Se você está desesperado por um filme gostoso de comédia, daqueles que fazem rir pelas situações em si, sem precisar colocar piadas bobas ou apelar para exageros, pode pegar e dar o play no Looke em "As Primeiras Férias Não Se Esquece Jamais", que está no Festival Varilux em Casa (ou seja de graça para todos até 27/08), e se preparar para rir, para vivenciar um romance casual bem colocado e tudo mais, de forma que você de cara vai vendo tudo o que pode dar errado num relacionamento, e claro nas loucuras que o casal acaba fazendo, e caindo. Ou seja, é daqueles filmes bem leves, que trabalham bem todas loucuras casuais, e que principalmente tem uma dupla bem trabalhada, que não é composta de comediantes, mas que tornam seus momentos engraçados, e isso é o mais comum na comédia francesa, e sendo assim acerta demais.
O longa nos conta que os parisienses Marion e Ben, ambos na casa dos trinta anos de idade, se conhecem pelo Tinder. E isso é tudo o que eles têm em comum. Mas os opostos se atraem e, depois de um ótimo primeiro encontro, eles decidem, na manhã seguinte, sair juntos de férias, apesar dos conselhos daqueles que os rodeiam – e os conhecem muito bem. Finalmente, o novo casal escolhe o destino de suas primeiras férias juntos: eles irão para a Bulgária! Eles pensam que o lugar seria ótimo, pois está no meio do caminho dos destinos dos seus sonhos: Beirute para Marion, Biarritz para Ben. Sem planejamento e, como descobrirão rapidamente, com concepções muito diferentes do que deve ser umas férias de sonho, eles iniciam uma jornada que certamente mudará suas vidas.
Já disse isso algumas vezes, que é raro um primeiro longa de um diretor funcionar bem, mas aqui Patrick Cassir acertou muito bem, pois com uma pegada leve, ele não cansa, e usando de muitas loucuras cotidianas que vemos espalhadas na modernidade como Tinder, Airbnb, acampamentos colaborativos, e claro hotéis luxuosos, ele acabou conseguindo colocar sua marca sem precisar apelar, ou usar de coisas clichês do gênero, afinal a comédia romântica tem marcas próprias, e aqui vemos tudo ir com uma fluência quase jogada para o erro acertar. Ou seja, é claro que vemos um ou outro detalhe comum do estilo, vemos falhas casuais, mas em momento algum ele perde o tom que escolheu para seu filme, sempre abusando das situações, e deixando que o absurdo de entrar de cabeça numa aventura fosse o engraçado, e assim o resultado funciona bem, e diverte bastante.
Sobre as atuações, chega a ser até engraçado a diferença entre o casal de protagonistas, de forma que não tem química entre eles, são completamente opostos, mas funcionam bem dessa forma, e mais ainda, por não serem comediantes, não ficam puxando trejeitos engraçados, mas acabam fluindo com a trama, e o resultado acaba sendo engraçado. Dito isso, Jonathan Cohen trouxe para seu Ben todas as paranoias atuais, como prevenção de doenças em casa, família próxima demais, e claro aventureiro que não gosta de mato, ou seja, ele acaba caindo nas loucuras da parceira, e tudo o que acaba fazendo soa bizarro e divertido, ao ponto de rirmos de tudo o que faz, e isso é um acerto bem bom de ver. Camille Chamoux trabalhou sua Marion como a tradicional escritora que nota detalhes em tudo, que gosta de viver a vida sem se preocupar ou ter rédeas, e a atriz trabalhou trejeitos calmos, meio malucos, sempre procurando algo a mais aonde estava, e isso deu um gás para a trama, acertando bem, mesmo que em alguns momentos soasse forçada por querer se aventurar demais, mas sem errar pelo menos. Quanto aos demais, cada um se deu um pouco nas devidas cenas, e o resultado vem de boas conexões com seus personagens, e praticamente sem grandes destaques, de forma que auxiliam os protagonistas, mas nada vão além do que isso.
Visualmente o longa encontrou locações bem inusitadas na Bulgária, com uma casa bem rústica próxima de uma praia bem bizarra, pessoas estranhas para todos os lados, restaurantes típicos estranhos, depois um acampamento cheio de nuances naturais, com pessoas de todos os tipos e claro muita sacanagem, um passeio de trem da forma mais maluca, até chegarmos no luxuoso hotel com pessoas mais velhas e dispostas a pagar pelo conforto e por tudo o que se possa pensar, além claro de boas cenas em Paris também, mas sem nada chamativo para a cidade em si, ou seja, a equipe de arte valorizou o ambiente, trabalhou poucos elementos, mas foi simples e coerente para agradar nos detalhes, o que valorizou muito no conteúdo do filme.
Enfim, é um filme bem gostoso, que tem um teor digamos para maiores pelos atos sexuais ocorrendo como todo casal (então mesmo sendo uma comédia divertida, evite ver com crianças na sala!), e com uma trama leve e descontraída, voltamos a ver uma boa comédia francesa como casualmente ocorre, e sendo assim recomendo com toda a certeza para quem gosta do estilo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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