O Guardião Invisível" é daqueles filmes que prende do começo ao fim, e vamos ficando intrigados com quem pode ser o assassino, e sem que eles nos deem pistas melhores, vamos criando os arcos na cabeça e esperando cada momento novo para tentar decifrar um pouquinho. Confesso que não sabia que era uma trilogia, e muito menos que a segunda parte já será lançada daqui duas semanas na Netflix também (a terceira acho que vai demorar um pouco com todo esse rolo que anda o mundo, mas vamos esperar!!), porém a trama aqui tem um bom começo, meio e fim, não deixando tantas amarras assim para esperarmos algo além no segundo filme, tipo só alguns itens achados minutos antes da finalização acabaram abrindo outro vértice, mas não atrapalharam o fechamento do primeiro mistério das garotas sendo assassinadas, e o resultado até é bem intrigante de ver. Outro bom detalhe é que por ser baseado em livros, aqui os diálogos foram melhor trabalhados do que vemos em alguns filmes soltos, e assim o resultado lembra um pouco de "Seven" e de "Zodíaco", ou seja, tem estilo e classe a trama, embora já vi cidades que chovem, mas essa do longa lavou as câmeras.
O longa nos conta a que Amaia Salazar, inspetora de polícia de Pamplona, é orientada por seu superior para investigar um assassinato. O caso refere-se a uma adolescente cujo corpo nu foi encontrado ao lado de um rio perto de Elizondo, cidade natal de Amaia, uma vila chuvosa cercada por florestas e montes, cheia de mitos locais e superstições antigas. O instinto de Amaia para casos criminais será contestado, à medida que mais corpos nus de meninas adolescentes forem encontrados na floresta. Tentando resolver o caso e descobrir a identidade do assassino, Amaia deve não apenas enfrentar seu próprio trauma de infância devido aos abusos de sua mãe, mas também uma crescente suspeita de que talvez o assassino seja alguém que está perto demais para se confortar.
São raros os diretores que conseguem trabalhar bem longas de suspense policial envolvendo atos místicos, mortes fortes (mas bem montadas) e simbolizar tudo com muita ação e tensão, de modo que vamos observando os detalhes e tentando montar um quebra-cabeça gigante para chegar antes mesmo que a protagonista no assassino, e isso é muito a característica de filmes feitos em cima de livros, e o sucesso dos livros de Dolores Redondo caíram certinho no perfil do diretor Fernando González Molina
que pegou a trama adaptada por Luiso Berdejo e criou algo maior ainda, pois até vemos as páginas do livro sendo folheadas durante a exibição do filme, mas a amplitude é tão bem feita que vamos acompanhando o longa pensando junto com a protagonista, numa mesma aflição tão boa de ver que o ambiente todo passa a ser usado, e isso é algo que costumamos ver mais em longas de personagens bem fictícios como heróis, e raramente em longas policiais isso funciona, e aqui o acerto nesse caso foi iminente, tanto que se ele dirigiu da mesma forma o segundo filme veremos algo ainda mais imponente e certeiro (apesar de saber que em trilogias, o segundo filme é o que mais enrola e acaba desapontando!).
Sobre as atuações, diria que foram bem acertados quase todos os momentos da trama com todos os personagens, mas alguns fizeram algumas caras estranhas demais, que talvez pedissem até um pouco mais de desenvolvimento na tela, e claro que no livro isso ocorreu, como é o caso da irmã dona da confeitaria, e do mentor da protagonista que está longe e até cheguei a pensar que o filme fosse já alguma continuação de algo, porém felizmente isso não atrapalhou tanto o andar da trama, e o filme funciona sem muitas explicações (talvez isso ocorra no segundo filme!). Dito isso, Marta Etura foi bem coerente com sua Amaia, segurando a onda como protagonista de um filme de suspense, porém com uma pegada de ação, e dessa forma seus atos são sempre correndo, com expressões fortes e ativas, e dessa forma dá para contar os momentos de respiro da personagem na trama toda, ou seja, foi muito bem. Outro que teve uma boa desenvoltura como personagem, mas não foi tão bem apresentado foi Carlos Librado 'Nene' com seu Jonan, de forma que acredito ainda muito no seu personagem para o segundo filme, afinal aqui deu conexão para toda a investigação e saiu bem pela tangente em muitos atos, o que agradou bastante de ver. Como disse acima, Elvira Mínguez foi misteriosa demais com sua Flora, de forma que sua finalização até foi imponente e cheia de atitude, mas vai dar muito pano pras mangas futuras. Quanto aos demais tivemos um ou outro destaque de personagens secundários que até aparecem bem, mas sem muita atitude, ou sem um envolvimento chamativo para envolver, e até mesmo o assassino apareceu de forma até subjetiva demais, funcionando claro no ato final, mas sem muito o que falar, valendo destacar apenas então a garotinha que fez a protagonista quando pequena, Idurre Puertas por fazer momentos bem expressivos e precisar se enfiar no meio de um monte de farinha.
Quanto do conceito visual da trama, não sei aonde filmaram, mas conseguiram tanta chuva para o filme todo, que ou acertaram a época de filmagens para criar esse clima chuvoso lindo para a trama do filme, ou gastaram caminhões e mais caminhões de água para fazer o efeito, pois haja cenas em meio à chuva, e com isso a pequena vila ficou ainda mais forte com suas ruínas, com as cenas de enterro num cemitério marcante, com toda a correria dos personagens nas pequenas ruas, nas florestas marcantes e sombrias, com efeitos de fumaça, muita cenografia simbólica para as mortes, muito material de investigação, ou seja, um filme completo que certamente tentou agradar bastante o público leitor dos livros, para que realçassem detalhes em cena.
Enfim, é um filme denso, muito bem feito, que tem falhas como todo filme de suspense sempre traz na essência, de aparecer coisas sem muitas explicações, revelações ocorrendo em atos jogados, personagens secundários que acabam aparecendo mais do que devia sem que algo fosse melhor montado em cima deles, mas que no geral acaba envolvendo bastante, e funciona tanto como um filme único, afinal tem um final bem coerente e poderia acabar ali que sairíamos satisfeitos, quanto como uma parte de um todo, afinal agora irei esperar muito pelo dia 17/04 para ver a continuação na Netflix, e torcer para que não segurem tanto para lançar o último filme, pois certamente a deixa será forte no segundo longa. Sendo assim, recomendo bastante o longa para todos, mas principalmente para quem gosta de filmes investigativos, pois nos lembra bons clássicos do estilo, e quando isso ocorre, muitos acabam gostando. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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