Olha, tem dias que você assiste um filme e a cabeça fica pensando nas coisas possíveis disso no mundo real, mas tem aqueles que você precisa pensar em como alguém pode ser assim, pois olha já vi muitos longas de psicopatas, já vi filmes com pessoas rancorosas, mas o que nos é mostrado no filme polonês da Netflix, "Rede de Ódio" é algo que não dá para imaginar que exista alguém que chegue nesse ponto, que tenha empresas prontas para fazer o que é mostrado ali, para as atitudes que ocorrem, e o pior é saber que existem!!! Ou seja, é um filme bem atual do ponto que a internet, os jogos, e tudo mais nos levam ao ciúme doentio por algo, que só é amplificado por situações piores, e que acabamos vendo pessoas doentes realmente que acabam deixando se levar para o pior lado possível para tentar estragar a vida ou o trabalho dos outros. Dito isso, o longa é um tremendo filme, que mostra muito do que andamos vendo mundo afora, e que principalmente causa muito pelo ótimo ator que consegue ter mais caras do que tudo, ao ponto de arrepiar na última cena como ele consegue mudar uma expressão do nada com um simples trejeito para o ponto que deseja passar. Vale muito a conferida, mas dá medo!
O longa nos conta que Tomek, um estudante de direito da Universidade de Varsóvia, é pego em plágio e expulso da universidade. No entanto, ele decide esconder esse fato do mundo e continua recebendo ajuda financeira da família Krasucki - os pais de Gabi, uma amiga de infância. Quando o engano é revelado, o garoto comprometido perde a confiança e a bondade de seus benfeitores. Cheio de raiva e arrependimento, separado de Gabi, por quem ele está secretamente apaixonado há anos, Tomek planeja se vingar da família Krasucki. A oportunidade aparece quando ele consegue um emprego em uma agência de publicidade e, com ela, acesso às mais recentes tecnologias e segredos da elite da capital. Sob o disfarce de deveres profissionais, Tomek começa a vigiar a família Krasucki, que está ativamente envolvida na campanha política do candidato a presidente da capital - Paweł Rudnicki. Logo, o plano de um invasor da Internet começa a tomar forma cada vez mais real, e o caminho para sua implementação leva ao mundo virtual do popular jogo de computador.
O diretor Jan Komasa tem ficado bastante nos holofotes, e após entregar seu último filme ("Corpus Christi") ter figurado em todas as premiações, ele vem e entrega um filme que teoricamente é a continuação de outro filme de sucesso seu de 2011 ("Sala de Suicídio"), mas que possui uma história fechada e muito bem feita, daquelas que vemos tudo ir acontecendo conforme vamos pensando que o protagonista não poderia ir além, mas vai, e que o diretor não teria coragem de fazer, mas vai, ao ponto que tudo é muito atual, vemos acontecer quase todos os dias diversas intrigas e posts na internet que são incrementados de ódio gratuito, e que muitos acabam caindo e piorando tudo. Ou seja, o diretor soube escolher muito bem o tema, soube dosar as atitudes de maneira certeira, e principalmente conseguiu conectar todo o envolvimento possível para cima de um protagonista muito bom, pois a oscilação da trama é quase nula se focarmos na insanidade do protagonista e da empresa que ele trabalha, mas também podemos ver muito da arte de sufocar o ambiente para que tudo funcione, e dessa forma o acerto é iminente do começo ao fim.
E já que comecei a falar da atuação do protagonista, chega a ser assustador tudo o que vemos Maciej Musialowski fazer com seu Tomek, pois o ator soube segurar a dramaticidade, muda trejeitos do nada, possui um estilo duro e imponente, e com a mesma serenidade que está preparando um ataque, na mesma cena já começa a chorar com olhares convincentes, ou seja, foi perfeito para o papel, e acertou na medida. Agata Kuleska entregou uma Beata imponente e também bem cheia de ódio no coração, mas como empresária do ódio mostrou olhares e boas dinâmicas com o protagonista, agradando bastante. Maciej Stuhr trouxe para seu Paweł algo meio estranho dentro do mundo da política, mas que acaba sendo interessante dentro da proposta da trama, só diria que poderia ser menos inseguro, que aí seu personagem chamaria mais atenção. Adam Gradowski trabalhou seu Guzek de uma maneira forte, porém influenciável demais, ao ponto que não nos convence sua militância, mas suas cenas emotivas foram bem feitas ao menos. Da família Krasucki, os pais vividos por Danuta Stenka e Jacek Koman mereciam ter sofrido um pouco mais, pois fizeram papeis daqueles que provocam o ódio em qualquer pessoa, mas fizeram bem seus atos, já Vanessa Aleksander trabalhou uma Gabi instável demais, ao ponto que não sabemos se a atriz que está falhando em cena, ou se a personagem não tem um gatilho mais imponente, mas não foi ruim de ver ao menos. Dentre os demais, a maioria foi participativa apenas, tendo um ou outro momento com mais força, mas sem grandes destaques, sobressaindo um pouco Piotr Biedron com seu Kamil, mas nada que surpreenda muito.
Visualmente o longa traz cenas mais fechadas, com olhares ocultos ao longe pelo protagonista, mostrando bem tanto o ódio guardado por ele, como o ódio das demais classes, sejam os ricos pelas classes, os imigrantes pelo gordo, seja ela pelos atos ou pelos comentários, usando muito de vídeos de internet, mostrando uma empresa de publicidade bem cheia das artimanhas hackers, e claro casas e exposições bem elegantes com música clássica, óperas, e tudo mais, ou seja, a equipe de arte teve um trabalho bem considerável e entregou tudo com muita intensidade.
Enfim, é um filme diferente do usual que vemos sempre, afinal a escola polonesa de cinema não entrega filmes bem tradicionais, mas toda o rancor, a tensão e a dinâmica, isso sim estamos bem acostumados de ver pela internet e nas ruas afora, ou seja, é um filme bem forte, que tem um ritmo um pouco lento, mas que vai impressionar bastante a todos por tudo o que ocorre, valendo muito a conferida. Então é isso pessoal, eu fico por aqui deixando essa dica para todos, mas volto em breve com mais textos, abraços e até logo mais.
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