Já venho falando há alguns dias que o cinema espanhol que a Netflix tem entregue tem sido da melhor qualidade em praticamente todos os gêneros, e isso é muito bom de ver, pois mostra uma segurança dos diretores, e claro enxergar aonde podemos ir com menos erro de perder tempo vendo qualquer bobeira. Dito isso, hoje a indicação da plataforma foi para uma comédia bem simples chamada "Te Quiero, Imbécil", que é daquelas que o nome entrega de cara o que irá ocorrer, e que logo na terceira cena já ficamos completamente preparados para todo o resultado até o final, de forma que já vimos pelo menos uns 100 filmes iguais, mas isso não é ruim, muito pelo contrário, é interessante por podermos ver como cada diretor opta por conduzir o mesmo mote e divertir com isso. Ou seja, se você gosta de uma comédia leve, bem feitinha, com atuações até bobas pelas situações em si, mas que não força a barra, que desenvolve perspectivas dos romances fúteis da atualidade, do mundo moderno versus o pessoal que ficou preso muitos anos e se perdeu na arte da sedução, e tudo mais, mas que certamente irá divertir quem colocar para conferir, de modo que tudo é simples, e o resultado ao menos funciona com boas músicas.
A sinopse nos conta que Marcos foi deixado por sua namorada exatamente quando ele ia pedir para ela se casar com ele. Na sequência foi demitido do trabalho e volta a morar com seus pais. Sua vida se tornou de repente em um desastre, dos grandes. Com esse panorama, Marcos está determinado a reinventar-se e ter sucesso, mas não tem ideia por onde começar. Então ele vai para o local onde está tudo: Internet. Ao tentar aplicar o conselho de um youtuber, Marcos encontrará um velho amigo da escola, um novo chefe, sua ex-namorada, colegas muito intensos e muitas dúvidas existenciais.
A diretora Laura Mañá, que já foi atriz por um bom tempo, soube encontrar aqui um estilo bem carismático e bem colocado para que sua produção não desandasse, de forma que vemos cada momento solto e junto funcionando, pois mesmo que alguns atos pareçam esquetes soltas de tudo, mostrando os atos do protagonista deprimido, ou querendo aprender a ser um homem mais moderno, ou até mesmo apenas ser ele mesmo, mas que tudo junto acaba tendo seu volume funcional, o que é muito bacana de ver, ou seja, ela não trabalhou o filme dirigindo apenas um elo, mas conseguiu que sua trama não ficasse arrastada, e também não ficasse boba e jogada demais, de forma que acaba acertando em pequenos detalhes, mesmo que erre por colocar alguns itens desnecessários e bobos (como é o caso do youtuber de auto ajuda), e sendo assim o filme flui bem, tem uma pegada bem simples sem desandar, e acaba divertindo sem precisar apelar, o que é raro de ver hoje nas comédias.
Sobre as atuações, Quim Gutiérrez passa bem longe do perfil galã, mas teve seu charme com estilo, mostrando as modas atuais dos rapazes que fazem de tudo para seduzir, o estilo de roupas, cabelos, cremes e tudo mais, numa grande brincadeira com seu Marcos, de forma que acabamos nos conectando com o carisma que soube passar para ele, ou seja, vemos seu crescimento na trama, acreditamos nos seus atos de quebra da quarta parede ao conversar conosco, e acaba envolvendo mesmo sendo bobo de pensamentos, pois como costumamos dizer, qualquer um enxergaria logo de cara o que ele demorou o filme todo para ver, mas se acontecesse dessa forma não teríamos filme, então podemos dizer que ele foi bem no que precisava. Natalia Tena deu para sua Raquel uma personalidade forte, uma agitação bem colocada, e fez com que ela mesmo sendo deixada de lado sempre pelo protagonista mantivesse seu estilo, o que foi bem gracioso e engraçado de ver, ou seja, não exagerou, nem forçou a barra, coisa que certamente veríamos em um longa americano da mesma história/personagem. Alfonso Bassave trabalhou bem seu Diego, já utilizando bem mais a pinta de galã, e trabalhou bem os contrapontos com o protagonista, mas sendo seu amigo foi mais um exemplo do que alguém que atrapalhasse o andamento da trama, e o ator fez bem seus atos como secundário, sem atravessar o protagonista, nem ficar apagado demais, o que é muito bom de ver. Quanto aos demais, tivemos alguns exageros expressivos tanto de Alba Ribas com sua Ana, mas que felizmente apareceu em poucos atos, e claro, Ernesto Alterio entregando a situação que vemos acontecer com muitos youtubers da vida, com seu Sebastián Vennet bem forçado, dando dicas gerais, mas que depois nas cenas pós-créditos vemos que não é bem assim que acontece, ou seja, mesmo apelativo funciona.
Visualmente a trama não ousa muito, tendo algumas locações bacanas em áreas externas de Barcelona, mas praticamente o tempo todo se passa dentro do escritório que o protagonista vai trabalhar, ou em bares/clubes, ou no estúdio de tatuagens da protagonista, na casa dos pais dele, e por ai vai, sem muitos elementos marcantes, mas claro demonstrando as necessidades atuais dos homens modernos, o que acaba sendo até engraçado de ver. Ou seja, a equipe de arte fez o básico, mas fez bem feito, claro que exagerando nas cenas do youtuber, mas como já disse, isso é um caso a parte que não seria nem necessário ter.
Um outro ponto muito bom de acompanhar na trama foram as escolhas musicais, que deram ritmo e até significado para alguns momentos, de forma que a equipe colocou na playlist não apenas canções conhecidas, como também adicionou outras que inspiraram os momentos, e assim sendo vale conferir depois, e deixo aqui o link para isso.
Enfim, é um filme bem simples, que já de cara ficamos sabendo quase tudo o que vai rolar, afinal já vimos muitos outros do mesmo estilo e mesma formatação, mas que é gostoso de conferir, que passa voando as quase duas horas, e que vale bem como um bom passatempo, mas que como disse no texto tem leves defeitos e exageros, e por isso vou tirar alguns pontos da nota, mas nada que atrapalhe a curtida no geral, sendo assim, fica a recomendação para conferir ele. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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