Acho que já falei isso, mas uma coisa boa que tem servido de estar vendo muitos filmes na Netflix é conhecer produções de países que dificilmente chegariam ao interior, isso é fato, tanto que hoje descobri que além de Hollywood e Bollywood, também existe Nollywood na Nigéria que tem produzido tantos filmes que hoje só está atrás da indústria indiana de cinema, à frente inclusive dos americanos (no quesito quantidade é claro!), mas dito isso, não posso dizer que o filme que estreou nessa semana na plataforma "Love is War" seja daqueles que iremos ficar felizes em lembrar da produção nigeriana, pois a proposta temática até é bem interessante, de ver como é a organização de eleições governamentais no país, a bagunça que seria um casal ser concorrentes diretos em uma campanha, e todo o desenrolar das politicagens, porém o filme é morno demais, mal produzido, com situações tão amadoras que acho que nem no primeiro semestre da faculdade eu vi isso nos trabalhos, com cortes bruscos sem necessidade, com um jornal bobo no meio do caminho, e brigas tão mal coreografadas que parecia que o cara com um pedaço de garrafa estava dançando ao invés de querer bater na cara do outro. Ou seja, é daqueles filmes que até entregam alguma coisa, mas tem falhas a rodo para poder reclamar de tudo, além claro do clima novelesco dominando cada cena, que só quem gosta muito do estilo vai gostar do resultado final (que não é ruim!).
A sinopse nos indaga que quando um marido e sua esposa ganham nomeações como candidatos dos dois principais partidos em uma próxima eleição governamental, o casamento deles sobreviverá a esse evento sem precedentes?
A diretora e protagonista Omoni Oboli tem segurança no que faz, e isso é claro com seu estilo, com a demonstração de carinho com a cultura do país, e desenvolveu seu filme de uma boa forma, claro que temos de levar em conta o baixíssimo orçamento também, e com isso o filme tem sua desenvoltura de uma forma coerente e interessante de ser vista, porém como disse no primeiro parágrafo, faltou algo que estamos acostumados a ver em grandes produções, que é a dinâmica de personagens, as coreografias mais fortes, e claro, a diminuição da necessidade de diversos personagens cercar uma trama, e isso é algo que é da nossa cultura. Claro que estou opinando sobre algo que é novo para o meu conhecimento, pois é o primeiro filme da Nigéria que vejo, e pelo que li na quantidade que estão produzindo certamente verei muitos em breve. Agora quanto das falhas de exagerar na montagem, da necessidade de um programa jornalístico interceder com propagandas, de ter cortes estranhos, isso é algo que poderia ser evitado, ou seja, como falei também é um filme de proposta interessante de ser pensada, mas talvez, como sempre costumo falar, fazer direção e protagonismo raramente funciona, então um diretor assumindo o comando e ela apenas atuando o resultado seria bem melhor.
Agora falando das atuações, a mesma Omoni Oboli fez de sua Hankuri uma mulher forte, determinada e cheia de trejeitos para todos os estilos de situações, dançando para parecer bem disposta, desafiando os grandes nomes políticos da trama, e dando muito certo no seu ato de debate, de forma que é o que eu disse, se ela tivesse focado apenas em atuar, o acerto talvez seria melhor. Richard Mofe-Damijo trabalhou seu Dimeji com muita calma, com olhares vagos na maior parte do tempo, e soou até tímido demais para as câmeras, de forma que talvez um ator mais imponente daria um ar melhor para o marido/concorrente da protagonista. Quanto os demais, chega a ser até triste falar, mas é erro em cima de erro, desde a filha do casal que parece mero enfeite da trama, do dono de um dos partidos que grita mais que tudo como um verdadeiro mafioso, tivemos um padre/pastor estranho pelos modos políticos, e até mesmo os assessores acabaram fazendo caras e bocas desconexas, além da âncora do jornal que soou bizarra nos seus discursos, ou seja, melhor não dar destaque para ninguém.
No conceito visual, o filme entregou bem pouco, afinal é uma trama de baixíssimo orçamento, então vemos praticamente as mesmas cenas ocorrendo em diferentes ângulos, personagens na mesa da casa em diversas discussões, um hospital sem cara nenhuma de hospital, um gabinete simples, mas com detalhes para funcionar como algo eleitoral, e claro muitas campanhas nas ruas, duas feitas uma por cada partido num campinho com uns 100 figurantes, cada hora com uma camiseta e bandeiras diferentes, mas o mesmo ângulo de câmera (chega a ser engraçado de ver até), e em outras na rua com camisetas do partido e vários adesivos colados nos carros (inclusive nas camisetas - que devem ter usado para os dois partidos), ou seja, tudo muito simples, que até funciona, mas não para uma produção ser distribuída mundialmente.
Enfim, volto a frisar que a ideia do longa é boa, que até funciona pela história em si, mas são tantas falhas de direção, de produção, de técnicas, que chega a ser broxante tudo da forma que ocorre, e sendo assim não posso recomendar ele para ninguém, de forma que quem se arriscar mesmo não conhecendo técnicas irá rir de muitas situações, ou seja, escolha outro filme que é melhor. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.
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