quinta-feira, 9 de julho de 2020

Netflix - O Despertar de Motti (Wolkenbruchs Wunderliche Reise In Die Arme Einer Schickse) (The Awakening of Motti Wolkenbruch)


Sempre costumo falar que temos de ver filmes de diversos países para conhecer um pouco mais de cultura, e de como enxergam determinados assuntos, pois geralmente mesmo não conhecendo nada sobre o que prezam, acabam indo em fluxos diferentes, entregam novas perspectivas e até acabam mostrando um pouco mais de estilo para aprendermos, e aqui com o longa suíço da Netflix, "O Despertar de Motti" temos grandes sacadas em cima dos ritos que prezam a cultura judaica em cima dos jovens, que segundo o protagonista já nasce tendo praticamente toda sua vida programada, e é bem engraçado ver ele falando conosco numa quebra da 4ª parede no melhor estilo dos filmes de Woody Allen (aliás tendo uma piada com isso na trama), e claro, suas reviravoltas para tentar mudar seu casamento arranjado. Ou seja, é um filme leve, com uma pegada não muito clássica, mas que trabalha boas dinâmicas para envolver o público, mas ainda assim é diferenciado tanto no conceito, quanto no fechamento não tradicional, que deixa aberto para pensarmos, e assim não dá a ideia do diretor do que o jovem deva fazer com sua vida.

O jovem judeu ortodoxo Mordechai Wolkenbruch, chamado Motti, tem um problema sério: todas as mulheres, que sua mãe lhe apresenta como esposas em potencial, se parecem com ela. A aluna Laura, no entanto, não sabe, mas infelizmente é uma schiksa. Ela veste calças, tem belas bundas, bebe gim com tônica e não é judia. Motti começa a ter dúvidas sobre o caminho predeterminado dado por seus pais como o caminho a seguir? Sua obediência aos métodos perturbadores de sua mãe começa a desaparecer à medida que sua paixão por Laura cresce. As coisas seguem seu curso, e muito em breve Motti chegará a uma conclusão: até que uma schiksa pode ser legal.

O diretor Michael Steiner foi certeiro em não usar a trama de forma apelativa, pois o longa tinha essa possibilidade pela formatação toda, e certamente o resultado não sairia tão bem colocado, e assim sendo, vemos um filme dirigido em moldes mais fechados, com cenas curtas, mas bem feitas, e cada uma com uma possibilidade diferente de rumos, o que agrada bastante, e ainda acaba abrindo toda a trama com um roteiro leve e coeso. Ou seja, o diretor traçou rapidamente um estilo, deu liberdade cênica para o protagonista, e foi criando em cima, com situações ora bem dinâmicas, ora com conotações clássicas estimuladas para que o filme tivesse um conteúdo também em cima da religião, e assim, o resultado fluiu fácil, teve as diversas entonações familiares, e ainda deu brecha para o público criar um leve carisma com o protagonista, o que é bem difícil, pois o jovem é meio durão de trejeitos.

Sobre as atuações, Joel Basman deu um bom tom para seu Motti, entregando ares bem tímidos, trejeitos leves e desengonçados, e principalmente um teor não muito exagerado para o personagem, de modo que acabamos entrando no seu clima, e o resultado agrada bastante. O grande destaque do filme claro que ficou a cargo de Inge Maux com sua Judith, a mãe mais coruja do planeta, cheia de intenções para arrumar uma nora de qualidade para o filhinho, mas que se transforma no pensamento e com as atitudes contrárias de Motti, de forma que a atriz deu muita personalidade para o papel, e agradou mesmo exagerando. Noémie Schmidt entregou uma Laura bem colocada, com nuances afetuosas, mas também com um espírito solto, graciosa e bem colocada em todas as cenas, até mesmo no final. Meytal Gal foi mais direta ao ponto com sua Jael, entregando dinâmicas e dando bons vértices para um desenvolvimento do personagem principal, fazendo o despertar acontecer realmente em Israel, e agradando bastante com a desenvoltura da atriz e da personagem por consequência. Dos demais, tivemos bons destaques tanto para Lena Kalisch com sua Michal simples e direta, e com a sabedoria e envolvimento de Sunnyi Melles com sua Silberzweig cheia de conselhos e ensinamentos através das cartas para o jovem rapaz.

Visualmente o longa contou bem com muitos elementos cênicos da religião judaica, trabalhou bem as festas e cerimônias mais conhecidas, e brincou ainda com os lados mais alegóricos da mente do jovem, usando locações bem bonitas, apartamentos estilosos, e claro no lado mais pecaminoso, bares e festas com luzes, drogas, bebidas e tudo mais colorido possível, para contrapor, além de entregar até uma outra religião para algo mais abrangente. Ou seja, a equipe de arte pesquisou bastante, e trabalhou bem para que tudo fosse bem visto.

O filme contou também com uma playlist bem trabalhada, com canções que deram dinâmica para o longa, entregando tanto o ritmo certo para cada momento, como um bom tom musical para envolver, e para quem quiser ouvir após o filme fica aqui o link.

Enfim, é um filme bem gostoso de ver, com algumas cenas mais divertidas, e outras mais truncadas, mas que acaba sendo leve e vale a conferida, claro que não espere uma comédia para sair rolando de tanto rir, mas é bem feita e interessante ao menos. Sendo assim, fica a dica, e eu fico por aqui, voltando em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

Um comentário:

  1. Achei muito engraçado esse filme e vi na mãe de Motti a minha sobrinha judia com seu filho Benjamim e todo o cuidado que ela tem com ele 😂😂😂😂😂😂

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