VOD - Bem-vindos a Marwen (Welcome to Marwen)

5/23/2020 02:55:00 AM |


Lá no começo de 2019 quando passava em quase todas as sessões que ia o trailer de "Bem-Vindos a Marwen", o sentimento é que seria um tremendo filme, daqueles que me emocionaria e que o resultado seria tão perfeito quanto diversos outros longas do estilo, mas aí veio a bomba da crítica americana não ter dado altas notas, e resolveram que no Brasil seria lançado direto em home-vídeo, o que na época era algo meio que triste demais, mas que agora com a pandemia tem virado algo frequente sem os cinemas abertos para exibição de filmes "menores", enquanto os grandes estão tudo sendo adiados para frente. Dito isso que me deixou extremamente desanimado, e até desesperançoso de ver a trama, mas eis que surgiu a oportunidade agora, e posso dizer com toda certeza que é um filme bem bonito, que trabalha bem tanto os momentos com atores quanto os com bonecos animados, e que funciona demais no conceito emotivo trabalhado, ao ponto que ficamos em muitos momentos confusos do que pode ter ocorrido, qual a relação de cada coisa, mas ao final o resultado é entregue perfeitamente e agrada demais, tanto pela essência em si, quanto pela formatação escolhida para mostrar essa história real na tela.

A sinopse nos conta que em 8 de abril de 2000, o aspirante a artista Mark Hogancamp se tornou vítima de um ataque violento quando cinco homens o espancaram e o deixaram morto. Após o ataque, Mark ficou com pouca ou nenhuma memória de sua vida anterior devido a danos cerebrais infligidos por seus agressores. Em uma tentativa desesperada de recuperar suas memórias, Hogancamp constrói uma vila em miniatura da Segunda Guerra Mundial chamada Marwen em seu quintal para ajudar em sua recuperação. Infelizmente, os demônios de Mark voltam para assombrá-lo quando ele é convidado a testemunhar contra os cinco homens que o atacaram.

O diretor Robert Zemeckis tem um estilo tão bem dosado que é raro um filme seu que não tenha segurança em todos os momentos, e aqui suas desenvolturas são bem tramadas, seus atos são precisos de sentimentos, e até quando achamos que o filme poderia dar uma desandada ele conseguiu amarrar a ponta solta e envolver o público. Claro que uma coisa sempre é notável em suas produções: o fato dele dar ao protagonista uma vivência bem desenhada, daquelas que acabamos nos envolvendo tanto com os personagens principais, que nem ligamos para o restante, e aqui sendo uma história real, ele acabou entregando para Steve Carell algo com um estilo tão presente, um desespero sentimental preciso e até mesmo situações formatadas para que ele mostrasse sua desenvoltura, e o resultado é perfeito tanto nos momentos que vemos o Carell como ator mesmo, e nos trejeitos colocados para o seu boneco na animação. Ou seja, é um roteiro envolvente, com uma direção precisa, e um protagonismo incrível, que agrada bastante, e só não é melhor pelos secundários ficarem bem em segundo ou terceiro plano, mas que ainda assim não atrapalha o ótimo resultado.

Sobre as atuações, sabemos o potencial de Steve Carell, e que sempre que ele pega um personagem acaba se entregando tanto que o nível vai parar lá em cima, tanto que ultimamente não tem errado em nenhuma de suas escolhas, e aqui não foi diferente com seu Mark/Hogie, ao ponto que nos afeiçoamos tanto aos seus atos, seus trejeitos, seu estilo de tudo, que quando vemos o bonequinho ficamos até pasmos com suas semelhanças monstruosas que a equipe conseguiu fazer, ou seja, tudo de uma perfeição tamanha ao ponto de querermos até mais do que ele já faz, e isso é difícil demais, ou seja, é daqueles personagens que não vemos mais o ator, mas sim uma composição precisa e perfeita de ver. Leslie Mann até dá um ar interessante para sua Nicol, mas a personagem é meio sem sal demais, de forma que preferia até ver mais das outras garotas do que ela como sendo a paixonite do protagonista, pois não se entrega, não chama atenção, apenas é bonita e tem um quê de misterioso, mas nada muito além disso. Merritt Wever trabalhou sua Roberta com um tom doce, com uma precisão de harmonia, e até tem um envolvimento bem colocado para sua personagem, de forma que seu carinho para com o protagonista é sentido, e valeria bem mais cenas com ela. Quanto as demais mulheres, ouvimos mais suas vozes nas bonecas do que vemos elas realmente, mas todas possuem personalidades fortes, gênios corajosos e suntuosos ao ponto de agradar com estilo, tendo claro o destaque para a bruxa Deja Thoris vivida por Diane Kruger, que acaba tendo mais importância nos atos, e assim chama bem a atenção, mas as demais agradam também com um pouco de simplicidade, mas mereciam um pouco mais de desenvolvimento para serem melhor apresentadas. E quanto aos demais homens do projeto, também vemos pouca interação, mas os bonequinhos foram imponentes e muito bem dublados para chamar atenção de impacto, e claro dar o tom que o filme tem nas entrelinhas do abuso que o protagonista sofreu, e assim sendo, mesmo eles não aparecendo tanto, o filme acaba valorizando bem eles.

Visualmente o filme tem tanto conteúdo, tem detalhes onde quer que olhamos, com ambientes macro e mini perfeitos, a mini cidade é precisa de objetos cênicos marcantes, cada ato envolve tanto para olharmos e nos perdermos completamente onde quer que nosso olho batesse, vendo desde os bonecos, até os ambientes da casa preparados para o protagonista se lembrar das coisas, além de muita sabedoria da equipe de arte para que tudo funcionasse sem parecer artificial demais na computação, com bonecos lutando, correndo e vivendo a vida do protagonista como uma alegoria de sua mente, e ao mesmo tempo que vemos como uma animação, temos eles como reais presentes em cena, ou seja, tudo é arquitetado com precisão e agrada demais ver na tela cada detalhe cênico.

Enfim, é daqueles filmes que valem sempre lembrar, tanto pela mensagem em si de superação de um grande trauma, quanto pela técnica entregue, e certamente se faz valer cada minuto acompanhando para entendermos o protagonista, sua história, seu problema, e tudo o que vai acontecendo, seja observando os detalhes da animação ou até mesmo o detalhe da vida real do personagem, de forma que o resultado acaba indo até além das falhas de desenvolvimento dos personagens secundários, e assim sendo, recomendo demais a trama para quem puder ver. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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