Pensa num filme maluco de ideias, mas que não seja complexo ao ponto de você não entender nada, pois bem, certamente não virão muitos nomes na sua mente, pois geralmente alguns longas insanos de teorias, que envolvam filósofos e pensadores clássicos, que brincam com possibilidades duplas e tudo mais, geralmente dão um nó tão grande que no final nem sabemos mais quem somos. Então a proposta do filme da Amazon, "O Quarto dos Desejos" foi bem além, brincou com algo digamos maravilhoso de poder desejar o que quiser, e ainda botou todo um mistério envolvendo a criação humana no meio, ou seja, uma insanidade se pararmos para pensar, porém o ponto de virada já no começo da trama conseguiu deixar tudo ainda mais maluco ao ponto de ficarmos pensando em formas e resoluções impossíveis de se imaginar, mas os roteiristas conseguiram ir além, e tudo vai tomando uma proporção tão complexa (mas que conseguimos entender felizmente!), que ao final o surto é gigantesco. Ou seja, é daqueles filmes que muitos até podem pular fora por estar classificado como terror, mas quem der chance pra ele certamente irá se surpreender muito com tudo, desde a proposta, passando pelo miolo bem maluco, até chegar no insano final.
A sinopse nos conta que enquanto se mudam para uma mansão isolada, um jovem casal apaixonado, Kate e Matt descobrem uma estranha sala secreta, cujo interior detém o poder de tornar tudo o que eles desejam uma realidade. Milhões de dólares, o original de Van Gogh e as roupas mais luxuosas - o que eles quiserem, materializa-se instantaneamente. Um dia, ela decide pedir ao quarto que lhes conceda o filho que não puderam ter. Mas a felicidade inicial com essa bênção terá consequências imprevistas. Como se costuma dizer: cuidado com o que deseja.
O diretor e roteirista Christian Volckman brincou muito com a mente do público, pois trabalhou com a ideia que sempre queremos mais, e ter um cômodo da casa no melhor estilo gênio da lâmpada, que praticamente fabrica tudo que desejarmos é algo surreal de bom, mas como a sinopse mesmo diz, é melhor ter cuidado com o que deseja, e a sacada da trama fica aí, pois o desenrolar de algo que não dá para controlar é a vida de uma pessoa, então desejar isso mexe com pontos subjetivos, entra em todo o problema da consciência humana, e até que ponto dá para ensinar algo. Ou seja, ele foi muito sagaz com uma história que se olharmos a fundo é simples, mas no meio de tudo já joga um Nietzche, já brinca com a ideia de criador e criatura, já amplifica os desejos, brinca com a confusão da mente e dos corpos, ou seja, ele faz algo explodir nossas cabeças, e o melhor, sem forçar nada, e com isso, mesmo que abusando de pontos que nem podemos colocar como pensamentos reais, o resultado acaba indo além e ficando muito bom para ser explorado, e também estudado, afinal esse é daquelas ficções que dá para brincar muito numa discussão mais profunda, o que não vou fazer aqui, mas quem quiser, fica a dica.
As atuações dos protagonistas foram bem colocadas, entregaram bem olhares de surpresas pelos diversos atos, tiveram emoções fortes em várias cenas, e principalmente se jogaram a fundo para mostrar crédulos de tudo o que estava acontecendo, ao ponto que fizeram com que o público os seguisse, e entendesse cada ato, ou seja, acertaram junto com o diretor para tudo na trama. Olga Kurylenko trabalhou bem sua Kate, dando nuances abertas de virtudes, e principalmente acertando com o estilo, trabalhando o olhar de uma mãe para com seu filho, defendendo situações e agradando bastante do começo ao fim com um fechamento até exemplar de expressões, ou seja, perfeita. É até engraçado ver as virtudes de Kevin Janssens, pois ele não é um ator chamativo, tem uma fisionomia comum que conhecemos diversos outros atores semelhantes, porém acabou se entregando tanto para seu Matt, que não vemos outro ator bem colocado ali naquele momento, teve feições fortes e nervosas, e nos atos que mais precisaram dele, ele foi imponente e certeiro, trabalhando diversas facetas e expressões tanto corporais quanto nos diálogos, acertando demais. John Flanders teve uma participação efetiva em duas cenas com seu John Doe (que é um homônimo para Desconhecido em inglês), e também acabou saindo muito bem no traquejo de maluco coerente, ao ponto de soar estranho em pensarmos dessa forma, mas agradou bastante. No caso do garoto Shane, tivemos ele em duas versões garotinho bem colocado com Joshua Wilson, muito bem trabalhado, expressivo, com muitas dúvidas e vontades, fazendo o tradicional garoto curioso que encaixa bem, e agradou bastante, porém no lado mais insano colocaram Francis Chapman como ele já jovem, e aí as vontades foram outras, e os olhares puxaram bem mais para algo envolvendo psicopatias, e outras doenças, ou seja, o rapaz foi bem também por conseguir passar trejeitos fortes, intensos e bem colocados.
Visualmente o longa tem tantos elementos cênicos nas cenas que começam a desejar de tudo o que se possa imaginar, como roupas, bebidas, quadros, dinheiro, e tudo mais que se pensar, que certamente fez a equipe de arte ficar maluca, e além disso uma casa com tantos fios, num visual incrível, com uma paisagem bem imponente, além claro das cenas imaginadas pelo garoto, então ai entrou em jogo algo a mais, além de brinquedos e muito mais. Ou seja, a trama foi simples de espaços, mas quando aberta a imaginação do diretor e da equipe de arte, o resultado foi muito além, tendo muitos elementos para explorar detalhes, para se discutir usos, e ir bem além também.
Enfim, é um longa que inicialmente não dei nada para ele, mas depois foi ficando tenso, o resultado foi se ampliando, e ao final já estava imerso em toda a ideia, apaixonando com cada detalhe. Claro que tem diversos furos de roteiro, daqueles que quem gostar de procurar erros, só vai achar problemas para tudo, então o que recomendo é esquecer esses detalhes e imergir na proposta toda, pois aí com certeza o resultado final será daqueles para se impressionar demais, e assim sendo recomendo ele totalmente. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
PS: Até pensei em dar um 9, mas como o diretor foi sacana de deixar uma leve ponta para um segundo filme, e não ir direto ao ponto no fechamento, resolvi ficar com 8 coelhos mesmo.
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