Netflix - Presságio (La Corazonada) (Intuition)

5/28/2020 01:10:00 AM |


Se tem algo que costuma sempre dar errado são os famosos prequels, ou melhor explicando, filmes que antecedem algum original de sucesso, e como isso é algo que anda na moda, eis que a Netflix que viu que um de seus filmes originais fez bastante sucesso, tratou de encomendar algo em cima dele, e cá 2 anos após o lançamento de "Desaparecida" na plataforma, foi lançado hoje, "Presságio", que pasmem, conseguiu o feitio de ser bem melhor que o original, que parecia uma bagunça de ideias, uma investigação meio que jogada, e aqui não, temos duas ou três boas investigações rolando, situações bem tramadas, e claro, tudo ao redor para tentar confundir o espectador para não chegar tão facilmente nas respostas. Ou seja, é daqueles filmes policiais que gostamos muito de conferir, tentando acertar quem foi o criminoso, ou o que vai acontecer, que mesmo tendo alguns elementos meio que jogados, faz a produção argentina ter um bom peso e agradar bastante do começo ao fim. 

O longa conta a história de Manuela Pelari, Pipa, uma jovem policial que está dando seus primeiros passos como investigadora e que, juntamente com Francisco Juanez, um polêmico inspetor da divisão de homicídios, terão que resolver os violento assassinato de uma menina de 19 anos cujo principal suspeito é o melhor amigo da vítima. Paralelamente, Pipa terá a difícil tarefa de investigar secretamente o crime de um jovem em que Juanez parece ser culpado.

No filme original, o diretor Alejandro Montiel apenas assinava como adaptador do livro original, porém aqui a história é sua, roteirizada e dirigida, e certamente ele viu aonde conseguiria suprir os problemas que teve lá para que seu filme ficasse mais envolvente, e o resultado está aí para quem quiser conferir, pois vemos uma trama que até tem defeitos, passa um estilo levemente novelesco com diversos personagens entremeados, mas o foco é tamanho nos protagonistas que acabamos nos envolvendo com eles, e conhecendo um pouco mais do estilo de Pipa, de forma que mesmo quem não tiver visto o longa de 2018 irá entender tranquilamente, verá as boas dinâmicas, e conseguirá seguir com tudo o que é mostrado do começo ao fim, de forma que tudo se encaixa bem. A trama tem bons elos, e por incrível que pareça maquia bem as pistas para não desconfiarmos de cara de ninguém, e assim os chutes até parecem meio que fora de rumo, ou seja, o diretor soube trabalhar muito bem para o estilo policial que gostamos de ver, e o resultado funciona.

Quanto das atuações, se já tinha gostado do estilo de Luisana Lopilato no primeiro filme, aqui a jovem se mostrou mais determinada ainda, mostrando a tradicional insegurança por aqui ser uma novata no mundo da investigação (diferente do primeiro filme aonde já era uma investigadora experiente) e com bons trejeitos fez sua personagem ser bem encaixada, mesmo que quase seja uma coadjuvante aqui, porém ainda assim dominou tudo e agradou bastante com sua Pipa. Joaquín Furriel já conseguiu se verter mais como o protagonista Francisco Juanez com uma pegada mais intensa de investigação, e claro com métodos mais envolventes e dúbios, de forma que vamos entrando na dele, e quase virando um papagaio investigativo na sua cola, e com isso vamos pensando da mesma forma e argumentando com a TV para quem fez tal coisa, o que é bem bacana de ver, pois o ator mandou muito bem em tudo. Quanto aos demais cada um da sua maneira puxou a trama nas suas cenas principais, de forma que Maite Lanata fez boas cenas com sua Minerva, embora seja meio sem sal, Rafael Ferro deu um ar forte para seu Roger, de modo que nos faça ficar sempre com um pé atrás de seus atos, e isso poderia ter ido mais além, e até Sebastian Mogordoy fez um Ordoñez bem interessante em alguns atos, mas Abel Ayala como Zorro foi fraquíssimo e até bobo, e os demais quase nem apareceram, mas felizmente tudo caiu bem nos devidos momentos.

A equipe de arte fez cenários bem marcantes no começo da trama, e talvez poderiam ter ido mais além nesse conceito, mas depois o filme ficou quase todo na delegacia, e na cena do crime, de modo que tudo fica meio preso, mas ainda assim temos bons elementos, alguns furos exagerados (como a bolsa achada e a arma do crime), além de alguns atos digamos falsos para uma investigação, mas de certo modo o resultado geral funciona, principalmente pela boa história, e talvez até poderiam ter criado um espectro de mistério mais imponente, mas aí já seria pedir demais.

Enfim, é um filme bem interessante de conferir, com boas nuances, com todo o mistério prendendo sem entregar de cara quem é quem, deixando isso para as cenas finais, e o acerto é bem vindo para quem gosta de ver longas policiais do estilo, ou seja, superou e muito as expectativas, pois realmente estava com medo pelo primeiro filme ser fraco de modo geral, e com isso inventarem de fazer um prequel ao invés de uma sequência, mas vale a conferida, pois acertaram a mão. Sendo assim, fica a dica, e eu volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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