Netflix - Já Não Me Sinto Em Casa Nesse Mundo (I Don't Fell At Home In This World Anymore)

7/24/2020 01:21:00 AM |


Não sei vocês, mas eu gosto de arriscar clicando nas sugestões que a Netflix mostra quando você larga a TV ligada sem clicar em nada e ficam sugerindo alguns filmes de acordo com o que você costuma assistir, e hoje fui em um dos ganhadores de Sundance 2017, "Já Não Me Sinto Em Casa Nesse Mundo", e olha que filmaço!! Divertido na medida, intenso pela dramaticidade do tema, e principalmente contando com olhares amplos sobre a depressão, e claro sobre como vemos as pessoas que não andam fazendo o bem pelo mundo, enquanto outras tentam ao menos fazer sua parte. Ou seja, é um filme com dinâmicas, com causas, e que souberam trabalhar cada momento com detalhes importantes, com situações bem colocadas, em que os protagonistas se entregam de uma forma simples, porém bem ousada para cativar cada ato, ao ponto que de cara pode até parecer meio bobinho, mas depois tudo flui tão bem que o resultado final acaba sendo incrível, depois de uma sequência de cenas completamente insanas de fechamento.

A sinopse nos conta que quando uma mulher deprimida é roubada, ela passa a viver com o propósito de rastrear os ladrões ao lado de seu vizinho detestável. Porém, eles logo entendem que estão se envolvendo com um grupo perigoso de criminosos degenerados.

Em sua estreia na direção, o ator Macon Blair soube usar todos os artifícios clássicos do errando para acertar que sempre funciona em dramas cômicos, e foi tão bem colocado que inicialmente vemos a simplicidade nos atos da protagonista, tentamos entender suas virtudes e defeitos, mas não entramos no clima exato que o diretor tentava passar, ao ponto que vamos conhecendo ela um pouco mais a cada dinâmica sua, mas aí vem o segundo ato, e meus amigos, tudo passa a funcionar numa insanidade atrás da outra, ao ponto que vamos falando nãoooo para cada loucura, até chegarmos nas duas últimas cenas, que é de surtar, pois tudo acaba saindo errado, e tudo acaba dando certo, e é muito bacana conferir cada detalhe empregado. Ou seja, é daqueles filmes que entramos de cabeça em tudo, e o diretor acertou muito em todas as escolhas que colocou, fazendo algo delicado de início, esquentando no miolo, e explodindo totalmente no final, de forma que acabamos muito felizes com o resultado mesmo com os excessos. 

Nunca botei reparo na atriz Melanie Lynskey, e aqui sua Ruth é singela de atitudes, toda trabalhada em olhares e sensações, ao ponto que vamos conhecendo mais e sentindo suas virtudes, além claro que é notável toda sua depressão sem que ela precise ficar jogada num canto como acaba acontecendo com a maioria dos personagens de filmes, ou seja, foi muito bem, graciosa, e acertou muito. Nosso querido Frodo, ops Elijah Wood, entregou um Tony maluquíssimo, cheio de desenvolturas, carisma, e mesmo sendo um mala em muitos sentidos, acabou sendo gracioso também em muitas dinâmicas, de forma que acabamos torcendo para ele, e ficando completamente apreensivos com as cenas finais, e paro por aqui para não dar spoiler, pois ele foi bem demais. David Yow mostrou bem seu Marshall no segundo ato, e o ator foi muito bem, voando ponte dentária, fazendo caras e bocas com trejeitos fortes, e claro sendo aquele tipo de antagonista que acabamos até torcendo para ver mais dos seus atos, ou seja, o ator caiu muito bem no papel. Christine Woods entregou a tradicional madame com sua Meredith, daquelas que vivem sem ter o que fazer na mansão imensa, e qualquer um que aparece na casa chama para um bate papo com cafezinho, e procurando coisas para limpar sempre, ou seja, fez bem também. Robert Longstreet entregou seu Chris com personalidade, com a tradicional forma do rico que se acha por cima de tudo e todos, e se saiu bem, mesmo sendo um personagem completamente arrogante. Tivemos ainda outros bons personagens secundários, cada um no seu momento, desde o policial que não dá a mínima para o caso da protagonista, a amiga que vive meio que drogada num mundo fora do normal, mas os destaques ficam para os outros da gangue com Jane Levy e Devon Graye fazendo altas caras e bocas, e agradando bastante nas suas paranoias.

Visualmente o longa foi riquíssimo de elementos cênicos detalhados para dar a essência da preocupação com o pouco que a jovem protagonista tem, desde as memórias afetivas com a avó e seus talheres, passando pelos objetos de luta do protagonista, a mansão grandiosa dos ricos comparada com as casas simples e desajeitadas dos protagonistas, a van e o carro caindo aos pedaços comparados com os carrões de marcas, além de muitos elementos simbólicos que funcionam e realçam demais tudo, até chegarmos claro nas cenas finais aonde a equipe de efeitos especiais (aparentemente práticos e não computacionais) deu um show com maquiagem e pedaços voando para todos os lados, ou seja, um show visual.

Como sempre costumo colocar o link para filmes que encaixam bem o ritmo na trilha sonora, e aqui usando algo mais rústico com country antigo acabamos vendo um tom gostoso e bem dinâmico para a trama toda, ou seja, quem curtir o estilo vale ouvir depois.

Enfim, é um filme muito louco, com pegadas em vários momentos, diversos ganchos para refletir sobre tudo, mas principalmente que sendo um filme independente e alternativo acabou não ficando chato como costuma acontecer com esse vértice, ou seja, é daqueles que você se diverte demais com toda a loucura entregue nas cenas finais, e ainda reflete sobre temas importantes como depressão e a vida em si. Sendo assim, recomendo demais ele para todos que não viram ainda, afinal está na Netflix desde 2017, e fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.

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