Diria que dá para definir bem o longa que estreou na Netflix, "Sombras da Vida" como um filme de essência, que trabalha o lado do luto e do passado tanto para quem vive quanto para quem morre, numa ilusão calma, poética e que envolve pelo simbolismo, mas que certamente irá cansar quem for esperando um filme intenso. Ou seja, é daqueles filmes que cansam pela falta de diálogos, que você fica a todo momento esperando algo a mais acontecer, mas que assiste até o fim com a plena convicção de que vai estar certo sobre algo que aconteceu, mas que conseguir chegar até o final (ao menos acordado) é um dos maiores desafios que ele proporciona, e não digo isso por ser ruim, mas sim por ser extremamente parado, ao ponto de mesmo estarmos refletindo sobre o que está ocorrendo, a trama não flui, e isso sim é algo ruim. Então já adianto que se você é daqueles que gostam de um filme que tudo vá ocorrendo logo, pode tirar esse da lista, pois serão 92 longos minutos, e com certeza esse foi um dos motivos que acabou não saindo nos cinemas na época, pois a galera sairia da sala.
A sinopse nos conta que um homem recém-falecido retorna como fantasma para sua casa no subúrbio com a intenção de consolar sua esposa. Em sua nova forma espectral, invisível para os mortais, ele percebe que não é afetado pelo tempo, sendo condenado a ser um mero espectador da vida que antes lhe pertencia, ao lado da mulher que amava. O fantasma inicia uma jornada pelas memórias e histórias, enfrentando perguntas eternas sobre a vida e a existência.
O diretor David Lowery é daqueles que sempre gosta de dar um tom mais reflexivo para seus personagens principais, sejam eles uma pessoa, um dragão ou até mesmo um fantasma, e aqui ele usou e abusou da essência para passar a mensagem de história de uma casa, de uma pessoa, de um escritor, de um músico, ou do que quer que seja, de modo que um dos principais monólogos da trama é o de um jovem numa festa tentando explicar a identidade de herança de algo, ou seja, não espere que o diretor entregue algo fácil e direto para você, pois a trama toda é aberta para pensar em algo, flutuar, e se envolver sozinho como a canção tema diz, mas para isso você tem de se abstrair e entrar no clima, pois do contrário a chance de odiar a trama é bem alta, pois tudo é muito lento, são cenas de 3,4 e até 5 minutos sem nada ocorrer com alguma emoção, não vemos traquejos do personagem principal por não vermos sua cara, ou seja, é duro, mas volto a frisar, que não é ruim.
Não sei nem como falar das atuações, pois dizer que Casey Affleck deu um show debaixo do lençol seria irônico demais, pois pode ser qualquer pessoa ali, mas os movimentos são sutis e bonitos de ver, além de que seus atos enquanto vivo seja nas memórias ou no começo do longa soaram bem feitos e mostram que o jovem foi bem no que fez. O mesmo podemos dizer de Rooney Mara, que precisou mais de envolvimento, entregou todo um luto bem amarrado, e não ficou presa em cena, o que agrada bastante de ver, mas como sabemos de todo o seu potencial, esperava ver um pouco mais dela. Sendo assim, quem teve um pouco mais de destaque foi Will Oldham com seu momento de prognósticos sobre a vida e a herança que músicos ou pessoas deixam para outros para serem lembrados, pois com um monólogo envolvente e bem ditado acabou chamando todas as atenções para si, e o resultado agrada bastante.
Visualmente o longa brinca bastante com passagens de tempo, mostra a casa tendo sua vida e seu passado desde sua fundação até sua demolição e construção de um prédio, tem passagens pelo hospital, pelo campo e pela metrópole, e brinca bastante com a ideia da composição e da decomposição, ao ponto de manter a essência sempre, brincando com elementos voando, assombrações e tudo mais, num ponto de que sempre a vida passa, mas a essência, a alma fica para ser lembrada.
Na trilha sonora tivemos muitas canções orquestradas, e duas cantadas, "Last One" do Stereo Jane e a música tema que é cantada pelo protagonista em determinada cena, e que você ouve já no trailer e em vários atos do filme com "I Get Overwhelmed" do Dark Rooms, que valem muito pela essência também.
Enfim, é um filme bacana, porém chato e cansativo, que vale pelo final e pela ideia toda em si, mas aguentar ver ele inteiro é um tremendo desafio, e sendo assim recomendo ele com muitas ressalvas, para que vejam, reflitam, e curtam. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
2 comentários:
As cenas demoradas e sem diálogos fazem o filme ficar bem cansativo!
Cansam mesmo amigo Diniz... mas acho que essa era a ideia, de dar um tédio no público igual o fantasma teve!!! Abraços!
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