terça-feira, 16 de junho de 2020

Looke - Luta de Classes (La Lutte Des Classes)


Sinceramente pela sinopse esperava ver um filme diferente hoje, talvez algo mais cômico, puxado pela ideia de abandono dos amigos, ou então problemas familiares mais contundentes como o pobre garoto não se adequar a escola, porém "Luta de Classes" basicamente entra na enfadonha briga realmente de classes sociais, das diversas culturas que permeiam a França com imigrantes de diversos países, com todo um ambiente para se discutir envolvendo religião, envolvendo teorias familiares, amizades, diferenças entre escolas, e tudo mais. Ou seja, é daqueles filmes que servem bem para discussões, que abre um vértice mais trabalhado para a pedagogia, ou para conflitos familiares do que um filme gostoso realmente de ver, pois ele entra em essências amplas de conflitos parentais, de entendimento dos gostos da criança e tudo mais que gostam de trabalhar. Claro que passa bem longe de ser um filme ruim, pois tem toda uma boa direção de atores, e uma história bem moldada para mostrar todo o conflito do garoto, dos pais, e até da sociedade em si, mas talvez um algo a mais como o que ocorre no final antes, chamaria mais a atenção para tudo.

O longa nos mostra que Sofia e Paul se mudam para uma pequena casa suburbana. Ela, uma brilhante advogada de origem magrebina, cresceu em um apartamento próximo dali. Ele, baterista de punk-rock e anarquista de coração, cultiva uma falta de ambição que chega a ofender! Como todos os pais, eles querem o melhor para seu filho Corentin. O menino estuda na escola primária local, mas quando todos os seus amigos abandonam a escola pública e seguem para a instituição católica São Benedito, Corentin se sente solitário. Como se manter fiel à escola republicana quando o seu filho não quer pôr os pés lá? Com seus valores e ansiedades de pais em conflito, Sofia e Paul vão ter sua família testada por uma verdadeira "luta de classes".

Diria que a ideia do diretor e roteirista Michel Leclerc era ir com algo a mais realmente, promovendo maiores discussões dos valores familiares atuais, dos conceitos que as escolas precisam demandar para atender a todos, do desleixo que andam alguns prédios abandonados, e tudo mais, e digo mais funciona não só na França, como em muitos outros países, afinal o Brasil não tem tantos estrangeiros em escolas infantis, mas com a vastidão cultural de um país imenso, temos de todos os tipos e conceitos possíveis, ou seja, dá para analisar bem por aqui. Porém volto a frisar algo que bato muito na tecla, até onde um longa de discussão serve como entretenimento, e vice-versa, pois aqui toda a ideia é muito funcional para debates, tem toda uma pegada bem feita para isso, porém se fosse lançado num cinema comercialmente seria visto? Provavelmente não! Pois ele em momento algum cativa o público, nem tem algo que impacte, ou melhor, tem no ato de encerramento, que se ocorre antes abriria muito mais vértices para a trama, teria mais discussões, e até algum motivo a mais para a conexão familiar, mas são opções de montagem, e até de história, e aqui ele falhou nesse conceito (como filme para um público maior), mas se você está estudando pedagogia, ou é professora/diretora de uma escola e quer algo para discutir com pais, pode conferir e analisar tranquilamente, que vai ser um ótimo material.

Sobre as atuações, Edouard Baer entregou para seu Paul um rebelde sem causa, anarquista total, mas que se preocupa com o filho, querendo que ele tenha uma boa vida, sem ter conflitos com o que quiser fazer, e o jovem ator fez bem seus atos, teve estilo, mas faltou um algo a mais para convencer de seus ideais, embora seja bacana seus momentos. Leïla Bekhti trabalhou bem sua Sofia, mas tem dúvidas demais de atuação, de modo que a todo momento parecia que não ia engrenar, fazendo olhares vazios e cenas bem colocadas, mas forçando para chamar atenção demais. O garotinho Tom Lévy chega a dar dó, pois tem dinâmicas de criança realmente, mas não atua, só quer brincar e ficar andando de um lado para o outro, e isso faltou muito para que seu Corentim fosse além. Dos demais é melhor nem comentar, pois um mais jogado que o outro, com os diretores gritando para se impôr, a professora desajustada, e os pais sem muita base artística nenhuma, ou seja, é um filme aonde o elenco até aparece, mas não ajuda em nada na trama.

Visualmente o longa foi bem montado com bastante amplitude, mostrando famílias de diversos credos e estilos, uma escola pública caindo os pedaços por estar fazendo uma reforma maluca para segurança contra invasões e ataques, aulas sobre ataques, desfiles culturais, bandas punk tocando para desabrigados que nem entendem a língua, e claro escolas mais requintadas embasadas em religiões, ou seja, o filme tem um design de produção bem trabalhado para mostrar tudo o que o longa tenta discutir, e usam bem essa cenografia nos diversos atos, mas poderiam ter ido bem além.

Enfim, é um filme simples, que até tem uma boa amarração, mas que como disse só serve para discussões e funcionalidades fora do entretenimento, pois quem for esperando um algo a mais em cima da trama certamente sairá bem desapontado com o fechamento. Ou seja, friso que não é algo ruim de ver, que tem uma boa dinâmica e tudo mais, porém não vai além de uma história pedagógica e cultural, que até vale ser conferida, mas sem pretensões, e dessa forma não o recomendo como algo gostoso de ver, mesmo estando gratuito na plataforma do Festival Varilux em Casa no Looke. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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