Diria que o filme "Dias Sem Fim" da Netflix segue a linha de quase um filme sem fim, daqueles que você cansa na metade, dá uma pausa para tomar uma água e descobre que não passou nem 1/3 do filme, daí mais uma parada mais para frente, ainda não chegou na metade, e quando você segue a linha inteira depois até o fim acha que já é até outro dia. Ou seja, é daqueles que você lê a sinopse, se interessa pelo tema, mas é o tempo todo tentando achar alguma justificativa para o meio em que o protagonista viveu, para tudo o que fez, para ser algo que não chega a lugar algum, de forma a classificar a trama como chata para pior. Sei que alguns vão se identificar, se emocionar com a essência violenta que um meio violento pode levar, mas usar isso como justificativa, ou ficar de enrolação de memória para achar algo não tem como, e dessa forma não consegui enxergar nada que valesse a pena indicar o longa.
A sinopse é bem simples e nos mostra que condenado à pena perpétua, um jovem negro recorda as pessoas, as circunstâncias e o sistema que o levaram a cometer um crime.
O diretor e roteirista Joe Robert Cole ganhou muito prestígio após a indicação do roteiro de "Pantera Negra" disputar diversos prêmios, e com isso era fato que ele conseguiria facilmente dinheiro para fazer outros projetos, e eis que surgiu aqui com essa trama reflexiva de um prisioneiro do meio, daqueles que se veem como coitados de nascer numa sociedade ruim, com amigos ruins e que só deve ficar por ali e virar algo ruim. Claro que já vimos muitas histórias do estilo, alguns defendem com unhas e dentes essa formatação, mas não tem como defender um filme ruim, que cansa por ter imensas idas e vindas de tempo, daquelas que estamos de repente na juventude, daí vai para a prisão, volta para a infância, vai para a prisão de novo, e numa bagunça imensa de ideias cansativas o resultado acaba não fluindo, nem mostrando o que desejavam. Ou seja, podemos dizer que é um roteiro imponente ao ponto de mostrar bem a vida do rapaz em seu gueto e sua tradicional desenvoltura de como acabou sendo preso por fazer o que os demais faziam também, mas não dá para dizer que o resultado final é algo que você assiste, se emociona e agrada com o que vê, pois é extremamente cansativo e arrastado.
Sobre as atuações, Ashton Sanders é bem expressivo, mas faz seu Jahkor tão sem nuances que chega a dar raiva dele não se direcionar, não se impôr ao meio, não criar como algo a mais, de forma que acabamos ficando cansados dele, e quando cansamos do protagonista não tem como o filme fluir bem. Jeffrey Wright é um tremendo ator, e seus atos como JD são simples e direcionados, ao ponto de que seu personagem até poderia ir bem além, mas como já estávamos cansados do protagonista, e todo o restante se amarra nele, o filme não flui para ninguém. Da mesma forma Isaiah John trabalhou seu TQ com personalidade, mostrando o ar marrento de que tudo pode dar certo, e ele até tenta chamar o filme para si, mas não era a abertura correta a ser vista, então o filme não entra nele. Quanto das mulheres da trama, Shakira Ja'nai Paye tentou dar algumas nuances com sua Shantaye, mas quem dá a vez é a grande Regina Taylor com sua Tommeta, ou seja, se mostraram bem em cena, mas o filme não pediu tanto delas. Uns que deram um bom tom, e talvez se o filme focasse mais neles foram as crianças da trama, com destaque claro para a expressividade de Jalyn Hall como o jovem Jahkor, e dessa forma se o filme ficasse nesse ar, talvez o resultado fosse outro.
Sobre o visual da trama, o longa mostrou bem a situação do crime, as festas imensas que traficantes fazem, mostrou um pouco do dia na prisão (meio forçado por ficar só no pátio), ambientou bem as desenvolturas das casas com armas, com bebidas, e embora não chame muita atenção para os detalhes todo o trabalho da direção de arte foi efetivo com muitas armas, figurinos pesados, muitos aparelhos dentários e tudo mais para representar ao máximo a comunidade aonde o protagonista viveu, e claro, passar sua ideia de não decolar na vida.
Enfim, volto a frisar que é daqueles filmes que até pode ser que alguns se enxerguem, que se emocionem com a situação dura que é mostrada, mas é tão cansativo, tão bagunçado de ideias que não tenho como recomendar de forma alguma, parecendo que o filme foi feito e esqueceram de dar dinâmica para algum resultado, ou seja, fujam dele que na plataforma certamente terá outro filme do estilo bem melhor para conferir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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