Se você gosta de uma comédia leve, gosta de filmes de ação policial, e ainda tem um certo gosto para romances, com toda certeza vai gostar da mistura que é o novo longa da Netflix, "Um Crime Para Dois", pois a trama brinca com os três estilos sem precisar apelar, sem forçar a barra, e ainda consegue zoar muita coisa bizarra que tem na TV e na internet atualmente, isso usando apenas boas sacadas nos diálogos, e com uma química precisa entre os protagonistas no meio de uma noite bem maluca. Claro que não é daqueles filmes memoráveis, não tem um roteiro impressionante, nem uma direção daquelas que vamos aplaudir ao final, mas acaba sendo uma trama gostosa de acompanhar, que funciona dentro do que se propôs, e que mesmo nas situações mais exageradas acaba soando graciosa, ou seja, é uma delícia de conferir, e certamente muitos irão curtir tudo como um bom passatempo na TV.
A sinopse nos conta que um casal experimenta um momento decisivo em seu relacionamento, quando involuntariamente se envolvem em um mistério de assassinato. À medida que sua jornada para limpar seus nomes os leva de uma circunstância extrema - e hilária - para a próxima, eles precisam descobrir como eles e seu relacionamento podem sobreviver à noite.
O diretor Michael Showalter é daqueles que não pega um tema só para trabalhar em seus longas e séries, de forma que se lhe entregam um drama, ele já bota pitadas românticas, puxa uma comicidade na outra ponta e sai fazendo um filme maior, como foi no seu estouro em 2017 quando conseguiu a proeza de levar seu filme para quase todas as grandes premiações, e aqui ele faz praticamente a mesma coisa, só que por ser um mistério policial o ponto máximo, a trama acabou menos envolvente que o outro filme, mas ainda assim botou uma pegada sensual romântica, trabalhou bem a comicidade da dupla que inicialmente não parece ter química alguma, e com isso seu filme tem ritmo, tem fluxo, e principalmente, diverte na medida certa ao ponto de no final já estarmos até meio que dançando com a música dos créditos, pois a pegada foi bem feita e interessante. Claro que o fechamento foi até rápido demais, alguns personagens praticamente nem foram desenvolvidos (alguns até jogados na tela sem utilidade quase que alguma), e com isso o filme passa bem longe de ser perfeito, mas para quem quiser um longa bem descontraído, o diretor acaba entregando algo mais do que perfeito.
Sobre as atuações, o casal sem dúvida alguma foi muito bem montado, pois parecem inicialmente forçados, sem química, com estilos estranhos, mas com o desenrolar da trama vemos uma boa conexão entre ambos, e o resultado acaba empolgando bastante ao ponto de até querermos ver mais deles, ou seja, se acertaram, já os demais da produção, eu não diria o mesmo. Kumail Nanjian está só comendo pelas beiradas com seu estilo carismático, suas atuações trabalhadas em poucos trejeitos, mas que sempre acabam resultando em momentos chamativos, de forma que mesmo não sendo um texto seu aqui, ele deu muita personalidade para seu Jibran, e certamente irá crescer muito ainda ao ponto de ficar muito conhecido em Hollywood, pois se com papeis pequenos já mostrou atitude, em breve estará entre os grandes da Marvel, então é ficar de olho se não vai se queimar lá, ou se irá explodir de vez. Não conhecia Issa Rae, mas aqui sua Leilani tem uma boa pegada, consegue encontrar espaço para seu estilo de humor, e faz caras fortes para chamar a trama para si, ao ponto de precisar exagerar um pouco em certos momentos, mas acaba agradando. Agora quanto aos demais, todos foram muito soltos na produção, ao ponto de praticamente ninguém ter grandes atos, com algumas cenas bem colocadas com Eddie e Brett de Anna Camp e Kyle Bornheimer tanto na casa deles com a tortura quanto no ritual, mas sem dúvida o destaque dos secundários ficou para Paul Sparks com seu Bigode, que teve cenas espalhadas por todo o filme, fazendo carões e até chamando uma certa atenção, mas nada que lembraremos dele num futuro.
Quanto do conceito visual da produção, não podemos classificar a trama como um road movie, mas praticamente os protagonistas passeiam o filme inteiro, primeiro com uma super corrida de carro ágil e maluca, depois uma desenvoltura mais doida ainda numa lanchonete e num carro de aplicativo compartilhado, depois numa festa estranha de amigos, indo para um secreto clube com rituais bem fora dos padrões, para depois um passeio numa delegacia, e finalizando numa marina, ou seja, para uma trama de 86 minutos a equipe de arte precisou trabalhar bastante, e fazer muito milagre para não explodir o orçamento, mas entregaram bons detalhes, cenas com vários ambientes bem feitos, e agradaram em cheio com os tons escolhidos para dar as nuances e tensões corretas que o filme precisava para funcionar.
Enfim, é um filme bem bacana e gostoso de conferir, daqueles que você nem vê o tempo passar e acaba curtindo tudo. Claro que por ser bem curto, vários personagens secundários não foram desenvolvidos, várias cenas acabaram sendo suprimidas, mas o resultado todo acaba funcionando, e isso acaba nem sendo algo prejudicial para a trama, ou seja, quem gosta de um filme bem leve, cheio de bom humor (alguns atos ácidos, mas tudo bem!) e que gosta de se divertir bastante pode clicar direto que é garantido. Sendo assim, fica minha dica, e eu fico por aqui hoje, voltando em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
PS: A nota até poderia ser menor pelas falhas, mas me diverti bastante e o resultado valeu a pena para dar essa nota.
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