Netflix - Strange Weather

7/21/2020 11:45:00 PM |


Filmes que trabalham situações de luto sempre soam depressivos, costumam se verter com histórias tensas e problemáticas, mas sempre costumam entregar personificações tão boas com atores se jogando nos papeis que o resultado na maioria das vezes emociona e agrada demais. E no longa "Strange Weather", que é bem antigo, mas que estreou por esses dias na Netflix, coloca todo esse sentimento de tentar entender o luto de alguém, tentar entender o motivo que alguém se matou, e principalmente descobrir o algo a mais que geralmente dá aquele solavanco para que a pessoa em luto abandone o passado (não abandone os sentimentos claro), mas passe a viver novamente (ou tente pelo menos!). E aqui o resultado da trama é bem intenso, traz uma protagonista com atos bem marcantes, e mesmo sendo daqueles filmes que você quase cansa de tantos diálogos, e poucas ações, a trama acaba nos envolvendo e sendo bem significativa, ou seja, é um filme bonito ao mesmo tempo que é duro, mas que não precisa dar socos no estômago para convencer, sendo funcional e interessante.

A sinopse nos conta que Darcy Baylor é administradora acadêmica de uma faculdade do Mississippi, mas outra rodada de cortes no orçamento coloca seu trabalho - como quase tudo em sua vida - no limbo. Seu filho Walker cometeu suicídio há sete anos, e as únicas constantes na vida de Darcy desde então foram seu jardim e sua melhor amiga, Byrd. Logo após suas preocupantes notícias no local de trabalho, Darcy descobre que o antigo colega de Walker, Mark, agora é o proprietário de uma cadeia de restaurantes de sucesso - uma cadeia cujo conceito, até o último detalhe, foi roubado de seu filho. Darcy imediatamente faz as malas, entra em sua caminhonete, pega Byrd e parte para Nova Orleans para confrontar Mark e acertar as contas.

A diretora Katherine Dieckmann soube trabalhar bem os diversos pontos que o seu longa precisava dialogar, desde a amizade, passando pelo passado, chegando no acerto de contas, e claro o futuro, tudo junto do incrustado luto que a protagonista não tira do corpo há 7 anos, ou seja, o filme dialoga bem com o público ao passar todos os possíveis sentimentos que deveriam pesar, mas que soam leves no tratamento dado por ela, pois o filme não chega a ser depressivo, e isso é algo incomum dentro do estilo, mas que acaba sendo um acerto por parte da diretora. Claro que para isso ela escolheu uma formatação quase de road-movie, brincou com as diversas essências do clima infernal que lava o país no verão, e deixou o clima da trama morno na maior parte do tempo, o que fez com que todos os momentos soassem sutis e diretos, o que acaba agradando do começo até o fim, mesmo que o excesso dialogal faça frente às sensações das emoções, que talvez daria um tom até mais forte para o longa.

Podia jurar que Holly Hunter era mais nova, pois na maioria dos longas ela faz personagens mais novos, e sua genética ajuda bem, mas aqui usando uma maquiagem mais marcada, deixando a idade transparecer para que sua Darcy tivesse não só as marcas da idade, mas também as marcas do luto de vários anos, a atriz acabou fazendo cenas fortes, e atos bem amplos, mostrando sutileza e destreza pelos bons tons que escolheu na forma de dialogar, de modo que a vemos a todo momento enquadrando olhares tristes, melancólicos, porém bem diretos e certeiros, o que chama a atenção e mostra o domínio de cena, que como disse no começo, fez com que o filme se tornasse dela. Carrie Coon também deu um bom tom para sua Byrd, de forma que num primeiro momento acaba sendo até exagerado o estilão dela, para certos normativos, e também alguns atos soaram jogados para ela, mas no seu momento mais impactante e direto de diálogo, o resultado e sua atuação se mostraram perfeitos, e claro no tom correto para a trama. Quanto dos demais personagens, todos tiveram seus momentos funcionais na trama, desde Andrene Ward-Hammond como a namorada de Byrd, que acaba apoiando no encontro dos documentos necessários para o processo andar, passando por Susan Gallagher como a amiga de longa data de outra cidade que serve para desabafar num momento descontraído de fofocas, além de descobrir outras coisas para a mudança na vida da protagonista, até chegarmos em Shane Jacobsen cm seu Mark, aonde vemos os momentos que o filme inteiro esperava acontecer, e funcionam tanto na conexão do ator com a protagonista, quanto nas atitudes corretas, e assim o filme flui, entre outros bons atores.

Visualmente o longa mostra bem várias diferenças de clima, de ambiente, de paisagens e de envolvimentos nas locações em várias cidades/estados que as protagonistas passam com sua caminhonete, e além disso, em cada momento, o clima junto das mensagens acaba esquentando ou esfriando a mente dela, ou seja, tudo tem um sentimento, cada objeto, cada ato, e a equipe quis passar bem o calor cênico na trama, o que acabou funcionando bastante.

Enfim, é um filme com uma proposta densa, mas que foi desenvolvido de uma maneira leve e bem trabalhada, que mesmo soando levemente cansativo pelo excesso de diálogos em contraponto às ações, o resultado acaba funcionando e agrada bastante, sendo bem recomendado para quem gosta de dramas mais leves. Sendo assim fica a dica, e eu fico por aqui hoje, voltando em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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