É até engraçado falar de filmes de suspense com confusões de enredos, de forma que você de repente está achando que a trama vai para um lado e do nada tudo muda, e com o lançamento da Netflix dessa semana, "Mentiras Perigosas", a investigadora consegue deixar a protagonista tão confusa com tudo que nem que a moça fosse a mais segura das mulheres, ela ficaria com uma tremenda pulga em cima de tudo o que está ocorrendo, ou seja, se você gosta daqueles filmes que não entregam quase nada, mas que se você for observador enxerga tudo, esse certamente lhe agradará e deixará bem intrigado com tudo. Claro que como todo filme desse estilo, a trama está com mais furos que queijo suíço, e a cada cena nova você já vai pegando uma peça do quebra-cabeça para tentar tampar todos os furos, e isso é até legal de brincar, porém o filme dá muita bandeira de alguns elementos, e talvez poderiam ter ido por caminhos mais intrigantes. Ou seja, é um filme bem trabalhado no suspense, você se prepara várias vezes para tomar algum susto que não acontece, e cada elemento do jogo pode mudar toda sua opinião, o que é bacana de fazer, mas é um filme simples e bem feito, que poderia sim ir muito além e ser daquelas obras memoráveis, mas como disse, tem erros demais, e então não explode, mesmo com um final bem louco.
O longa nos conta que Katie e Adam são um jovem casal que batalham há anos para conquistar uma vida de sucesso para si. Quando Katie abandona seus sonhos de uma carreira médica para apoiar as ambições de seu marido, os dois enfim parecem se encontrar na hora certa e no lugar certo para sua vida funcionar. Porém, tudo se complica quando eles se encontram no meio de uma investigação criminal.
O diretor Michael Scott possui um estilo bem clássico de TV e séries, e isso é bem notável se pararmos uns minutinhos para ver sua filmografia, e aprofundarmos com o que vemos na tela, pois ele a todo momento procura uma reviravolta para causar, a todo momento quer uma quebra cênica, e muitas vezes isso não é necessário na história, claro que funciona na maioria das vezes, mas fica parecendo que a todo momento no filme fica parecendo que vai surgir uma tela dizendo "nos próximos capítulos" ou "veja amanhã isso", o que cansa em alguns atos, mas de certa forma essas diversas reviravoltas do roteiro de David Golden soaram interessantes para que o filme não ficasse tão monótono, afinal a química do casal de protagonistas foi bem fraca para conseguir manter o longa todo. Ou seja, o diretor soube usar algo que conhece bem para que seu filme tivesse dinâmica, só que ao mesmo tempo ele esqueceu que um filme é algo mais sequencial, sem intervalos, e com isso muitos é capaz de até ficar perdidos com tantas dúvidas que o longa permeia, o que não é ruim de ver em um filme de mistério, e sendo assim, nem tudo é perdido.
Quanto das atuações, já disse que faltou muita química para o casal, de forma que nem parecem casados, e talvez nem dê para dizer namorados, mas o roteiro disse assim, então vamos seguir, dito isso, Camila Mendes tem uma boa dinâmica de olhares, sabe segurar a tensão, e criou bons momentos para sua Katie, fazendo com que suas dúvidas fossem passadas na mesma velocidade que surgiam para o público, o que é legal de acompanhar, mas faltou um pouco mais de firmeza para a personagem dominar a tela, ou seja, foi simples, mas efetiva. Já Jessie T. Usher tem estilo e fez seu Adam bem conectado com o momento ao ponto de passarmos a duvidar de tudo o que fazia, claro que dentro da proposta da trama, mas chega a ser estranho certas atitudes dele, ao ponto de olharmos para o ator e pensar nos motivos que ele poderia ir mais forte, ou até mesmo sem fazer tantas caras de mistério em cenas comuns, ou seja, ele foi bem, mas também soou bem estranho. A investigadora Chesler vivida por Sarah Alexander é daquelas que você fica com raiva pela quantidade de dúvidas que ela acaba colocando nas nossas mentes, e na da protagonista, de forma que se tivesse mais tempo de tela seria daquelas que acabaríamos enjoando ou amando, mas como só apareceu nos momentos de encaixe, seu resultado acabou bem interessante para a trama, mostrando um acerto da atriz no que fez. Elliott Gould entregou um Leonard bem coeso, cheio de estilos e com olhares simbólicos bonitos de acompanhar, tanto que o que ocorre na trama é totalmente passível de acontecer, embora maluco, e o ator veterano deu um ar mais sério para a produção pelo menos, agradando nos seus poucos momentos. Quanto aos demais, diria que o maior erro do diretor foi não ter tempo para seus desenvolvimentos, pois tanto Cam Gigandet com seu Hayden quanto Jamie Chung com sua Julia acabaram entrando nos momentos chaves, fazendo o que tinham para fazer, mas quase sendo desconexos de todos os atos, e seus momentos finais acabaram tão rápidos que chega a desanimar, falar então de Michael P. Northey então com seu Calvern é algo então indefensável.
No conceito visual da trama tivemos locações bem interessantes desenvolvidas com muitos detalhes, desde uma lanchonete sendo assaltada, passando por uma delegacia bem movimentada, um apartamento simples, e claro uma mansão gigantesca com jardins bem preparados, sótão cheio de elementos para serem usados, uma garagem com muitos elos também, e claro um banco, de forma que todos os atos poderiam ocorrer em tantos ambientes, usando tantos elementos cênicos, mas não, preferiram muitas vezes as escadarias da mansão, ou seja, um gasto imenso para a equipe de arte nem ser tanto usada, mas ainda assim tudo tem seu funcionamento pelo menos, o que agrada bastante.
Enfim, é um filme denso, com bons momentos e desenvolturas, que poderia ser muito mais do que acabou entregando, mas que ainda assim vale o tempo de tela, pois é curto e tem boas dinâmicas, de forma que vemos ele voando e funcionando. Claro que muitos irão ver mais defeitos e furos do que o normal, mas ainda assim não é de se jogar fora, ou seja, recomendo ele com muitas ressalvas. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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