Se você estava com saudade dos grandes filmes de heróis e vilões das HQs a Netflix acaba de lançar uma trama para envolver, criar e brincar com o imaginário do público, ousando brincar com a fantasia de imortais, jogando com eventos históricos, medicina, e principalmente trabalhando com muita ação, tiros, espadadas, e ainda por cima fechando um ciclo, mas deixando aberto a possibilidade de continuações. Ou seja, "The Old Guard" é daqueles filmões que tudo impressiona, que tem boas sacadas, tem um elenco carismático, não se prende a detalhes para que tudo seja jogado na tela, e que com certeza vai agradar muito o público. Porém, como todo longa de ação, tem furos a rodo, tem situações que não são explicadas e você tem de abstrair, e claro tem tudo que a maioria da crítica especializada não gosta de ver na tela: um roteiro simples de diálogos, mas, como costumo falar, eu prefiro muito mais uma boa produção de ação do que um filme cansativo de diálogos (mesmo que ame também alguns desses exemplares), então falando como um espectador mais técnico, a trama é incrível, e a desenvoltura faz valer a conferida, de modo que estarei torcendo muito para que anunciem a continuação pra ontem!
A sinopse nos conta que viver para sempre é mais difícil do que parece. Liderados pela guerreira Andy, um grupo secreto de mercenários com um misterioso dom da imortalidade luta há séculos para proteger o mundo mortal. Mas quando uma missão de emergência acaba expondo seu poder, Andy e a novata Nile ajudam o grupo a impedir que inimigos consigam reproduzir sua habilidade em busca de riqueza.
A diretora Gina Prince-Bythewood se mostrou muito segura em cima da HQ de Greg Rucka, que inclusive roteirizou o filme, pois em momento algum vemos momentos jogados que ficassem sem uma ação desenfreada, tendo apenas momentos de respiro, mas sempre com alguma nuance tensa rodeando a situação ali, e dessa forma ela conseguiu criar seus vértices sem precisar apelar para atos explicativos, e nem quis isso, tanto que certamente a maior reclamação que o filme terá tanto da crítica quanto dos espectadores comuns é que o filme meio que surge do nada, e termina meio que do nada, sem apresentações calmas de personagens, nem interações que dessem aberturas para histórias, tendo apenas situações e momentos que abrem o fluxo para o passado para apresentar outros imortais que integraram a equipe. Ou seja, ela brincou com os personagens em cena, trabalhando bem sua luta para não serem presos (já que esse é o maior medo deles - bem explicado em uma cena, já que não possuem medo da morte, por isso não ser algo que vá acontecer tão cedo com eles!), e felizmente a diretora soube conduzir a trama com bons traquejos, já que não é nenhuma especialista em filmes de ação, fazendo com que o filme usasse bem as coreografias, encaixasse diálogos sem muita redundância nos atos, e assim seu longa fluísse bem, e agradasse mais ainda, de forma que em momento algum nos vemos cansados por qualquer ato, e ainda mais torcesse para um final tão bem feito (mesmo com um desenrolar estranhíssimo por parte do ponto de virada!).
Sobre as atuações é fácil falar que o filme é dela, e Charlize Theron se entrega novamente, já virando a musa dos filmes de ação, e aqui sua Andy tem carisma, tem personalidade, e tem sua assinatura de olhares e trejeitos perfeitos, de modo que ficamos até curiosos para talvez um prequel que mostrasse mais seu passado, mas ainda assim ela encaixa bem os momentos, fazendo com que todos suspirassem com sua interpretação perfeita, ou seja, ela encanta do começo ao fim. Não posso dizer que Kiki Layne teve uma brilhante participação na trama, ainda mais por ser co-protagonista, ou seja, sua Nile precisaria chamar muito mais atenção e ter uma desenvoltura melhor para agradar, mas ainda assim com ajuda dos demais conseguiu trabalhar seus atos de forma coerente, e melhorar bastante nas cenas finais. Ver as filmografias de alguns atores chega a ser chocante, pois não lembrava de Matthias Schoenaerts de nenhum outro longa, mas já vi vários filmes seus, inclusive com grandes destaques como foi em "Ferrugem e Osso", e aqui o ator já bem mais velho, deu um tom bem misterioso para seu Booker, ao ponto de ter boas jogadas e reviravoltas, o que acaba chamando atenção, e agradando bem, embora acredite que seu ponto de virada foi cortado e soou estranho, mas sua cena no meio dos créditos é daquelas de falar uau. A dupla Marwan Kenzari e Luca Marinelli deram um show de carisma e envolvimento com seus Joe e Nicky, ao ponto de terem cenas bem colocadas, boas sacadas entre si, fazendo com que eles até se destoassem do grupo todo, mas sem que isso fosse algo ruim de ver. Do outro lado tivemos bons momentos com o sempre determinado Chiwetel Ejiofor, entregando seu Copley com ares de malvado, mas ao mesmo tempo com motivos mais humanitários, o que acaba agradando bastante de ver, mesmo que parecesse um pouco deslocado nos atos finais. Agora Harry Melling não se encaixou de forma alguma no vilão Merrick, de forma que seus atos soam estranhos demais, suas virtudes em cima do dinheiro e da fama não convencem, e faltou um pouco de loucura para que tudo ficasse mais coerente de ver, ao ponto que o personagem destoa demais de tudo na trama, e por bem pouco não faz a trama desandar inteira.
No conceito visual, como todo bom longa de ação baseado em HQs, a equipe de arte entregou locações bem interessantes no meio do deserto, com um exército bem equipado e cheio de figurantes para dar a noção das invasões, depois um avião de contrabando bem recheado de detalhes para boas brigas, na sequência uma cidade fantasma no meio da França com muitos elementos cênicos para que a história fluísse, indo para um laboratório bem criado, com muitos elementos prontos para serem quebrados em vários andares, e com um desfecho bem tradicional e interessante de ver. Além disso tivemos bons materiais históricos montados na parede de um dos protagonistas para tentar encaixar todos os personagens nas devidas épocas antigas com muitas relevâncias, mas sem dar grandes destaques, e claro muito sangue, tiros, corpos mutilados que não poderiam faltar de forma alguma. Ou seja, a equipe de arte trabalhou muito, em uma produção gigantesca, e que provavelmente foi bem cara por toda a técnica empregada, sem efeitos falsos que atrapalhassem, dando um bom resultado final.
Claro que já é de praxe todo bom filme de ação vir acompanhado de uma trilha sonora incrível, afinal precisam dar ritmo, criar tensões, e desenvolver tudo ao redor, e como isso não é fácil de acontecer com diálogos, preenchem com cenas envolvidas em boas músicas, e aqui o sucesso é garantido com ótimas canções, que deixo o link para todos curtirem depois.
Enfim, é um longa que tem muitos defeitos? Sim! Porém, como já estamos acostumados com isso nesse gênero de ação baseada em HQs, o resultado supera todos os erros, e acabamos curtindo bem mais os momentos, as dinâmicas, os personagens e tudo acaba sendo muito show, valendo cada momento na frente da TV, e ainda fazendo com a cena de meio dos créditos com que desejássemos a continuação pronta agora mesmo para sabermos tudo o que vai rolar, pois é daquelas que chocam. Ou seja, recomendo demais o filme para quem gosta do estilo, sei bem todos os que irão odiar cada parte da trama, mas é isso, se você é do time que curte filmes de heróis pode dar o play, senão fuja. Bem eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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