Tenho de começar o texto com a mesma frase que o longa inicia: "A Matemática, vista corretamente, possui não apenas verdade, mas também suprema beleza...", e foi dita por Bertrand Russel que aparece várias vezes na trama, mas mais do que aparecer, essa frase diz tudo sobre o filme "O Homem Que Viu o Infinito", que não é tão novo, muito pelo contrário, já está há algum tempo na Netflix, e acabei pulando ele, mas voltando na frase, ela coloca toda a essência que será passada na trama, pois muitos acabarão se assustando de um filme que fala sobre a matemática pura, de provar fórmulas, de ambições em cima de algo mais complexo, de matemática acadêmica daquelas que muitos sequer sonham a dificuldade que é, porém mais do que apenas matemática, o longa transmite beleza, garra de um homem movido a fé, que deixou seu país, esposa, cultura e tudo mais para sobreviver em meio a um lugar que ninguém acreditava nas suas capacidades, e que foi muito além, conseguindo fazer até um ateu acreditar em algo que não fosse provável. Ou seja, é daqueles filmes que emocionam, que envolvem, e que principalmente, sendo bem atuado e dirigido consegue ir muito além de apenas uma história.
O longa conta uma verdadeira história de amizade que mudou a matemática para sempre. Em 1913, Ramanujan, um gênio da matemática autodidata da Índia viaja para o Colégio Trinity, na Universidade de Cambridge, onde ele se aproxima do seu mentor, o excêntrico professor GH Hardy, e luta para mostrar ao mundo a sua mente brilhante.
É até interessante ver que o diretor Matt Brown não fez mais nada após esse longa de 2015, e isso é triste, pois ele mostrou um trabalho de época minucioso, um envolvimento bem cheio de pontas para sentirmos cada ato, e principalmente ao trabalhar com uma história real, o trabalho de pesquisa foi bem mostrado, de forma que mesmo quem nunca ouviu falar de Ramanujan acabará indo pesquisar algo dele ou de GH Hardy, outros irão apenas se emocionar com a bela obra criada pelo diretor ao ponto de gostar das atitudes colocadas, ou dos elementos alegóricos que funcionarão mesmo que a pessoa não saiba nada do que estão falando na tela, e isso é bacana de ver, pois a trama entrega cálculos reais dificílimos, daqueles que ninguém conseguia resolver, e vamos apenas ver como algo bonito e feito com muita força de vontade. Ou seja, um filme que certamente foi desprezado na época, mas que vale muito a conferida por tantos motivos quanto os números que o protagonista tenta defender, ou seja, infinitos motivos.
Sobre as atuações, sabemos bem que Dev Patel é daqueles atores que muitos não gostam, mas que sabemos que sempre vai entregar personagens com alguma marca pessoal sua, e aqui seu Ramanujan é doutrinado, com um temperamento forte, e nos envolve com muita precisão, mas que por sempre manter olhares meio que vagos, geralmente ficamos esperando um algo a mais dele, e aqui ele certamente poderia ter ido muito além do que já foi, que foi bom. Jeremy Irons é preciso em tudo o que faz, e aqui seu Hardy é daqueles que ao mesmo tempo que ficamos com um ódio mortal, também acabamos nos apaixonando pelo que faz, e suas desenvolturas cênicas são brilhantes ao ponto de querermos cada vez mais ele em cena, e o acerto é perfeito. Toby Jones também deu um show de carisma com seu Littlewood, trabalhando bem em cada um dos momentos que apareceu, e sabendo certamente ser envolvente com poucos atos. Jeremy Northam fez o papel do homem da frase que comecei o longa, e seu Bertrand Russel é simpático, tem estilo, mas não aparece tanto em cena, o que deixou a trama meio que de lado, pois talvez algo a mais chamaria atenção para o personagem que tinha potencial. Quanto aos demais, o filme todo tentou dar chances das mulheres indianas terem algum destaque, mas soaram apagadas demais para comentar sobre elas, então prefiro falar que foram coerentes com seus papéis, mas sumiram em cena, e foram deixadas de lado, enquanto os personagens da guerra também apareceram pouco, mas marcaram território nas cenas mais envolventes.
Visualmente o longa entregou um ar de época incrível, brincando bem com o lado acadêmico, das famosas sociedades de grandes doutores catedráticos, de homens denominados pelo rei como grandes nomes da ciência, com muitos livros espalhados pelas salas, com uma universidade pomposa e recheada de detalhes, na guerra com os diversos hospitais de campanha, na Índia toda a pobreza mostrada em detalhes pela exploração, ou seja, um filme bem detalhado, com diversos elementos cênicos como papeis com muitas fórmulas e cálculos, símbolos simples espalhados e muito mais que mostrou que a equipe de arte trabalhou muito bem tanto na pesquisa de detalhes, quanto na execução de cada ambiente para que tudo ficasse o mais próximo do real, o que foi de um acerto tremendo.
Enfim, é um filme emocionante e muito envolvente, que até pode ter me atingido um pouco mais por ter feito Matemática lá num passado bem distante, mas como disse o longa vai bem além dos números e fórmulas para mostrar a perseverança do jovem em cima de sua religião e dos seus objetivos, fazendo o longa ficar muito comovente e agradável demais de conferir. Ou seja, recomendo ele para todos, sei que muitos talvez já tenham até visto já que é um filme antigo, mas quem não viu, veja. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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