Looke - Primeiro Ano (Première Année) (The Freshmen)

Pois bem, quem acompanha a minha saga pelos cinemas sabe que Junho geralmente é a época que me enclausuro dentro de alguns cinemas e vejo uma tonelada de filmes franceses durante o Festival Varilux, e que esse ano devido a pandemia ainda nem tem data ainda de ocorrer, mas para nossa alegria, em uma parceria de várias empresas, o Festival liberou na plataforma Looke, 50 filmes que passaram pelo Festival nos últimos anos, e alguns que não vieram, mas são da mesma qualidade, e detalhe DE GRAÇA até 27/08/2020!!! Então será a oportunidade para que muitos vejam excelentes filmes franceses (alguns já tem a crítica aqui no site, outros terão em breve, pois irei conferir os que faltam), e aqui deixo o link para todos conferirem. Dito isso, vamos falar de um que está lá e que vi tantas vezes o trailer aguçando muito minha vontade de conferir, mas que não chegou a vir pra cá, e olha que é um tremendo filmaço, pois "Primeiro Ano" mostra a vida maluca de dois jovens que cursam o primeiro ano da faculdade de ciências da saúde (lá na França se divide dessa forma, fazendo todas as matérias comuns no primeiro ano, para depois pelas melhores notas cada um escolher qual curso deseja fazer realmente após um ano, e só os melhores podem escolher entrar para Medicina - aqui você pode entender melhor), e numa concorrência gigantesca, muitas matérias para decorar e entender, uma loucura imensa para se viver, a trama ainda consegue mostrar bem a amizade dos protagonistas de uma forma interessante e bem inteligente, que acaba comovendo pela forma que tudo ocorre. Ou seja, é daqueles filmes que tem uma amplitude maior, e que agrada pela simplicidade, mas confesso que tem de ser muito louco para viver um processo seletivo imenso que é mostrado.

A trama nos conta que Antoine começa seu primeiro ano de medicina pela terceira vez. Benjamin chega diretamente do ensino médio, mas ele rapidamente percebe que este ano não será uma jornada tranquila. Em um ambiente altamente competitivo, com aulas e noites difíceis dedicadas a revisões e estudo em vez de festas, os dois alunos terão que trabalhar duro para encontrar o equilíbrio certo entre as dificuldades de hoje e as expectativas de amanhã.

Para quem assim como eu não sabia, o diretor e roteirista Thomas Lilti é médico também, e em seu terceiro filme com a temática resolvi pesquisar essa sua vontade de mostrar um pouco dessa carreira, já que tivemos antes "Hipócrates" e "Insubstituível", ambos com a temática, ou seja, ele sabe bem do que está mostrando na tela, e cada momento certamente foi vivenciado seja na época de seu ingresso na faculdade, na época da residência média, ou até mesmo nos seus momentos atendendo pacientes como médico de família, e o mais bacana é ver como ele sustenta bem os personagens, toda a ideia visceral por trás de cada ato, e ainda consegue estruturar para que o filme emocione e passe alguma mensagem para todos, mesmo que você não vá seguir a carreira da Medicina, e aqui o principal mote é em cima da amizade verdadeira, da compaixão, e até mesmo do plano de carreira que alguns se enxergam como tendo algo de vida como o sonho de ser aquilo, enquanto outros nem sabem bem o que querem, apenas seguindo a carreira da família. Ou seja, a trama tem um pouco de tudo, e o diretor soube segurar cada ato com bons estilos ao ponto de agradar bastante, e principalmente, não ficar um longa maçante somente em cima de estudos difíceis para uma concorrência brutal (pois desleal é o que ocorre aqui com diferentes alunos de escolas e estilos diferentes, lá a briga é com quem viu as mesmas coisas o ano todo!).

Sobre as atuações, chega a ser até engraçado o diretor usar o mesmo ator em seus dois filmes, então Vincent Lacoste em 2014 já era um médico residente, e aqui está brigando para cursar Medicina, mas o mais engraçado é que parece que em 4 anos o ator até rejuvenesceu, ou seja, é daqueles que ainda podem fazer muitos filmes se passando como jovens pois sua genética ajuda, e mesmo aos 27 anos, ainda tem cara de garoto, dito isso, seu Antoine é todo trabalhado em trejeitos mais fechados, já está surtando ao fazer o primeiro ano pela terceira vez, mas mostra toda sua vontade pela profissão que almeja, de forma que chega a ser bonito sua cena apaixonada por uma operação, ou seja, o ator foi bem no que fez em todos os atos. Da mesma forma William Lebghil também se entrega bem como um novato, mas daqueles que se dão melhor com as matérias, pegam tudo mais rápido, porém ainda não sabem se realmente é isso o que querem da vida, de forma que seu Benjamin tem trejeitos mais calminhos, e até dóceis de ver, o que chama atenção, e funciona bem até o final tudo o que faz. Quanto os demais, a maioria só aparece de relance, um pouco mais os pais dos jovens, e até a jovem oriental que mora vizinha do protagonista, mas com poucas falas, e quase nenhum destaque, então melhor manter o foco só nos dois.

No quesito visual, a trama foi bem grandiosa principalmente na quantidade de figurantes, mostrando as aulas lotadas, as provas mais ainda com milhares de jovens em um único galpão fazendo testes juntos, e livros e mais livros para todo canto, ou seja, algo completamente trabalhoso para a produção, mas sem grandes firulas também, o que mostra uma direção centrada, e bem feita nesse quesito, principalmente para que o filme ficasse o mais real possível.

Enfim, é um filme bem gostoso de ver, com uma proposta mais direcionada para jovens estudantes, mas que pela sintonia e mensagem passada de amizade ao final acaba valendo a conferida para todos, e sendo assim recomendo bastante ele, principalmente por estar gratuito para todos, então aproveitem. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.