Sempre é bom conhecer um pouco mais de História, e geralmente filmes baseados em fatos reais costumam trazer bons fatos para incrementar nosso conhecimento, mesmo que tendo que colocar algumas firulas para virar uma ficção mais imponente, e com o longa da Netflix, "O Banqueiro da Resistência" acabamos conhecendo um pouco como foram feitos os financiamentos para os grupos que tentavam frear Hitler através de greves ou ajudas aos judeus na Holanda, ou seja, é daqueles filmes que encaixam toda a trama em cima de situações de torturas, de falsidades, mas que contou de uma forma tão sagaz todas as dinâmicas, todas as situações que os personagens se envolveram, colocando cada momento com precisão cênica que o resultado vai envolvendo e tratando tudo muito bem ao ponto de agradar e situar o público de tudo. Claro que muitas situações não dão para acreditar que aconteceu daquela forma, mas sem dúvida os números certamente foram bem expressivos para a época, e assim sendo é de imaginar o rombo que aconteceria sem controle.
O longa nos conta que durante a ocupação nazista, o banqueiro de uma família de Amsterdã Walraven van Hall aceita com entusiasmo, apesar das reservas do irmão Gijs e de muitos colegas, ajudar a resistência financiando-os com créditos falsos, pelos quais o governo holandês no exílio dá uma garantia pós-guerra. À medida que a guerra prossegue, ele excede em grande parte a soma garantida e cria uma coordenação entre os componentes de resistência, mas os alemães e os colaboradores montam uma grande operação para encontrar e acumular a "margem subterrânea". À medida que as forças aliadas se aproximam, é necessária uma quantia muito maior para pagar por uma greve ferroviária maciça, mas os sistemas regulares estão esgotados. Walraven agora planeja um plano ousado de liberar fundos do banco nacional por uma rede complexa, se forjadas notas promissórias, mas a cruel SS está em seu caminho.
Não sou um grande conhecedor do cinema holandês (aliás nem lembro qual foi o último filme holandês que vi!), mas posso dizer que o trabalho que o diretor Joram Lürsen fez aqui foi bem montado ao ponto de vermos a trama como uma grande produção policial de época, aonde vamos entrando no clima de tudo, sentindo a vontade do protagonista em conseguir mais dinheiro de alguma forma para dificultar mais ainda as invasões alemãs, e claro vermos também a imponência dos generais em busca de quem estava fazendo tudo, se aliando à pessoas do meio, torturando e tudo mais. Ou seja, a história do longa foi muito bem escrita, teve uma direção minuciosa de detalhes, e souberam ainda fazer com que os protagonistas tivessem destaque total, mesmo com várias aberturas de nicho, que certamente sem uma direção coerente viraria uma novelona de época, o que não agradaria tanto como acabou acontecendo.
Sobre as atuações, chega a ser até engraçado ver o crescimento dos protagonistas na trama, pois inicialmente pareciam calmos demais, sem muita perspectiva, mas chegou um momento no miolo que já estava até curvo na poltrona para seguir cada trejeito que eles colocavam em seus atos, ou seja, deram show na tela. Jacob Derwig foi clássico com seu Wally (ainda bem que usaram seu apelido, pois ouvir toda vez Walraven ia ficar estranho), e conseguiu passar desde um ar sereno nos olhares até o desespero em algumas cenas, além claro de muitos outros, mas sem dúvida seus atos mereceram todo o destaque, pois o jovem certamente salvou muitas vidas, e o ator mostrou isso com precisão de sentimentos. Barry Atsma também incorporou bem seu Gijs, fazendo tanto o papel de irmão mais velho, quanto o de um contador sereno das atitudes mais loucas que um cliente pode pedir, mas certamente foi preciso na época para mostrar serviço, e ao final da guerra conseguir que todos os empréstimos fossem pagos, ou seja, o personagem foi forte, e o ator se mostrou de um porte muito bem marcado, tendo claro o destaque de cena no momento das trocas de títulos. Não vou falar muito dos demais, pois a maioria são atores que nem conhecemos tanto, e como disse infelizmente não vemos tantos longas holandeses nas plataformas ou cinemas, mas posso dizer que sem dúvida alguma todos os que fizeram generais e funcionários da SS foram imponentes nos atos, fortes nas atitudes, e que cheios de trejeitos bem marcados acabaram chamando muita atenção, os demais da resistência foram dinâmicos, cheios de bons atos, alguns como sempre não muito fortes para com as torturas, entregando comparsas e tudo mais, e quanto das mulheres, foram pouco usadas, mas trabalharam bem os sentimentos.
Diferente da maioria dos filmes de guerras, aqui o longa foi mais burocrático no visual envolvendo muitos títulos, reuniões e trabalhos escondidos, mas com um visual de inverno incrível, muitas gráficas de porões, bancos gigantescos, e claro celas de tortura bem montadas o filme teve toda uma sensação montada para chamar atenção e conseguiu, ao ponto de até sentirmos frio na espinha com os protagonistas passando pelos apuros que passaram, ou seja, a equipe de arte foi simples, porém efetiva ao ponto da trama acabar parecendo até uma grandiosa produção.
Enfim, é daqueles filmes que nos envolve e que nos transporta para a época ao ponto de sentirmos a tensão nos protagonistas, vermos tudo o que faziam para fugir das regras, e principalmente com uma montagem bem dinâmica conseguiram passar todo o sentimento sem cansar, pois, como bem sabemos a História é algo que não é dinâmica, e quando contam certos momentos o resultado geralmente acaba cansativo, e aqui foi bem o contrário, e sendo assim vale muito a recomendação. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...