Se tem um estilo de filme que você pode conferir sabendo 100% o que irá ver é o tal dos longas de esportistas que sofrem algum acidente e tentam voltar ao que faziam após superar o trauma, claro que passando por muitos perrengues, muitos momentos de ódio pela vida, e tudo mais que casualmente colocam, algumas vezes com superações pessoais e familiares, outras indo para o lado da religiosidade, mas sempre entregando alguma mensagem positiva no contexto. E claro que sabendo disso, nesse momento maluco que estamos, muitos estão procurando longas com essas mensagens, e mesmo alguns antigos que já foram lançados na plataforma a algum tempo começam a pipocar como sugestões na Netflix, e eis que um que até tinha colocado na minha lista apareceu hoje para que eu conferisse e resolvi dar a chance para "Andar. Montar. Rodeio. - A Virada de Amberley", que tem uma premissa bacana, mostrando a superação da jovem, que no ápice de suas montarias, ficou paraplégica em um acidente. Ou seja, tem momentos para se emocionar com a força de vontade da garota, tem os tradicionais momentos que dá vontade de socar a personagem pelas atitudes egocêntricas (mas que sabemos que ninguém está na pele e no sofrimento dela, então relevamos), e claro tem os romances, afinal temos uma garota bonita, no começo da vida acadêmica, e claro que sendo uma história real, iriam mostrar seus affairs. Não digo que seja um filme ruim, pois ele tem seus méritos, mas é tudo tão previsível, com atuações forçadas (chego até ouvir as vozes da dublagem que foram colocadas, mesmo assistindo legendado), e que certamente veríamos passar diversas vezes numa sessão da tarde na TV pelas mensagens de superação, porém poderiam ter emocionado mais em alguns atos e não serem tão diretos em outros, que aí o resultado seria melhor.
A sinopse nos conta que mesmo após sofrer um terrível acidente de carro que a deixa paraplégica, a jovem Amberley Snyder não desiste de seu maior sonho: se tornar a maior campeã de rodeio do país. Apesar de já ser a atual campeã, ela se esforça para prosseguir como a número 1 e volta aos treinos pronta para superar qualquer obstáculo.
O diretor Conor Allyn foi bem centrado no que desejava mostrar, criando um filme até com uma pegada emotiva cheia de curvas, que certamente pode pegar alguns, porém ele apenas desenhou seu filme com momentos marcados, não fluindo eles com uma força natural do estilo de longas de superação, e com isso até vemos os momentos duros que a personagem real viveu, vemos seu ego e desespero afrontar tudo e todos quando estava com uma infecção, e temos as situações sendo trabalhadas com uma forma doce e bem colocada, porém faltou ao diretor não quebrar tanto o tempo da trama, ou então usar artifícios mais comuns para que isso ocorresse sem ficar parecendo um aglomerado de cenas filmadas. Ou seja, ainda temos um bom roteiro, uma história real forte e bem contada, mas faltou desenvolver melhor um filme, e esse erro é comumente sentido por falhas na edição quando querem cortar demais um filme que ficou longo demais, ou por o diretor não preparar cenas suficientes para que o filme tenha uma fluidez melhor, e aqui aparentemente foi essa segunda opção, pois mesmo nas lembranças da protagonista de seus atos de glória nos momentos mais difíceis, acabamos vendo as mesmas cenas, ou seja, o resultado foi travado demais. Mesmo com esse defeito, não digo que seja um filme ruim, muito pelo contrário, ele é bonitinho, tem uma atriz que tem bons trejeitos, mas não faz chorar como deveria, e assim sendo faltou muito para chegar no topo do estilo.
No quesito das atuações, a jovem Spencer Locke entregou uma Amberley com muita personalidade, cheia de dinâmicas, mas com poucos trejeitos faciais, tanto que mesmo nos momentos em que está triste ficamos com dúvidas do que está sentindo se é dor ou outra coisa, mas nos momentos dialogados ela foi bem coesa, se colocou bem nos atos próximos dos animais (embora ao final ficamos sabendo que em todos os momentos a dublê de corpo dela nas montarias foi a verdadeira Amberley), e com isso sua atuação ao menos foi coerente com tudo, agradando de certa forma, mas que certamente o diretor poderia ter exigido mais dela. Missi Pyle entregou uma mãe meio estranha com sua Tina, de forma que pareceu mais a treinadora do que a própria personagem, fazendo trejeitos estranhos e forçados, mas que funcionaram no momento em que vê a caminhonete destruída, porém nos outros atos voltou a forçar e soou não muito agradável seu estilo. O pai vivido por Bailey Chase trabalhou bem, mas apareceu pouco, só em momentos espaçados, e isso soou um pouco estranho na trama, e embora mostre que ele é um treinador/competidor de outro esporte, no filme ficou meio que jogado seus sumiços. Max Ehrich foi simples, mas carismático com seu Tate, entregando o tradicional partido que chama a atenção das garotas que conferirem o longa, mas assim como o outro rapaz que poderia ter dado liga, só aparece em momentos chaves, e isso deixou o personagem solto demais na trama, aliás foi usado mais para divulgar a canção tema do filme do que como ator mesmo. Quanto os demais, se os protagonistas evaporaram de aparecer, então o restante podemos dizer o mesmo, com raros momentos bons de Corbin Bleu como o terapeuta Diego e Catharine E. Jones como a enfermeira Jenkins, mas nada de muito surpreendente.
O visual da trama foi todo claro puxado para o country, com uma casa/rancho bem rústica, com detalhes todos puxados claro para a prática de montaria, só caminhonetes imensas, e um hospital bem montado para mostrar os detalhes das operações da moça, além claro das arenas de montaria simples no começo, até chegar na grandiosa do final. Ou seja, a equipe de arte até retratou bem os momentos de luta da jovem com sua cadeira de rodas, os artifícios montados para ela voltar a cavalgar, e tudo com muitos detalhes marcando cada momento, mas nada que mostrasse um trabalho imenso, tirando claro a cena do capotamento que foi feita com uma imponência bem detalhista de tensão, embora seja um clichê bem marcado o que acabou acontecendo.
A parte sonora do filme foi bem ritmada com uma pegada country, e contou com boas canções para dar liga na trama, mas talvez se tivessem usado alguns temas mais melódicos e dramáticos o acerto triste que o filme precisava seria melhor tomado, mas ainda assim vale conferir as canções, então deixo aqui o link para conferirem.
Enfim, é um filme que serve bem de passatempo, que certamente veríamos ele tranquilamente em algum momento numa sessão da tarde na TV caso não fosse exclusivo da plataforma, e que alguns podem até se emocionar mais com a trama, mas como disse acima, faltou mais conexão e uma montagem mais sensitiva para parecer realmente um filme e não uma junção de cenas da vida da moça. Ou seja, ainda vale a conferida sem muitas pretensões, mas poderia ter ido muito além. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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