É engraçado que hoje falamos stalkear com uma simplicidade tamanha que nem notamos que abrasileiramos um termo americano para algo que convenhamos é bem idiota, pois qual a utilidade de ficar vendo as coisas que alguém comeu, indo nos lugares que a pessoa foi, comprar aquilo que ela usou, ou até mesmo ver os filmes que a pessoa gostou (opa... continuem lendo o que Coelho escreve!!!), e isso se tornou normal, mas acreditem ou não, tem aqueles doentes que acabam exagerando na dose e passam a ter um estilo de perversão pela pessoa, algo que sai fora do normal, e talvez hoje já até tenha alguma área da Psicologia ou Psiquiatria que trate essa compulsão por pessoas viciadas em Instagram, Facebook, e todas as demais redes sociais, que acabam perseguindo artistas ou até mesmo pessoas comuns pelas redes, e fora delas, ou seja, é algo para se refletir. Dito isso, o longa que estreou agora na Netflix, mas que esteve em diversos festivais em 2017/2018, "Ingrid Vai Para o Oeste" (que traduziram, mas que por ser o nome do perfil da protagonista no Instagram, vamos manter "Ingrid Goes West") mostra bem toda a loucura em cima de uma jovem que sai de seguidora virtual para seguidora real de uma pessoa, comprando coisas iguais, indo nos mesmos lugares, até conseguir virar "amiga" da pessoa, e ir só piorando as coisas com toda sua loucura, porém a trama é dramática e interessante de ver, de modo que é possível ver isso ocorrendo realmente por ai, e por isso o filme pegou tanto, mas acredito que talvez uma versão mais sombria puxada para o terror chamara muito mais atenção, e aí sim a tensão fora da realidade pegaria mais.
O longa nos mostra que Ingrid é uma jovem com distúrbios mentais que fica obcecada por Taylor, uma celebridade das redes sociais que parece ter a vida perfeita. Mas quando Ingrid resolve largar tudo para se tornar a melhor amiga de Taylor, seu comportamento se torna preocupante e cada vez mais perigoso.
Em seu primeiro longa metragem, o diretor Matt Spicer foi certeiro em apresentar diretamente quem é Ingrid para nós, não dando voltas ao redor, nem criando suposições malucas, de forma que acabamos entendendo tudo diretamente e o resultado já parte do princípio que ela tem uns parafusos a menos na cabeça, mas também que é muito esperta nas suas loucuras. Com isso em mente o diretor praticamente brincou com suas cenas, fazendo coisas simples e casuais, comuns de fã...náticos (ou stalkers que está mais na moda) como conhecer o banheiro da casa da pessoa, tirar foto de objetos, comprar as mesmas coisas e tudo mais para se sentir "igual" ao ídolo, até quando o lado todo muda como sequestrar o cão, começar a viver junto da pessoa, e entre outras coisas que só vão piorando durante toda a ideia da trama, e o ponto chave que mostrou um bom serviço por parte do diretor é o fato de ele não tentar forçar a barra para que seu filme ficasse irreal, mas sim colocando todas as nuances diretas, e deixando que ocorresse, e o acerto vem e funciona, mesmo que ainda acreditasse que algo puxado mais para o terror real mesmo fosse mais interessante de ver.
Quanto das atuações, Aubrey Plaza conseguiu passar muito bem toda a intensidade de sua loucura com praticamente uma única máscara bem feita para sua Ingrid, de forma que vemos algo tão comum ser abstraído, e vemos nela uma dependência precisa de formas, suas vontades, desejos e tudo num cerne perfeito para explodir a qualquer momento, tanto que quando vamos chegando próximo das cenas finais já ficamos pensando: "o que essa doida vai aprontar", mas foram singelos, pois poderia ter ido muito além. Elizabeth Olsen já conhecemos bem dos filmes da Marvel, e aqui sua Taylor é bem a cara das blogueiras estrelinhas que tanto já vimos pela internet afora, criando status com hashtag para todos os lados, com namorado semi-artista, vivendo uma vida cheia de maravilhas subjetivas, e claro usando todos ao seu redor, mesmo que não aparente isso, e ela fez bem seus atos, agradando mesmo que de forma simbólica. Quanto aos homens da produção, O'Shea Jackson Jr. entrega seu Dan bem cheio de trejeitos, com a pegada fã de heróis total, e que agrada pela simplicidade e pelos atos bem colocados, mas nada que surpreenda muito, e Wyatt Russel faz seu Ezra de uma maneira tão superficial que quase esquecemos dele na produção, principalmente quando o maluco vivido por BillyMagnussen surge com seu Nicky, ou seja, o elenco masculino até tem atos marcados, mas nada que impressione.
O visual da produção é simples também, pois não colocaram mansões, nem casas imponentes de Los Angeles, mostrando que instagrammers são pessoas sem dinheiro, que vivem em cima do que ganham das marcas, e que até tem seus luxos, mas nada que chame muita atenção, vivendo até realidades fora do que deveriam, e que os fãs podem ser mais loucos ainda se seguirem gastando igual, ou seja, a equipe de arte foi bem coesa de detalhes, que muitos poderão até ver de forma diferente a trama, mas que muitos conseguirão ver exemplos claros no filme.
Enfim, é um filme bem maluco, com uma boa proposta, bons momentos e boas atuações, que até tem um estilo marcado no meio entre comercial e filme de festival, que vai agradar alguns, mas que poderia certamente ter ido bem além em alguns atos mais fortes, mas ainda assim é algo que vale a conferida. Bem é isso, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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