Certos filmes vemos os trailers e já sabemos mais ou menos se vai empolgar ou não, e lembro que quando vi o trailer de "Na Mira do Atirador" na época em que ia sair para os cinemas até empolguei com a ideia, mas falei que certamente seria uma trama meio que sem dinâmicas, afinal o jogo de gato e rato de dois snipers é algo que nem dá para ter muita emoção, porém ainda assim deu liga na história. Mas como acontece muitas vezes, a maioria dos longas não chega até os cinemas do interior, então agora vendo a trama na Amazon pude confirmar minha teoria, com o adendo de que alguns atos até acabaram sendo bem interessantes e intrigantes, afinal o bate papo pelo rádio deu um ritmo bacana para o filme, e o protagonista soube dominar seu ambiente para que tudo ficasse bem feito. Porém, não vou dar spoilers, mas o final é daqueles de se revoltar em nível máximo com tudo, e se você não conferiu então se prepare para tudo, pois não é algo facilmente imaginado.
A sinopse nos conta que em pleno campo de batalha, dois soldados americanos descobrem que estão na mira de um atirador iraquiano. Eles não sabem onde o inimigo se esconde, nem podem se comunicar um com o outro, já que o adversário está interceptando a conversa dos americanos via rádio comunicador. Exposto no campo de batalha ou atrás de uma pequena parede de pedra, eles terão de contornar suas poucas chances para encontrar uma maneira de sair vivos.
O diretor Doug Liman é daqueles que sabem bem conduzir um filme sem precisar de muitas atitudes, e também o inverso, pois sabe brincar com a tensão e criar dinâmicas mesmo onde nem é possível, e aqui com um elenco minúsculo, um cenário só, e uma ambientação precisa soube segurar a onda, trabalhou bem cada diálogo e envolvimento de personagem, e principalmente fez com que o protagonista se virasse incrivelmente com seu quase monólogo, rolando de um lado para o outro, pensando, agindo, fazendo contas e tudo mais, e isso sem cansar o espectador. Claro que uma das suas últimas atitudes foi lenta, pois qualquer um faria primeiro isso ao conseguir a bolsa, mas ele demorou uma tonelada para tentar, então foi enrolação mesmo (ou loucura né, afinal com um sol escaldante, ferido e quase levando um tiro, vai saber o que vem na cabeça!!), mas ainda assim o diretor trabalhou muito bem o roteiro, e criou muito em pouco, resultando em uma trama boa, pesada e intensa, que até poderia ter ido bem além para mostrar um pouco mais da vida do famoso Juba que assustou muitos militares americanos, mas não era essa a intenção, então o resultado funcionou bem do jeito que foi.
Sobre as atuações, basicamente temos um show de Aaron Taylor-Johnson, pois seu Isaac precisou de muito domínio e precisão para ficar quase que o longa inteiro sozinho apenas ouvindo uma voz, imaginando, rolando, sentindo a dor de um tiro, fazendo cálculos, pensando mais um pouco, e o ator trabalhou tão bem todos os sentimentos, todos os olhares, implantando o desespero e a loucura de guerra, e fez tudo de uma maneira imponente e coerente de vermos, ao ponto que não tem como não acreditar em tudo o que faz, ou seja, perfeito. John Cena fez um belo papel de morto com seu Matthews, ficando praticamente o longa inteiro deitado no chão, sem falar ou fazer quase nada, ao ponto de que poderiam ter colocado até um ator mais barato para o papel, mas optaram por ele para ganhar um pouco mais de público. E Laith Nakli nem precisou aparecer, apenas conversou bastante com o protagonista via rádio, e fez algumas interações e entonações bem interessantes na voz, agradando bastante pelo menos.
Visualmente o longa foi bem econômico, embora tenham necessitado de muitos bonecos mortos para compor o cenário, o ambiente é composto apenas de um muro, uma pilha de lixo, um trator abandonado, um contêiner, uma tubulação e algumas armas, além do figurino de guerra dos protagonistas, alguns rádios, e só, ou seja, tudo num único lugar, muito bem montado, mas sem grandes chamarizes, ou seja, a equipe de arte entregou quase uma planta teatral, e o ator que fizesse seu serviço ali, e nessa simplicidade tudo foi muito funcional e interessante, não precisando de mais nada.
Enfim, é um filme bem interessante, com uma proposta simples e funcional, no melhor estilo de jogo entre inimigos, que até poderiam ter ido além, contando um pouco mais das histórias dos personagens para não ficar só ali, mas foram bem coerentes no que desejavam mostrar, e o resultado final surpreende e dá raiva demais, então fica a dica de não irem com muitas expectativas, pois muitos vão reclamar de muita coisa na proposta e no resultado. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...