Filmes que envolvem doenças e superações sempre são fortes e emocionantes, seja pela doença em si, ou claro por boas interpretações que os atores conseguem passar para o público, e geralmente como a maioria provém de biografias, o resultado de saber que alguém fez aquilo e foi bem dá um gás a mais para a conferida. Digo isso com muita empolgação após ver um filme que nem é tão novo, mas que acabou não passando por aqui em 2017 quando ganhou diversos prêmios na Espanha, e hoje posso dizer com certeza que foram mais do que merecidos, pois "100 Metros" é daqueles motivacionais gostosos de conferir, que não apelam tanto com pianinhos emotivos, nem com exageros de personalidades, mas que sim optam por dar uma abertura maior sobre o tema, e mostram com boa densidade um resultado forte, uma garra bem colocada, e principalmente um filme gostoso e empolgante de ver do começo ao fim. Ou seja, um filme bem montado, com um trabalho cheio de boas dinâmicas, que mostra bem os diversos traumas que a doença causa tanto na vida das pessoas, quanto daquelas ao redor delas, mas que acima de tudo entrega foco e força de vontade em cima de uma doença devastadora para milhões de pessoas no mundo todo.
A sinopse nos conta que Ramón, um pai de família, vive para o trabalho até que o seu corpo começa a falhar. Com o diagnóstico de Esclerose Múltipla todos os prognósticos pareciam indicar que no espaço de um ano não seria capaz de andar nem cem metros. Ramón decide levantar-se para a vida e participar na prova desportiva mais dura do planeta. Com a ajuda da sua mulher e do rabugento do seu sogro, Ramón começa um treino peculiar no qual lutará contra as suas limitações, demonstrando ao mundo que render-se não é opção.
O diretor Marcel Barrena teve aqui sua primeira experiência na direção de um longa-metragem, e se deu muito bem, claro pelo motivo principal de já ter sido premiadíssimo tanto com documentários quanto com telefilmes, então aqui só botou em prática algo maior e nem tanto ficcional, afinal o longa é baseado numa história real, então nada mais do que documentou os fatos dando vértices mais bonitos e motivacionais em cima. Claro que tem todo um estilo que o diretor seguiu, trabalhando o envolvimento e dando linha para que os protagonistas se desenvolvessem bem, e com isso acaba tudo tendo um carisma acima do normal, tanto que os secundários acabaram sendo até mais premiados que o protagonista, pois vemos eles com uma abertura maior do que o protagonista. Ou seja, o diretor brincou bastante com o ambiente ao redor, deixando que a liberdade acertasse todos os ramos, e o filme fluísse gostoso, emocionando, mas não precisando lavar a sala, num grande acerto total.
Sobre as atuações, já falei um pouco, mas vale frisar que Dani Rovira encontrou um bom tom para seu Ramón, construiu o personagem sem forçar trejeitos, e se jogou literalmente nas dores e sensações que a doença causa, se fechando no mundinho para sofrer, enfrentando obstáculos e mostrando garra na corrida para alcançar sua meta, ou seja, foi muito bem. Porém o destaque todo da trama recaiu sobre o brilhantismo emocional de Karra Ejalde com seu Manolo, que entregou dinâmica para o personagem, fez atos cômicos ficarem sérios e atos sérios terem carisma, de forma que ganhou diversos prêmios e certamente quando virmos o filme passando de relance iremos parar para ver sua atuação, pois deu show. Alexandra Jiménez também foi muito bem com sua Inma, entregando sentimentos e virtudes, recaindo bem para o emocional nas cenas que precisou, e claro, dando muito apoio para o personagem principal em todos os atos. Dentre os demais, tivemos boas cenas com o grupo de doentes tomando seus medicamentos em coletividade (inclusive com o diretor fazendo umas pontinhas bem emocionantes com seu Juez), tivemos a médica bem humorada vivida por Clara Segura, além de uma senhorinha bem moderna vivida bem por Maria de Medeiros, ou seja, um elenco de apoio bem seguro e cheio de dinâmicas.
A parte visual da trama brincou bem com os famosos treinamentos de competições indo por caminhos não normais, como capinar um terreno, adubar plantas, pintar casas, arrumar bagunças, ou seja, nada que seja comum como correr, nadar, treinar, vemos uma clínica de recuperação bem tradicional cheia de aparelhos, e locações bem bonitas para dar um visual mais amplo para a competição, ou seja, a equipe de arte encontrou bons elos para que os momentos da trama funcionassem bem.
O filme também conta com boas canções tanto na trilha original composta por Rodrigo Leão, que você pode ouvir aqui, como nas músicas colocadas como Rise, Noelia, e a tema 100 metros, que basta clicar nos links para escutar, pois deram tom e ritmo para cada momento do filme.
Enfim, é um tremendo filme, que emociona bastante, que alguns que tem a doença podem não gostar da forma representativa, mas que quem conhece amigos pode se emocionar bastante com a garra do personagem, e tudo o que ocorre ao redor, de forma que vale bastante a conferida, e recomendo ele com certeza para quem não viu ainda e gosta de filmes mais sentimentais, de esportes, doenças e tudo mais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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