Se você gosta de longas cheios de tiros, com muita ação, cenas de velocidade com câmeras seguindo em plano sequência para tentar tirar o fôlego do espectador, certamente o nome da vez na Netflix é "Resgate", pois junta Chris Hemsworth (o famoso Thor) em uma história de Joe Russo (diretor de "Vingadores - Ultimato") porém feita em Bollywood por um diretor estreante na função, mas que sempre dirigiu dublês, então para quem gosta de pancadaria é um prato cheio. Ou seja, muito do que você lerá aqui vai achar que o filme é uma tremenda bomba, e é, porém como gosto muito desse estilo meio "Rambo", meio "Duro de Matar", o resultado funciona e entretém, só que a história é deprimente, e as atuações da galera indiana é para desistir (de forma que o vilão é alguém tão inútil que nem para servir café serve). Ou seja novamente, é uma trama bem bagunçada que vale pela ação entregue, e nada mais, então se você gosta disso pode conferir que vai valer a pena, do contrário, se prepare para reclamar de tudo.
O longa nos conta que Tyler Rake é um agente especial que recebe a difícil missão de libertar um garoto indiano que é mantido refém na cidade de Dhaka. Apesar de estar preparado fisicamente, ele precisa lidar com crises de identidade e com seu emocional fragilizado por problemas do passado para que consiga designar sua tarefa da melhor maneira possível.
Em sua estreia na direção, Sam Hargrave mostra algo que já vimos acontecer em "John Wick", quando um diretor de dublês assume o posto principal, e vê a necessidade de mil pulos, tiros, socos para todo lado, pessoas sendo jogadas de escadarias, correria para todo lado, carros trombando, explosões e tudo mais que possa levar a testosterona a mil, e isso funciona muito bem no roteiro de Joe Russo, pois a história é praticamente de um mercenário que por ter perdido a família não tá nem ligando se vai viver ou morrer no próximo desafio, desde que ganhe um bom dinheiro, e com isso o diretor brinca com planos sequências de embates maravilhosos de ver, a cena da fuga de carro é linda com a câmera girando para todos os lados e acompanhando eles, na sequência já sobem escadarias e vão entrando nos apartamentos populares chutando tudo e todos que surgir na frente na mesma frenesi, ou seja, a primeira metade do filme quase não vemos a câmera se desligar, e isso dá um boom imenso, mas aí surge o segundo ato, e embora ainda tenhamos muitos tiroteios, resolveram dar a chance para o elenco secundário indiano, e com isso aparecer vilões ridículos de interpretações e com motivações ainda piores, e desde o traficante inexpressivo e bobo que apenas ordena, até o garoto que quer subir de vida matando e até dá um presente inusitado para o traficante, vemos crianças de milícias tentando parecer maus e o resultado desanda lindamente, ou seja, claro que a grana de Bollywood foi boa para que todos os americanos migrassem para lá para fazer o filme, mas exigissem um elenco inteiro de americanos, ou pelo menos alguns atores mais imponentes da cidade, pois esses foram de doer. Sendo assim o resultado da direção que já é nova e não tem tino para controlar atores com atores fracos acabou desandando bem, e só quem não ligar para falta de história e de interpretações irá suportar ver essa versão de "Rambo" na Índia.
Já que critiquei as atuações acima, tenho de dar uma certa relevância ao menos para o protagonista, que resolveu entrar também como produtor executivo do longa, ou seja, vai levar também parte dos lucros do filme, Chris Hemsworth (mais conhecido como Thor) que se jogou literalmente na trama com seu Tyler, se sujou bastante, teve diversos hematomas e cortes (pelo menos cenográficos!), e que está até feliz com as comparações de seu personagem com Rambo, mas é basicamente o que o personagem faz de atirar, brigar, pular, rolar, e pelo menos ele fez ainda algumas caras e bocas, botou seus poucos textos de forma uniforme na tela, e ainda acertou bem seus trejeitos, ou seja, foi bem no papel. O jovem Rudhraksh Jaiswal praticamente só correu atrás do protagonista com seu Ovi, mas fez boas expressões de desespero, e quando precisou trocar alguns diálogos fez bem também, ou seja, teve dinâmica para não parecer perdido, e isso no meio de tanta bagunça é um acerto também. Randeep Hooda deu uma personalidade meio ninja para seu Saju, de forma que vemos suas nuances e desesperos para conseguir buscar o garoto de volta para casa, enfrentando tudo e todos, e mesmo fazendo alguns trejeitos estranhos acabou se dando bem com o personagem no segundo ato pelo menos. Golshifteh Farani é uma tremenda atriz indiana por toda sua carreira, tem feito grandes papeis tanto em longas americanos quanto franceses, mas aqui foi muito mal aproveitada com sua Nik, de modo que não sabemos quem é ela, nem o motivo de estar como agenciadora de mercenários, e faz tão poucas cenas de nuances que acabamos quase ignorando ela se não fosse uma bazuca monstruosa e um rifle na mão nas cenas finais, ou seja, poderiam ter trabalhado melhor sua personagem. David Harbour também é outro que surge do nada com seu Gaspar, faz algumas cenas bem colocadas, mas já era esperado suas atitudes secundárias, e sua melhor cena é a última não por suas expressões, mas sim a do garoto a sua frente, de modo que é melhor ele voltar para os filmes que não aparecem tanto sua cara. Agora o trio desastre ficou a cargo de Priyanshu Painyuli como o traficante Amir, que não serve nem para assustar fantasmas em cemitério com sua cara inexpressiva e atitudes ridículas, Piyush Khati como Arjun, um jovem de rua que quer ser um matador e só faz cara de mal para aparecer, e claro Pankaj Tripathi como o pai do garoto que está preso e aparece por dois segundos como a pessoa mais malvada da prisão, botando medo até nos guardas, mas que não serviu para nada além da cena inicial, ou seja, um desastre triplamente qualificado.
No conceito visual da trama tivemos atos bem imponentes, cheios de explosões, carros sendo destruídos, muita correria em prédios simples com os atores derrubando portas e entrando para todo lado, muitas armas (algumas estranhas com sons estranhos que pareciam mais de paintball do que de verdade), helicópteros, tanques, e claro um grande trabalho da equipe de maquiagem para criar ferimentos e muito mais, ou seja, é uma trama que os elementos cênicos nem foram tão simbólicos para a estrutura em si, mas criaram bem o ambiente mostrando uma cidade controlada pelo crime, aonde a polícia obedece mais o traficante que tudo, e que acabou sitiada em meio a toda confusão que o protagonista causa, funcionando bem o resultado mostrado na tela pelo menos. Junto disso para dar um clima mais tenso, a trama foi quase toda gravada num tom amarelado sujo, aonde tudo parece estar pegando fogo e dando uma dinâmica ainda mais forte para o longa, ou seja, um funcionou nesse quesito também.
Enfim, é um filme que funciona bem como entretenimento, que traz boas cenas cheias de ação na essência, e que quem gosta do estilo cheio de pancadaria ficará bem feliz com o resultado da maioria das cenas, mas que certamente poderia ter sido melhor trabalhado tanto nas interpretações quanto no desenvolvimento de uma história mais coerente, de forma que o resultado seria ainda melhor. Sendo assim vale a recomendação com ressalvas demais, mas não é um tempo perdido na frente da TV ao menos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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