Como costumo dizer, sempre é bom conhecer um pouco mais da História, e muitos filmes baseados em fatos reais acabam trazendo um pouco mais de épocas que éramos crianças ou então nem estávamos vivos para conhecer, e que por não serem grandes marcos acabam nem aparecendo tanto nos livros. Dessa forma, conhecer um pouco mais das tentativas dos dois lados de tirar Cuba de Fidel nos anos 90 só chegaram até nós em uma versão, e com o longa da Netflix, "Wasp Network - Rede de Espiões", vemos os jovens que desertaram de Cuba para Miami para infiltrados em organizações terroristas que desejavam derrubar o governo através de assaltos e explosões, passarem informações para Cuba tentar derrubar essas ações, ou seja um pessoal bem trabalhado, cheio de reviravoltas interessantes, porém contendo histórias demais para serem mostradas apenas em um filme, de forma que o conteúdo todo acaba sendo meio que disperso em todas as situações, e talvez uma minissérie sobre o tema recaísse melhor, mas ao menos o grande elenco latino repleto de estrelas conseguiu dar todas as nuances e agradar bastante com tudo o que foi mostrado. Ou seja, vale a conferida pela dinâmica inteligente do diretor, mas não espere muito ação, pois é meio parado demais.
A sinopse é bem básica, e baseada em uma história real, ela nos mostra que durante a década de 1990, o governo de Cuba decidiu instalar um grupo de espiões em plena Flórida, no intuito de combater movimentos instalados no local, que buscavam desestabilizar o país com o objetivo de derrubar Fidel Castro.
O diretor Olivier Assayas é daqueles que sempre gosta de trabalhar bem suas histórias, de modo que aqui se inspirando no livro "Os Últimos Soldados da Guerra Fria" de Fernando Morais, conseguiu captar bem a essência da trama, desenvolveu bem os personagens, e criou bem uma rede de espiões como a trama pedia, porém para tudo isso acontecer ele segurou um pouco a dinâmica da trama, e não colocou um ritmo mais forte no seu longa, o que não é ruim também, porém a todo momento ficamos esperando algo a mais acontecer, e somente mais próximo do final que vemos algo a mais. Ou seja, o diretor quase criou um documentário dramático, bem ficcional, que agrada ver, funciona bem, e que cria o ambiente em si, de modo que tudo entra em nossa mente e ficamos pensando quem foram essas pessoas, e por quais motivos defendiam tanto Fidel, mas vamos vendo a trama e acreditando neles ao ponto de vermos bem o lance de patriotismo, e assim o resultado vem. Claro que ainda vou afirmar que esperava, por ser um filme de espionagem, algo mais dinâmico, com tiros, bombas e tudo mais, com personagens correndo para não serem presos, mas o resultado não decepciona, pois o diretor fez com que cada personagem chamasse bem a atenção, e assim sendo vale tudo o que é mostrado, mesmo não sendo algo tão imponente.
Agora falar das atuações é quase como bater palmas do começo ao fim, pois conseguiram pegar o melhor elenco latino possível para os papeis principais, e o resultado é um show de expressões marcantes, personagens interessantes, e claro boas cenas. Edgar Ramirez trouxe força para seu Rene, mostrando inicialmente algo até estranho de se entender, mas depois de uma virada clássica (e explicativa), começamos a gostar do que faz, e o ator mostra atitude e bons momentos com seu personagem. A sempre bem encaixada Penélope Cruz traz para sua Olga sofrimento, estilo e chega até parecer daquelas mulheres que são abandonadas pelos maridos e acabam ganhando força, e a atriz concentra bem as dinâmicas de sua personagem do começo ao fim, chamando atenção em todos os atos e trabalhando muito com os olhares, que é sua marca característica aqui também. Wagner Moura já deve estar casado com Ana de Armas, pois segundo filme em menos de um ano na plataforma como um casal, e ainda contando com uma química bem colocada fez com que seus Juan e Ana soassem bem como um casal de estrelas de cinema, cheios de mistérios e estilos ao ponto de chamar bem atenção e funcionar. Ainda tivemos o sempre charmoso Gael Garcia Bernal trabalhando com seu Manuel/Gerardo cheio de mistérios, com sutilezas marcantes e chamando para si as cenas mais fechadas do longa, ou seja, fez o chefe de tudo sem parecer chefe de nada. Quanto aos demais, a maioria apenas faz conexões com os protagonistas, mas sempre tendo um ou outro momento marcante, e tendo apenas Leonardo Sbaraglia com um leve destaque para seu Jose Basualdo.
No conceito visual, o filme mostrou bem as casas da época, os aparelhos de grampo telefônico, os métodos de divulgação panfletária da revolução, os métodos de imigração, casas clássicas da época tanto em Cuba quanto na Flórida, ou seja, a equipe fez uma boa pesquisa, conseguiu encontrar bons figurinos e cenários característicos para moldar bem a trama. Ou seja, é daqueles filmes que os detalhes nem contam tanto por focar mais nos diálogos e situações, mas tudo é tão bem feito que acaba chamando atenção, claro com destaque para a gigantesca festa de casamento de um dos protagonistas.
Enfim, é um bom filme, cheio de tramas bem colocadas, que até vão agradar quem gosta de uma boa história que não é tão conhecida, mas se o diretor tivesse prezado por um pouco mais de dinâmica ao invés de querer apresentar tanta gente, certamente o resultado investigativo seria mais envolvente e agradaria bem mais. Ou seja, recomendo ele com a ressalva de que se você não gosta muito de filmes de conteúdo apenas deva fugir, pois a chance de reclamar de tudo é bem alta. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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