Tem filmes que sabem trabalhar tão bem temas pesados e leves em tão pouco tema que acabamos simplesmente viajando pela trama, e certamente "O Livro de Henry" se encaixa nesse perfil, pois ele entrega ao mesmo tempo a força de um garoto superdotado de uma inteligência sem limites, trabalha doença e morte quase que em sequência, e ainda tem aberturas para abuso de menores, atentado, e claro ainda coloca a doçura de Jacob Tremblay em seu começo de carreira com aquela voz fofa e olhares amorosos envolventes, ou seja, um filme que oscila tanto que ao final já estamos desesperados pelo que pode acontecer. Claro que não é um filme novo no catálogo da Netflix, então muitos até podem já ter visto, mas quem ainda não colocou ele na lista, fica a dica, pois a trama é muito gostosa de acompanhar, tem atitude, e acerta bem no ritmo, mas que falha apenas em ter acontecimentos rápidos demais, pois alguns mereciam ser melhor degustados, o que não ocorre, mas ainda assim é um tremendo longa bem atuado por todos, e que acertaram a mão no estilo.
O longa nos conta que Henry e Peter são dois irmãos criados pela sua mãe solteira, Susan. Henry, apaixonado pela sua vizinha Christina, escreve um livro de resgate para tirá-la dos maus tratos do pai policial. Quando sua mãe descobre sobre o seu plano, ela decide que eles irão colocar a ideia em prática.
O mais engraçado de tudo é o filme não ter estourado nos cinemas, pois dois anos antes o diretor Colin Trevorrow tinha estourado com "Jurassic World", o longa tem um elenco de peso, uma história bonita, mas acabou tendo prejuízo, e mais da metade do orçamento não foi recuperado, ou seja, algo completamente absurdo, pois o diretor soube conduzir com muita desenvoltura as crianças, trabalhou os diversos temas (e esse pode ser um dos problemas: o excesso de temas) com um bom primor para que o filme não ficasse pesado demais, e principalmente deu dinâmica para o filme, pois com tantos temas para desenvolver, se ele quisesse poderia amarrar tudo e segurar o longa com mais 20 a 30 minutos fácil, mas não, fez algo de apenas 105 minutos bem coeso, aonde a emoção funciona em diversos atos, e até comove com a intenção completa. Claro que o filme poderia ter chocado mais em alguns momentos, poderia ter criado alguns momentos mais emocionantes, mas como conteúdo completo ele acaba envolvendo e funcionando, ou seja, o resultado deu certo por completo.
Sobre as atuações, embora o filme seja sobre o livro de Henry, quem deu um show na tela foi Naomi Watts com sua Susan, pois ela pegou tudo o que viveu de desespero em "O Impossível, e colocou aqui com mais envolvimento ainda e trabalhou dinâmicas precisas e criativas, ou seja, a atriz gosta e sabe sofrer muito bem na tela, funcionando demais seu papel, que inicialmente até parece ser meio bobo demais, mas do ponto de virada até o final, foi uma cena melhor que a outra sua. O jovem Jaeden Martell entregou muito para seu Henry, de forma que seus primeiros atos são incríveis, o jovem traz consigo uma personalidade plena e certeira, porém como o segundo ato é dominado pela sua voz em formato narrativo, até temos alguns atos bem entonados e engraçados de pensar na forma que o garotinho pensou dentro do roteiro, mas soou levemente artificial, e poderiam ter trabalhado melhor isso, pois ele como criança não saberia aonde poderia acertar, mas a direção poderia ter melhorado alguns pontos. Já disse diversas vezes que Jacob Tremblay é um ator diferenciado, e que precisam segurar muito a onda dele para o jovem não desandar, pois seu estilo é muito forte para um garotinho de pouca idade, e em todos os filmes, até mesmo nos filmes mais toscos que entrou, ele deu show, e aqui seu Peter é doce, é cheio de atitude, e interpreta com brilho no olhar, ou seja, perfeito. Tivemos uma falha de não desenvolver mais o personagem de Dean Norris, pois seu Glenn se formos olhar a fundo é extremamente protagonista, ou melhor, antagonista, e se ele falou seis frases de meia dúzia de palavras foi muito, e isso é algo que atrapalhou muito o resultado, pois poderia ser bem mais forte todas suas cenas. E quanto aos demais, também tivemos pouco desenvolvimento de Sarah Silverman com sua Sheila, a jovem Maddie Ziegler também foi apenas bonitinha com sua Christina, e Lee Pace fez um médico bacaninha que poderia ter mais rumos na trama, mas serviu de enfeite apenas, ou seja, sem destaques secundários.
Visualmente a trama teve alguns atos bem desenhados, mas que não foram usados a esmo, tanto que a oficina aonde as crianças brincam e criam seus aparatos tecnológicos só foi usada em determinado momento para emocionar, mas poderia ir muito além, pois ali era um local marcado entre eles, e tinha muitos detalhes para ir além da cena final, que é muito boa, mas foi simples demais, os atos que o jovem faz em suas idas para escrever toda a ideia no livro foi usada rápida demais, ou seja, a equipe de arte trabalhou tanto para ter um filme cheio de detalhes, e o resultado acabou sendo singelo demais, porém ainda assim vale para efeitos de preenchimento, e isso agrada ao menos.
Enfim, é um filme que prende muito, que traz mensagens fortes para se refletir, afinal sabemos que isso (um dos temas, no caso o abuso de menores) ocorre em muitos lares, e com o resultado emotivo em cima de tudo o que o filme passa, acabamos nos envolvendo bastante, ficando felizes ao final com a forma doce que tudo funcionou. Claro que o filme poderia ir muito além, sim, mas iriam precisar subir classificação indicativa, ter menos cortes, e tudo mais, mas acredito que valeria a pena, porém mesmo com todos esses adendos, ainda recomendo muito o longa para todos, e sendo assim, fico por aqui hoje, voltando em breve com mais textos, então até logo mais pessoal.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...