Confesso que quando vi a duração do novo filme da Netflix, "The Last Days Of American Crime", já previ enrolação ao máximo, mas como se tratava de um longa envolvendo ação, crimes, drogas, violência, e o diretor sempre fez filmes desse estilo bem trabalhados relevei imaginando que seria algo funcional todo esse tempo, mas meu faro não falha, e dos 148 minutos diria que pelo menos uma hora é inútil para a trama, de modo que você vai falar para que mostrar tudo isso, mas que ao menos na sequência final o resultado funcionará e agradará bastante pela dinâmica. Ou seja, é um filme insano, cheio de coisas impossíveis de acreditar, daquelas que nem em outra realidade veríamos acontecer, mas que diverte e entretém sem cansar, ao ponto que poderia ser eliminado muita coisa, e incluído muito mais após a super cena de ação mesmo ao final, mas é um gosto peculiar, e assim, muitos podem até gostar de toda a loucura e enrolação para chegar no ponto máximo, porém uma coisa eu digo, a ideia inteira da trama é bem pensada, e poderia gerar filmes melhores com um desenvolvimento mais coerente.
O longa nos conta que para acabar com atividades criminosas e terroristas, o governo americano planeja emitir um sinal que impedirá qualquer comportamento ilegal. De posse dessa informação, o criminoso Graham Bricke, o filho de mafiosos Kevin Cash e a hacker Shelby Dupree planejam cometer o último grande assalto do país antes que o sinal seja ativado.
Claro que toda loucura da trama não sairia da cabeça de uma pessoa só (ou não dependendo de alguns casos!), mas aqui o longa é baseado em uma HQ bem insana, foi adaptado para as telas, e caiu nas mãos de um diretor também bem acostumado com filmes digamos "impossíveis" de se imaginar, de forma que Olivier Megaton é conhecido por longas cheios de violência, cheios de planos explosivos, com loucuras com carros, tiros e tudo mais que gostamos de ver, mas na maioria das vezes ele consegue resolver todas as maluquices com um roteiro mais fechado, escolhendo melhor os cortes, e projetando sua trama dentro de uma história mais realista, e aqui embora a ideia de um dispositivo que cause tonturas quanto aos crimes é bem interessante, a tentativa de um último grande crime totalmente projetado também é bem bacana, porém ele enrolou tanto para fazer acontecer, que quando no começo falam que falta uma semana para o dispositivo funcionar, a trama pareceu durar todo esse processo longo, e isso não funciona em um filme (talvez numa série!). Ou seja, o diretor esqueceu a tesoura em casa e quis colocar todas as cenas possíveis e imaginárias na trama, esquecendo a principal final para ser resolvida rapidamente (afinal gastou bastante com ela, entre tiros, carros, explosões), e assim sendo só quem aguentar até o fim irá curtir uma grande ação realmente, pois passar por uns pedaços será bem difícil.
Sobre as atuações, é fato que arrumaram um elenco bem fraco para um filme que tinha potencial, mas dentro das possibilidades, fizeram bem seus atos ao menos para que convencesse do que estavam fazendo (tirando claro a ultra exagerada na cena final). Dito isso, Édgar Ramirez até tem uma pegada boa para um assaltante, e talvez ver os atos de planejamento de seu Bricke fossem até mais interessantes para o filme, mas colocaram ele em bons atos, e ele não negou trejeitos, indo bem no que precisava. Michael Pitt foi um exagero em cima do outro com seu Kevin, de modo que o jovem queria aparecer tanto ele quanto seu personagem, e dentro do que era a história até fez bem seus momentos, mas poderia ser menos exagerado que agradaria mais. Anna Brewster tentou ser sensual e chamativa com sua Shelby, trabalhou como alguém inteligente, e até fez carões para a câmera, mas não teve a carisma suficiente para chamar tanta atenção, de forma que sua personagem soou frouxa, mesmo sendo a mais importante da trama, se pararmos para analisar, mas ao menos não forçou a barra em momento algum. Quanto aos demais, a maioria podemos chamar de figurantes, pois um ou outro tem uma fala a mais, um ato mais chamativo, e alguns até aparecem do nada e somem do nada, enquanto outros parecem ter importância e são jogados também, como é o caso do policial vivido por Sharlto Copley, que quase vira protagonista em alguns atos, ou seja, é melhor nem falar dos demais.
Filmes de ação sempre entregam visuais bem requintados, cheios de elementos para explodir, muitos tiros, armas malucas, carros capotando, e aqui a equipe de arte fez o dever de casa, ao ponto que vemos até elementos cênicos demais que acabam nem sendo explicados direito, outros soaram exagerados, e alguns até poderiam ir mais além, mas foi da escolha da equipe ter desde casas destruídas para mostrar o estado do país, trailers em meio a nada, uma divisa de país cheia de pobreza e desespero, e claro boas dinâmicas de perseguição, claro com destaque completo para tudo o que foi feito nas cenas finais, e só ali a equipe já mereceu respeito ao menos.
Enfim, é um filme com uma proposta que valia uma refinada melhor, mas que felizmente mesmo sendo longuíssimo acaba não cansando, e assim sendo quem gosta de uma ação exagerada sem muito nexo acabará feliz com o resultado, porém ainda assim o resultado final é bem fraco com a bagunça toda desnecessária, e a grande maioria irá reclamar de tudo. Eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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