Se tem um gênero que é difícil fazer algo diferente é o tal de guerra, pois sempre busca imponência cênica, bons atos de ação, e principalmente um envolvimento do público com os protagonistas que entregam vontade, patriotismo, e claro desespero fronte o desconhecido que está de toda forma tentando matar eles, e no longa "Castelo de Areia" da Netflix, vemos tudo isso, uma boa tensão, e cenas bem trabalhadas por todos os personagens, porém ao terminar ficamos pensando um tempo no que faltou para que o filme ficasse daqueles intensos que ou saímos doloridos de tensão ou lavados de chorar por algo, e não conseguimos ver, pois o filme aparenta ter tudo, menos uma transmissão de emoção. Ou seja, ainda é um tremendo filme, com tudo o que necessita para uma boa trama de guerra, mas a emoção dos protagonistas parece não passar para o público, ficando somente dentro da tela, o que não é algo bom de acontecer, mas que também não atrapalha a qualidade do filme, e sendo assim até vale muito a conferida da trama, pois sabemos bem que a Guerra do Iraque foi cheia de coisas diferentes e casuais, mas poderiam certamente ter ido além em algo a mais para empolgar mais.
Durante a ocupação americana no Iraque, um grupo de soldados acaba de concluir uma ação vitoriosa em Badgá. Antes de voltarem aos Estados Unidos, eles têm uma última missão: ir ao pequeno vilarejo Baquba, região pouco conhecida pelas tropas estrangeiras. A tarefa dos militares é reativar o serviço de água dos habitantes, destruído pelo próprio exército americano. O soldado Matt Ocre não tem vocação para a vida no exército, mas precisa buscar ajuda dos iraquianos a fim de concluir o difícil serviço. Mas como confiar nos inimigos? Como fazer o povo atacado confiar nos americanos?
O diretor brasileiro Fernando Coimbra entregou um filme bem cheio de intensidade, com uma pegada mais fechada em cima de um personagem, mas com uma amplitude bem colocada em cima da forma dura de uma guerra interna, afinal os personagens estão tentando se conectar com a população que é contrária a ocupação, e ele felizmente fez um filme dinâmico, pois o personagem principal não tem toda a dinâmica necessária para um longa mais denso, e também não entrega algo mais de ação, ou seja, o foco em Ocre até é bacana, mas talvez uma abertura maior chamaria mais atenção e o resultado seria melhor. Não digo em momento algum que o filme seja ruim, muito pelo contrário, sendo daqueles filmes de guerra com uma boa pegada, bons personagens, e uma temática bem atual, porém faltou mais emoção nas cenas para que o filme surpreendesse e causasse algo a mais no público, e isso pesa bastante para os fãs do estilo. Ou seja, quem for conferir até verá um trabalho minucioso do diretor para mostrar a vida do protagonista no meio que foi inserido, além de algumas pitadas polêmicas como quando fala de educação gratuita no país destruído versus a caríssima no país atacante, mas certamente ao invés de causar polêmicas, o diretor poderia ter causado mais tensão com mais tiros, explosões e estratégias, que aí certamente tudo iria para um outro nível.
Sobre as atuações, não tinha como dar errado, afinal com um elenco bem forte, com bons intérpretes, os personagens tiveram seus momentos bem colocados e o resultado acaba chamando atenção, desde Nicholas Hoult com seu Ocre, cheio de dúvidas, com olhares vazios, sempre procurando uma resposta para estar ali, e o ator foi bem nesse ar meio melancólico, porém com atitude, agradando bem de forma geral. Henry Cavil é quase um coadjuvante de luxo na trama, pois aparece em algumas cenas, faz algumas caras de malvado, entrega uma certa personalidade com seu Syverson, mas nada que chame muita atenção, de forma que qualquer ator faria bem o papel, mas o usaram para vender mais o projeto com certeza. Já Logan Marshall-Green trabalhou seu Harper com muita imposição, sendo um sargento forte e participativo nas missões, entregando bons trejeitos e atitudes, e agradando muito em cada ato seu com o protagonista. Completam a equipe com muita astúcia e envolvimento, cheio de boas piadas e movimentos, Glen Powell com seu Chutsky, Neil Brown Jr. com seu Enzo e Beau Knapp com seu Burton.
No conceito visual, praticamente todos os filmes envolvendo a Guerra do Iraque têm o mesmo embasamento de cenário, os mesmos ambientes, com raras diferenças, e aqui o poço de água foi uma boa sacada, tiveram bons momentos numa empreitada noturna, e principalmente num alojamento um pouco diferenciado, de modo que certamente todos os diretores de arte andam se comunicando, emprestando/alugando figurinos e locações, e o resultado tem sido agradável de ver, ou seja, o que vemos aqui é algo comum, mas bem feito, com boas explosões, boas armas, e toda uma movimentação bem feita também.
Enfim, é um bom filme, tem boas cenas de ação, mas como disse faltou um pouco mais de emoção para envolver e agradar mais.Então quem não viu quando lançou lá em 2017, vale a conferida relevando isso, pois temos de prestigiar por ser de um diretor nacional que com certeza vai trazer ainda mais bons trabalhos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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