Geralmente quando longas americanos resolvem mexer com um lado mais apelativo de humor o resultado costuma não ficar algo muito interessante, pois acaba sendo daqueles filmes que olhamos a estrutura, rimos de um ou outro ponto, e ao final ficamos pensando: será que gostei disso mesmo? Pois bem, o longa do diretor Jeff Baena, "A Comédia Dos Pecados", foi lançado comercialmente lá fora bem antes de seu longa da Netflix que foi lançado nesse ano, "Entre Realidades", porém apareceu na plataforma hoje e resolvi conferir para ver qual motivo fez com que seu peixe fosse tão bem vendido para conseguir um lançamento pelo streaming afora, e posso dizer que a trama tem uma pegada boa de época, envolvendo monarquia, religião, pecados para todos os lados, e principalmente uma certa zoação com toda a ideia de filmes desse estilo, porém faltou um pouco mais de graça em tudo, de modo que você até acaba rindo, mas não se divertindo como poderia. Ou seja, é um filme apelativo, que tem uma montagem tradicional, tem uma história e tudo mais, mas que talvez se fosse por outros caminhos agradaria bem mais.
A trama nos conta que fugindo de Lord Bruno, experiente em batalha, por dormir com sua esposa, o servo bonito e disposto, Massetto, foge para a segurança da floresta durante o verão quente e pacífico de 1347. Lá, depois de um encontro casual com o sempre embriagado, mas misericordioso padre Tommasso, o jovem encantador encontrará refúgio no santuário de seu convento, sob uma condição: fingir que é surdo-mudo. No entanto, a presença tentadora de Massetto perturbará inevitavelmente o já frágil equilíbrio de coisas dentro do reino feminino reprimido sexualmente, já que freira após freira busca desesperadamente uma fuga de seu estilo de vida tedioso e uma razão extra para molestar o charmoso trabalhador manual. No final, aquelas irmãs enclausuradas finalmente descobrirão o que estavam perdendo todos esses anos?
Chega a ser até estranho falarmos do estilo do diretor Jeff Baena aqui depois de termos visto seu filme posterior a esse, pois se lá achávamos tudo muito confuso e ficávamos nos perguntando que tipo de porre ele tinha tomado junto da roteirista para criar toda a loucura, aqui vemos que ele já tinha essas nuances malucas na cabeça, e que lá apenas se aprimorou, pois aqui tudo flerta com algo cômico (afinal é uma comédia), mas mais choca do que faz rir, e assim vemos a tradicional loucura por sexo de freiras não muito santas em um convento, mas ousando por situações bizarras, e que até poderiam ir além, mas que acabaram usando pouco. Ou seja, todos os atos são funcionais, a história convence, mas ficou parecendo que o filme foi rápido demais em tudo, não desenvolvendo muito as situações, ainda mais sendo baseado em um livro. E dessa forma não digo que seja um longa ruim, apenas foi mal desenvolvido, pois certamente com a ideia mais aberta, o resultado seria ainda mais engraçado, e talvez até pegaria mais em alguns outros pontos.
Sobre as atuações, tivemos um Dave Franco bem cheio de trejeitos com seu Masseto, agradando bem tanto nas nuances como surdo-mudo, como nos olhares mais tentadores para cima de todas as mulheres da trama, de modo que ele é o quebra ponto do filme, e funcionou muito bem, usando pouco do diálogo, mas mostrando bem pertinente ao personagem do começo ao fim. Dentre as jovens freiras, é até cômico ver a semelhança delas tanto nas atitudes, quanto nos trejeitos, de modo que chega a ser até confuso ver quem é Alison Brie com sua Alessandra e Aubrey Plaza com sua Fernanda, que claro há diferenças corporais, mas ambas fazem praticamente um complemento da outra nas cenas, e trabalham tudo com dinâmicas tão bem orquestradas de forma igual, que o resultado agrada e cai bem para a produção. Ainda tivemos alguns momentos mais doidos com Kate Minucci com sua Ginevra, e claro pontos marcantes com o padre Tomasso vivido pelo sempre correto de estilo John C. Reilly, ao ponto que seus atos malucos e incorretos como um ministro da fé acabam virando comédia pura, e acerta bastante. Além desses principais, ainda tivemos momentos bem marcados com outros personagens, mas sempre atos rápidos sem muito destaque, mas bons de verem ao ponto de mostrar que ao menos no quesito atuação, todos foram razoavelmente bem.
Visualmente o longa tem uma essência bem de época, mostrando os conventos tradicionais, com pouco contato das freiras com homens, a não ser o padre do local, fazendo suas tarefas de bordados, limpeza, colheita, e mais ao norte tendo os castelos de lordes, mas claro que aqui como a irreverência faz parte da trama, tivemos bruxaria, homossexualismo, muita tensão sexual, e claro figurinos ousados, que chamam bem a atenção, ou seja, toda a parte artística, bem como os elementos cênicos foram usados para montar a trama, mostrando que a equipe de arte foi bem coerente e preparada para tudo o que o diretor precisasse usar e ousar.
Enfim, é um filme que diverte de certa forma, mas que não ousa como poderia, pois certamente se melhor trabalhado teríamos um longa divertido, que talvez não precisasse apelar tanto, e o resultado agradaria bem mais, mas ainda assim é um filme que muitos irão gostar e serve de passatempo, mesmo sendo bem maluco. E assim sendo, até que recomendo ele de leve, e fico por aqui hoje, voltando em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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