Vemos alguns filmes já sabendo como vão se desenvolver, pois o estilo esportivo geralmente pede essa pegada de dramatizar tudo para ao final termos algum tipo de glória, que mesmo que não seja campeões ou algo do tipo, teremos algum positivismo para funcionar, mas ainda assim gostamos de ver o estilo, e sempre podemos tirar algo do que vimos. Com "Um Banho de Vida" que está na Netflix já há algum tempo, e que passou muito o trailer nos cinemas, mas não veio para o interior na época, vemos exatamente isso, e foi entregue com muita delicadeza e sutileza tudo, pois o filme tem um começo demorado, praticamente massacrando todos os personagens principais, mostrando eles como depressivos, mal-sucedidos, fracassados, humilhados e tudo mais de ruim, para no miolo serem massacrados por uma técnica bem rigorosa, mas sabemos que a vida é assim, que sofremos por algo, e sofreremos mais ainda para conseguir algo a mais, e essa acabou sendo a mensagem de um filme tradicional, bem feito, e que empolga com um final bonito de se ver. Claro vão falar que é clichê, vão falar que é dramático demais, mas é o estilo que pede isso, e o filme seguiu bem a cartilha do gênero, e o resultado vale a conferida.
A sinopse nos conta que Bertrand está no "auge" dos seus quarenta anos e sofre de depressão. Depois de usar uma série de medicamentos que não surtiram nenhum efeito, ele começa a frequentar a piscina municipal do bairro em que vive. Lá ele conhece outros homens com histórias semelhantes a sua. O grupo se junta e forma uma equipe de nado sincronizado masculina, algo incomum dentro do esporte. Sob o comando de Delphine, uma ex-atleta vitoriosa, Bertrand e os novos companheiros decidem participar do Campeonato Mundial de Nado Sincronizado, encontrando, enfim, um novo propósito para sua vida.
O mais interessante de tudo é ver que um diretor mostrar e criar um filme com um esporte que praticamente ninguém nem vê nas competições olímpicas, quanto mais um filme com o mesmo esporte que é quase que exclusivo feminino, ser feito por homens, e lá foi Gilles Lellouche em seu filme com algo ousado, porém seguindo bem o modus operandi de dramas esportivos, conseguiu envolver e emocionar bem, criando toda a síntese ideal, porém usou muito o primeiro ato para apresentar cada um, colocar seus problemas em evidência, e talvez não precisasse enfatizar tanto suas fraquezas, mas isso é apenas uma opinião de estilo, já que o filme funciona, então talvez dar uma dinâmica maior no miolo, e colocar alguns flashbacks de seus problemas só acabaria envolvendo mais e não cansaria tanto para começar realmente o treinamento deles. Claro que isso é algo de escolha, e não atrapalhou o andamento do filme, porém conhecendo muito do público de streaming, como o filme demora a acontecer, e o primeiro ato é extremamente depressivo, talvez muitos nem cheguem até o final, mas nada que seja ruim de ver pelo menos.
Sobre as atuações é até engraçado observar que quase nenhum dos protagonistas chama a responsabilidade cênica para si, de modo que o filme pode até ter um foco maior em Mathieu Amaric com seu Bertrand e sua família, mas todos acabam se desenvolvendo bem e entregando um pouco para o filme, desde Jean-Hugues Anglade com seu Simon roqueiro de festas para idosos, passando pelo solitário Phillippe Katerine com seu Thierry meio abobalhado, tendo o extremamente egocêntrico Laurent que Guillaume Canet fez perfeitamente, até chegarmos no endividado empresário maluco vivido por Benoît Poelvoorde com seu seu Marcus, além do enfermeiro que Félix Moati acabou aparecendo já no segundo ato e se encaixou bem no grupo. Dentre as mulheres, primeiro tivemos Virginie Efira bem colocada com sua Delphine, mas doce, porém problemática igual aos homens, para num segundo ato entrar Leïla Bekhti com sua Amanda totalmente imponente, quase uma general, que deu um bom tom para a trama, e claro tivemos meio que uma participação, mas os olhares valeram pelos atos de Noée Abita com sua Loja. Já os demais, foram enfeites apenas, então nem vale falar nada.
A trama em si teve um conceito visual bem aberto, já que mostrou muito da vida de cada um, passando pelos trabalhos e casas de cada um, mostrando seus problemas, mas sem muitos detalhes, deixando o foco mesmo para a piscina do clube aonde eles fazem seus treinamentos, e algumas paisagens por onde vão correr, e depois durante a viagem para o torneio, mas a grande sacada da trama ficou por conta das cores do filme, pois escolheram bem tons deprimentes para todo o ato das casas e serviços deles, quase escuro total, para ter um pouco de vida e ânimo no clube e na sauna aonde relaxavam, até chegar no ápice da competição com muitas cores vibrantes e um belo fechamento na volta para mostrar a mudança, ou seja, a equipe de fotografia fez bem seu trabalho para realçar na medida.
O filme contou também com boas canções na trilha sonora, para dar ritmo e envolvimento, usando claro as diferentes oscilações para criar cada ambiente, e assim ajudar o desenvolvimento do longa, e claro que deixo aqui o link para vocês curtirem depois.
Enfim, é um filme gostoso de conferir, com um ar motivacional bem moldado principalmente no segundo ato, pois o primeiro chega a ser desesperador de tanta depressão ao contar os problemas de cada um, e que vale muito a conferida, principalmente para quem gosta de dramas esportivos (e aqui temos um esporte quase que desconhecido, então é bacana pela diferença total, embora o estilo seja o mesmo), e que passa rápido por ter bom ritmo, então fica a dica. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...