Chega a ser interessante o tanto de filmes que fazem em cima do Holocausto, afinal sempre tem alguma história nova que não usaram da fonte, ou algum ato que aconteceu e tudo mais, porém felizmente sempre saem boas tramas, e no longa da Netflix, "Operação Final" vemos como foi todo o processo para conseguir capturar um dos únicos responsáveis pelas mortes dos judeus por Hitler que não se matou e fugiu da Alemanha e veio para Buenos Aires. Ou seja, uma tremenda história investigativa, cheia de movimentações para dar certo, pois um mero erro destruiria toda a operação, e que funciona bastante tanto como material real, como uma história incrível de ficção, de modo que entramos bem no clima dos personagens e o resultado funciona, porém, a dinâmica toda ficou muito amarrada pelos acontecimentos, e com isso em alguns atos faltou um pouco mais de emoção, mas nada que atrapalhasse o resultado final.
A sinopse nos conta que quinze anos se passaram desde a Segunda Guerra Mundial. Os principais líderes nazistas, como Adolf Hitler, evitaram a justiça através do suicídio, mas o arquiteto responsável pela ideia dos campos de concentração, Adolf Eichmann, conseguiu escapar e vive escondido em alguma parte do mundo. Quando a equipe liderada pelo investigador judeu Peter Malkin descobre o paradeiro do homem na Argentina, eles são encarregados de sequestrar Eichmann e levá-lo vivo a Israel, onde será julgado por seus crimes. Mas fugir com um dos homens mais procurados do mundo não será uma tarefa fácil.
Geralmente diretores costumam seguir uma linha de filmes que aceitam dirigir, casualmente do mesmo gênero, ou até mesmo com temas parecidos para manter seu tom, mas Chris Weitz já fez de comédia escrachada, passando por fantasias místicas, romances com vampiros, até chegar nos dramas, e aqui ele fez algo completamente diferente de todos os seus longas anteriores, pois segurar a onda em um filme de captura, com uma história real para ser mostrada, e principalmente com diálogos intensos é algo que não é bem fácil de fazer, mas ele conseguiu ao menos transparecer bem sua essência, pois vemos atores bem encaixados nos personagens, cada um com atitudes fortes e bem colocadas, porém faltou para ele algo que sabe bem: que é fantasiar a história, pois mesmo sendo baseado em algo que aconteceu, ele poderia ter enfeitado mais o miolo, ter dado uma dinâmica mais tensa e trabalhada, e feito com que seu filme chamasse mais a atenção, pois mesmo a forma que o protagonista convence o outro de assinar é boba demais. Ou seja, é um filme bem feito, isso não tem o que negar, que conta uma história intensa e forte para muitos, mas ficou faltando aquele algo que chamamos de filme de cinema mesmo, daqueles que você emociona com algo, que gruda na cadeira, o que é uma pena, pois os "vilões" neonazistas poderiam ter feito muito mais na trama, e acabaram ficando de lado.
As atuações foram todas bem encaixadas na trama, fazendo com que os protagonistas chamassem mais atenção pela interação dos textos em si, pois se olharmos a fundo os líderes das equipes praticamente ficaram apagados, e isso é algo muito estranho de ver acontecer em um filme, ou seja, até tentaram criar uma romantização a mais para o personagem principal, mas não deu muito certo. Dito isso, ver um Oscar Isaac mais limpo de expressões, sem trejeitos forçados, sem precisar criar muito para sua personalidade foi algo muito bom de ver, de modo que seu Peter tem dinâmica e intensidade, mas faltou aquele algo a mais para sentirmos o que ele estava sentindo em cada cena, e isso pesou um pouco. Já pelo outro lado Ben Kingsley como sempre dá show com suas múltiplas faces, tanto que de cara demoramos um pouco para reconhecê-lo no papel de Eichmann, mas conforme o longa vai se desenvolvendo ele vai se entregando mais na personalidade e o resultado fica muito bom, de forma que seus últimos atos ainda no esconderijo são fortes e perfeitos. Mélanie Laurent também fez uma Hanna bem colocada, mas ficou bem apagada no papel, aparecendo pouco em cena, e mesmo eles no começo falando da sua grande importância no ato, só foi responsável mesmo por drogar o antagonista, e nada mais que realçasse tanto. Quanto aos demais, todos tiveram algum ato imponente, mas nada que impressionasse muito, tendo leves destaques para Michael Aronov com seu Aharoni imponente, e para jovem Joe Alwin com seu Klaus característico dos neonazistas que surgiram pós-guerra e ainda existem espalhados mundo afora.
Foram coesos também no desenvolvimento visual da trama, mostrando praticamente duas locações base, como o esconderijo e a casa do protagonista, além de uma rápida cena em um cinema no começo e outra no tribunal ao final, além de algumas memórias rápidas bem montadas dos acontecimentos do Holocausto, de forma que tudo foi feito com cenas fechadas, figurinos simples e tomadas bem simples para que o orçamento não fosse muito grandioso. Claro que tudo funciona bem e mostra um certo cuidado com a época, e com detalhes simples, porém efetivos, mas certamente poderiam ter ido muito além, afinal mostraram uma reunião dos neonazistas, mostraram as buscas deles em alguns cantos, e isso poderia dar um tom bem mais forte para a produção, mas aí certamente o orçamento aumentaria bem.
Enfim, é um filme bem interessante pelo tema, com uma dinâmica simples demais, que até envolve e bate um certo desespero na cena do avião (se o filme fosse inteiro naquela pegada seria incrível!), mas que não tem grandes ápices durante todo o longa, e isso faz ele cansar um pouco, porém ainda vale a conferida. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até lá.
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